Neste exato momento estou digitando este texto. Por
que não estou fazendo outra coisa? Por que não estou assistindo à TV? Por que
não estou ouvindo rádio? Por que não estou viajando pelo mundo? Porque esta
escolha é o melhor uso que estou fazendo do meu tempo disponível. A resposta,
"não tenho tempo", mostra que não queremos alocar o nosso tempo para
as atividades que não estão em nosso projeto de vida. O inverso também é
verdadeiro: "sempre temos tempo para aquilo que consideramos essencial em
nossa vida".
A vida é o hic et nunc (aqui e
agora). O hoje é o resultado do ontem. A situação em que cada um de nós se
encontra na vida é o resultado das escolhas feitas no passado. Estamos, assim,
no devido lugar e, com certeza, não saberíamos escolher outro melhor. Que outra
coisa eu poderia fazer se não estivesse fazendo o que eu estou fazendo neste
exato momento? Lembremo-nos de que somos únicos. Por isso, convém sempre pugnar
por fazer aquilo que o nosso coração nos pede e não aquilo que os outros achem
que devemos fazer.
A expectativa dos outros é uma forma de preconceito. Por que? Porque eles formam uma imagem de nossa
pessoa e acabam exigindo que atendamos a essa representação. Suponha que
adquiramos a glória de ser caridoso. Basta negarmos um único pedido, para que
os outros passem a nos cobrar por tal atitude. Ficamos imensamente chateados
com isso. Convém, diante dessa situação, distinguirmos o que é sugestão alheia
e o que é recurso próprio do nosso sentimento. Rigorosamente falando, não precisamos
dar satisfação a ninguém a não ser à nossa própria consciência.
Lamentar-se não resolve. O tempo que perdemos
lamentando-nos da vida poderia ser mais bem aproveitado na ação de resolver o
problema que nos aflige. Agir em vez de lamentar-se! Só que não é tão fácil,
pois exige mudança de nossas atitudes, de buscar o desconhecido, o que gera
medo e incerteza. Este talvez seja o grande empecilho para o progresso em nossa
vida. Queremos o êxito, mas não queremos pagar o preço que tal procedimento exige.
É por isso que, muitas vezes, preferimos a resignação e a ocupação do último
lugar na escala social.
Quando incompreendidos por nós mesmos e pelos
outros, verifiquemos o estado de nossa consciência. A pureza de consciência
sempre nos propicia a paz e o equilíbrio em qualquer circunstância, mesmo na
mais borrascosa. Daí surgir o paradoxo: estar atolado nas dificuldades
e, ao mesmo tempo, ter a impressão que não há problema algum. Para reforçar
o equilíbrio mental, convém nos lembrarmos de que todo o bem que fizermos ao
nosso próximo ficará gravado no éter e, mais cedo ou mais tarde, nesta ou em
outra encarnação, receberemos o retorno dessas ações.
Compenetremo-nos de que lamentar nada resolve. É
imperioso agir. Contudo, a ação não deve ser movida pela força, nem pela
violência, mas pelo amor-doação, pois "não existe melhor vitória do que
aquela em que o adversário se considera vencido".
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