A ideologia significa
ciência da formação das ideias. Em filosofia, o conceito tem origem
na crise do idealismo hegeliano, em que Karl Marx surge como o seu principal
opositor. Dizia: "Não se explica a práxis, partindo das ideias; ao
contrário, explicam-se as ideias partindo da práxis (material). De acordo com
Marx, portanto, todos os produtos da consciência são "refutados" e
"superados" não com outros produtos da consciência, mas com a
inversão das relações sociais.
A palavra ideologia nos
remete à da classe dominante. A classe dominante formula ideias e
conceitos como sendo universais. Karl Marx, por exemplo, desenvolveu toda a sua
teoria no pressuposto de que eram a produção e a economia os fatores
determinantes de todas as ideias, inclusive as da religião e da filosofia. O
que ele fez foi inverter o processo de conhecimento. Ele caiu no mesmo pecado
das ideias abstratas dos filósofos idealistas que o precederam, em especial o
próprio Hegel.
O ideologismo exagerado tem como meta o
desvirtuamento da verdade. George Orwell, com o seu livro 1984, já
nos alertava para a gigantografia, em que o Estado dominaria por completo o
indivíduo. Era uma crítica ao comunismo stalinista. Para ele, que escrevera em
1948, quando o mundo chegasse em 1984, os cidadãos tornar-se-iam verdadeiros
escravos do sistema, dispostos às mais abomináveis traições para servir o
Estado. "Mera larva de homens, que vive uma vida desprovida de qualquer
sentido". A verdade, de acordo com essa ideologia, não é o que é, mas o
que parece ser.
As ideologias têm uma expectativa de
vida muito superior à dos seres humanos. Elas são possuidoras de uma ideia-força
paradigmática, que acabam convencendo até a mente de renomados cientistas.
Lênin dizia: "Os fatos são obstinados. As ideias são ainda mais
obstinadas, e os fatos são esmagados por elas com mais frequência do que as ideias
esmagadas pelos fatos". O que conta para a ideologia não é o que é
verdadeiro, mas aquilo que acaba sendo apresentado como verdadeiro.
Jesus, porém, coloca-nos uma frase
emblemática: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará".
Pergunta-se: Como nos libertarmos da mentira e do erro da ideologia vigente, do
pragmatismo e da ascendência da ciência sobre a metafísica? Refletindo sobre a
totalidade do ser e o sentido da vida do ser humano sobre a Terra. Cada um de
nós tem uma percepção particular da lei natural, uma espécie de sexto sentido
que nos faz desviar do mal. Só se chafurdam no erro e na mentira, aqueles que
se descuidam do "orar e vigiar".
Despojemo-nos das ideias preconcebidas.
Não nos prendamos a qualquer tipo de sistema. Fiquemos com um pé atrás do que a
mídia quer nos vender. Agindo assim, estaremos livres dos laços que nos prendem
ao erro.
Fonte de Consulta
REALE, Giovanni. O Saber dos
Antigos: Terapia para os Dias Atuais. Tradução de Silvana Cobucci Leite.
São Paulo: Loyola, 1999.
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