02 julho 2008

Renovação Mental

Somos o resultado de todas as nossas ações do passado. Alguns psicólogos identificam este resultado como sendo o inconsciente; outros falam de um inconsciente coletivo. As religiões dogmáticas classificam-no como pecado original. Concomitantemente, a cada dia que passa vamos acrescentando experiência ao nosso passivo espiritual. Assim, a mente atual nada mais é do que a soma de tudo o que fizemos ao longo de todo esse tempo. Pergunta-se: é possível uma transformação radical da mente, mesmo estando presa aos paradigmas do passado?

O inconsciente é o nome que damos à soma das experiências. Porém, a inconsciência não existe, mas sim a consciência. Por quê? Porque tudo está na consciência, embora tenhamos percepção limitada da mesma. De acordo com a Doutrina Espírita, poder-se-ia dizer que o nosso cérebro físico, sendo limitado ao corpo físico, não é capaz de absorver todas as informações registradas em nosso cérebro espiritual. Há muitas informações que ficam apenas no corpo espiritual.

A renovação mental exige experiência. Observe que precisamos de ação para dar respaldo àquilo julgamos ser. A salvação da alma, para muitas religiões, está atrelada ao bem que se faz ao próximo. Contudo, se fizermos o bem com o intuito de receber uma recompensa, a salvação já estará comprometida. A virtude, por exemplo, não conta com nenhuma autoridade. Krishnamurti diz: "A mente que segue uma fórmula, disciplinando-se para alcançar a virtude, cria para si própria os problemas de imoralidade".

Como surgem os problemas? Por que eles perduram ao longo do tempo? Problema pode ser definido como um desafio não resolvido. Por isso, tudo o que nos chegar deve imediatamente ser resolvido, para que deixe livre o nosso estado mental. A mente aberta é aquela que dá uma resposta imediata ao que lhe foi solicitado. O hábito de adiar os nossos compromissos cria para nós um desânimo mental que pode ser nefasto para o resto de nossa existência.

O apego ao passado dificulta sobremaneira a nossa renovação mental. Estamos ainda excessivamente presos às tradições, à autoridade e às crenças religiosas. Para nos libertar do passado, temos que nos libertar dos paradigmas que o construíram. Muitos dizem que dever haver um choque externo, pois olhando as coisas com os mesmos olhos, não saímos do lugar, ou seja, voltamos a ponto de partida. Nesse sentido, a virtude não deve ser cultivada, mas fazer parte do próprio ser.

Estejamos abertos aos apelos do alto. Reflitamos sobre tudo o que se nos apresenta. Nada de preguiça, quando o assunto é a nossa renovação espiritual.

Fonte de Consulta

KRISHNAMURTI, Jidu. A Importância da Transformação. Tradução de Hugo Veloso. São Paulo: Cultrix, 1972.

 

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