O sentimento é a maneira como nós percebemos. É uma espécie de sexto
sentido, que engloba e dá direção aos outros cinco. É a resposta aos estímulos
do meio ambiente. É a reação mais direta à nossa percepção. O pensamento é
muito mais um modo indireto de enfrentarmos a realidade do que o sentimento.
Desta forma, o fato não é exatamente o que ele é, mas, sim, o reflexo dos olhos
que o observam.
O ódio e o amor, a dor e o prazer, a ansiedade e a
serenidade são, dentre muitos, alguns dos nossos mais corriqueiros sentimentos.
Como vemos, há sentimentos negativos e sentimentos positivos. A própria
sociedade é contraditória na ordenação dos nossos sentimentos: uma hora diz-nos
para confiarmos em nós mesmos, para irmos em frente, para fazermos o nosso
próprio destino; ao mesmo tempo, fala para nos conformarmos com a realidade das
coisas, para nos submetermos às circunstâncias.
Anotemos o significado de alguns tipos de
sentimento: 1) mágoa é sentimento de perda de alguma coisa. Quanto mais
importante a perda, mais profunda a mágoa; 2) ansiedade é o medo de
ser magoado ou de perder alguma coisa. Quer o medo seja real ou imaginário,
a sensação é a mesma; 3) raiva é o sentimento de ser irritado,
ofendido, posto de lado, molestado, importunado; 4) culpa é sentimento de ser
indigno, mau, ruim, cheio de remorsos, auto censurável, detestando-se a si
mesmo; 5) depressão é o sentimento de estar "esquisito", infeliz,
melancólico, "na fossa".
Para uma vivência plena, os sentimentos devem ser
conscientizados, sem a ideia de defesa, de esquivamento, de sonegação. Para
isso, forçoso nos é tornarmo-nos uma pessoa franca e aberta, expressando-nos
tais quais somos sem subterfúgios de espécie alguma. Nesse sentido, todo o
assunto, todo o fato é passível de discussão, de análise: tanto a dor quanto o
prazer devem ser tratados de modo semelhante. Se assim fizermos, vamos nos
distanciando do nosso egocentrismo e aproximando-nos do cristocentrismo.
A transcendência do espírito fundamenta-se na
sensibilidade ao novo. O passado, o presente e o futuro fazem parte do nosso
consciente. Do passado recebemos a memória de nossas boas e más ações. Do
futuro recebemos a intuição sobre o medo do "inferno" e a felicidade
plena no "céu". Acontece que o único tempo real é o presente. Desta
forma, convém não nos chafurdarmos no passado delituoso, nem vivermos com o
pensamento voltado para as beatitudes do paraíso.
Respondamos total e globalmente a cada estímulo
recebido. Não deixemos que a mágoa, a raiva e o ressentimento consumam as
nossas forças criativas. Vivamos o momento presente com total independência de
espírito, e esperemos os acontecimentos da vida.
Fonte de Consulta
VISCOTT, DAVID STEVEN. A Linguagem dos
Sentimentos. Tradução de Luiz Roberto S. S. Malta. São Paulo: Summus, 1982.
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