Somos o resultado de todas as nossas ações do
passado. Alguns psicólogos identificam este resultado como sendo o
inconsciente; outros falam de um inconsciente coletivo. As religiões dogmáticas
classificam-no como pecado original. Concomitantemente, a cada dia que passa
vamos acrescentando experiência ao nosso passivo espiritual. Assim, a mente
atual nada mais é do que a soma de tudo o que fizemos ao longo de todo esse
tempo. Pergunta-se: é possível uma transformação radical da mente, mesmo
estando presa aos paradigmas do passado?
O inconsciente é o nome que damos à soma das
experiências. Porém, a inconsciência não existe, mas sim a consciência. Por
quê? Porque tudo está na consciência, embora tenhamos percepção limitada da
mesma. De acordo com a Doutrina Espírita, poder-se-ia dizer que o nosso cérebro
físico, sendo limitado ao corpo físico, não é capaz de absorver todas as
informações registradas em nosso cérebro espiritual. Há muitas informações que
ficam apenas no corpo espiritual.
A renovação mental exige experiência. Observe que
precisamos de ação para dar respaldo àquilo julgamos ser. A salvação da alma,
para muitas religiões, está atrelada ao bem que se faz ao próximo. Contudo, se
fizermos o bem com o intuito de receber uma recompensa, a salvação já estará
comprometida. A virtude, por exemplo, não conta com nenhuma autoridade.
Krishnamurti diz: "A mente que segue uma fórmula, disciplinando-se para
alcançar a virtude, cria para si própria os problemas de imoralidade".
Como surgem os problemas? Por que eles perduram ao
longo do tempo? Problema pode ser definido como um desafio não resolvido. Por
isso, tudo o que nos chegar deve imediatamente ser resolvido, para que deixe
livre o nosso estado mental. A mente aberta é aquela que dá uma resposta
imediata ao que lhe foi solicitado. O hábito de adiar os nossos compromissos
cria para nós um desânimo mental que pode ser nefasto para o resto de nossa
existência.
O apego ao passado dificulta sobremaneira a nossa
renovação mental. Estamos ainda excessivamente presos às tradições, à
autoridade e às crenças religiosas. Para nos libertar do passado, temos que nos
libertar dos paradigmas que o construíram. Muitos dizem que dever haver um
choque externo, pois olhando as coisas com os mesmos olhos, não saímos do
lugar, ou seja, voltamos a ponto de partida. Nesse sentido, a virtude não deve
ser cultivada, mas fazer parte do próprio ser.
Estejamos abertos aos apelos do alto. Reflitamos
sobre tudo o que se nos apresenta. Nada de preguiça, quando o assunto é a nossa
renovação espiritual.
Fonte de Consulta
KRISHNAMURTI, Jidu. A Importância da Transformação. Tradução de Hugo Veloso. São Paulo: Cultrix,
1972.
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