Em qualquer lugar onde estivermos,
apresentar-nos-ão problemas, dificuldades, afirmações, dúvidas etc.
Pergunta-se: o que fazer diante desses fatos? Crer porque a pessoa que nos
disse é uma autoridade no assunto? Aceitar porque não temos informações sobre a
questão? Nada fazer porque temos preguiça de pensar a respeito? Enfim, qual a
melhor atitude a tomar?
Diante de uma questão ou de um problema, entendemos
que a primeira atitude deve ser a de ouvir atentamente o que o interlocutor tem
a dizer. Posteriormente, lucubrar sobre o que foi dito, verificando o quanto
sabemos ou o quanto nos falta saber do assunto. Mais precisamente, exercitar o
raciocínio buscando argumentos sólidos. Significa tentar explicar, proceder a
uma análise, ou seja, enfrentar o problema na sua plenitude, até chegar a uma
maior compreensão do mesmo.
Inteirado dos argumentos e verificada a nossa
limitação em relação ao que foi proposto, proceder à pesquisa. Ir à
enciclopédia para saber a etimologia e o significado da palavra; ir ao
dicionário bilíngue, caso o termo seja estrangeiro; ir ao dicionário de
símbolos, quando a palavra assim o exigir. Tudo isso ajuda a termos uma visão
mais ampla da palavra e usarmos a linguagem que melhor se adapte ao significado
que queremos expressar. Partir do conhecido para o desconhecido solicita esse
procedimento científico. Nesse mister, lembremo-nos de que a maioria das
discussões começa pela não definição do termo que queremos comunicar.
Em se tratando de números, prestar atenção no que
foi enunciado, pois os números não mentem, mas os mentirosos os usam para
mentir. Em economia há erros crassos ao relacionarmos coisas distintas. Um
deles é comparar salário líquido com a renda do outro, em um país onde o
imposto de renda progressivo é enorme; outro, é comparar renda, que pode ser
consumida, com a riqueza, que representa um patrimônio físico de um país ou de
uma empresa, o que pode ou não se transformar em renda.
Os sofismas ou falácias do pensamento devem
ser lembrados. O que é um sofisma? É um raciocínio
falso que se apresenta com aparência de verdadeiro; argumento aparentemente
válido, mas, na realidade, não conclusivo, e que supõe má fé por parte de quem
o apresenta. Observe o exemplo: todo o homem é bom. Sócrates é homem. Logo,
Sócrates é bom. A premissa inicial teve como conclusão que Sócrates é bom, mas
quem nos garante que todo o homem é bom.
Pensar direito requer uma atitude socrática, ou
seja, "uma vida sem exame não merece ser vivida". Empenhemo-nos no
exercício de bem expressar o nosso discurso, seja ele de que natureza for.
Fonte de Consulta
FLEW, Antony. Pensar Direito (Ou, Será que
Eu Quero Sinceramente Estar Certo?). Tradução de João Paulo Monteiro.
São Paulo: Cultrix, Editora da Usp, 1979
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