04 maio 2018

Fim da História?

"Marx acredita que a evolução das sociedades humanas não era ilimitada." (Francis Fukuyama)

O que é a história? Ela acabará? Qual o significado do termo "fim da história"? A história é um ramo do conhecimento que registra e explica os fatos passados. Ela dá às pessoas a oportunidade de vivenciar, não diretamente, eventos já esquecidos. John F. Kennedy, presidente americano (1961-1963), dizia que a história não tem presente, apenas o passado correndo para o futuro. Antes da invenção da escrita, a história era oral. Em termos históricos, Heródoto (484-435 a.C.) é apontado como o primeiro ser humano a criar uma obra histórica (as Histórias).

O termo "fim da história" refere-se a uma proposição da filosofia política, segundo a qual a humanidade já teria atingido o máximo de seu desenvolvimento econômico e social. Essa apoteose se deu em função da democracia liberal ocidental.

O termo "fim da história" foi cunhado, em 1989, por Francis Fukuyama, economista e cientista. Marx e Hegel há haviam especulado sobre o fim da História. Marx achava que a história terminaria  no comunismo; Hegel, que a história terminaria num Estado Liberal. A teoria ganhou nova vida quando Fukuyama, em 1989, expôs a sua teoria num artigo intitulado "Fim da História?".

Os acontecimentos continuarão a ocorrer. Mas a evolução substancial terminará quando todos os governos convergirem para a democracia liberal ocidental. Essa teoria teve implicações importantes e controversas, principalmente no tocante ao comunismo. Jacques Derrida (1930-2004), filósofo francês, comparou a teoria a um "Novo Evangelho" reforçando a escatologia cristã. Perry Anderson (n. 1938), historiador britânico, por sua vez, afirma que as democracias liberais ocidentais ainda estão repletas de pobreza, sofrimento e injustiça.

Lembremo-nos de que a história é uma recuperação do ocorrido. Esses resgates estão fadados a ser parcial quando projetado do ponto de vista contemporâneo. Acrescentemos também que cada geração concebe seus precursores de uma nova perspectiva.

Fonte de Consulta

ARP, Robert (Editor). 1001 Ideias que Mudaram a Nossa Forma de Pensar. Tradução Andre Fiker, Ivo Korytowski, Bruno Alexander, Paulo Polzonoff Jr e Pedro Jorgensen. Rio de Janeiro: Sextante, 2014.

 


02 maio 2018

Verdades Eternas

Há, pelo menos, cinco conceitos fundamentais de verdade: 1) a verdade como correspondência, 2)  a verdade como revelação, 3) a verdade como conformidade de uma regra, 4) a verdade como coerência, 5) a verdade como utilidade. A verdade como correspondência enseja-nos uma reflexão sobre o aspecto epistemológico e o moral. Em termos epistemológicos, a verdade é a adequação entre a inteligência e a coisa, e se opõe ao erro. Em termos morais, a verdade é a adequação entre a inteligência e sua expressão manifestativa e, nesse sentido, se opõe à mentira.

A noção de "verdades eternas" pode ser remontada a Platão. Há elementos afins e distintos: "noções comuns", "ideias inatas", "axiomas", "fatos primitivos", "princípios evidentes" etc. Todos esses elementos têm algo em comum: há uma série de proposições, princípios que são inabaláveis, universais. As "verdades primeiras", por exemplo, são enunciados considerados evidentes e indemonstráveis. Exemplo: "O todo é maior que suas partes".

Comte-Sponville, em seu Dicionário de Filosofia, argumenta que todas as verdades são eternas, porque a verdade de hoje tem que ser a verdade de amanhã, pois se assim não for deixaria de ser verdade hoje. Cita o seguinte exemplo: Há três árvores no campo. Esta afirmação será verdadeira daqui a dez mil anos, muito embora as árvores já não estejam no campo e o campo possa nem mais existir.

Na filosofia escolástica, "verdades eternas" são os princípios que constituem as leis absolutas dos seres, emanadas da vontade divina e que o homem pode descobrir pelo pensamento. Observe que a expressão latina veritates aeternae evidencia a verdade que é garantida pela Verdade, ou pela fonte de toda a verdade, isto é, Deus.

Nietzsche declara que as verdades eternas (universais) não existem. Para ele, as palavras que denotam os conceitos não fornecem descrições definidas, mas metafóricas (arbitrárias). Um cachorro é um cachorro em virtude da palavra metafórica cachorro que atribuímos ao conceito do animal.

Fonte de Consulta

Dicionários e Enciclopédias



01 maio 2018

Hegel e Marx

"O que é comunismo? É o seguinte: se você comeu o suficiente para matar a fome e ainda assim sobra comida  ela pertence a outro homem." (A. R. Murugados)

As primeiras obras de Karl Marx (1818-1883), autor de O Capital (1867), receberam forte influência de Hegel, ou mais precisamente, de sua dialética. A dialética de Hegel analisa a luta dos opostos que, nas sínteses sucessivas, proporciona a evolução dos povos, das pessoas e de tudo o mais.

O grande marco de Marx assenta-se na sua teoria dos "meios de produção". Mas, o que se entende por "meios de produção"? Os meios de produção dizem respeito à matéria-prima, às máquinas, às instalações agrícolas, à organização da força de trabalho etc. É a explicação de como as sociedades satisfazem as necessidades da população. No capitalismo, por exemplo, os "meios de produção" são propriedade privada de uma pequena elite.

Vejamos como Marx entende esse problema à luz da história. Para ele, as sociedades progrediram em virtude da luta de classes: primeiramente, o escravo se rebelou contra o seu senhor; depois, o vassalo se insurgiu contra o senhor feudal. Na época do capitalismo, o proletariado se rebelará contra a burguesia, pois o trabalhador se tornou alienado, e perdeu o seu senso de identidade. A solução será a implantação do comunismo.

Marx, Hegel e a história. Para Hegel, a história está sujeita ao processo dialético, pois em cada etapa do desenvolvimento haverá contradições e oposições de ideias, levando a humanidade ao progresso. Para Marx, a dialética histórica aproxima-se do materialismo e não do idealismo proposto por Hegel. Para Marx, há necessidade da luta de classes; para Hegel, poder-se-ia falar de classes de luta.

As ideias perduram no tempo. Cabe-nos analisá-las e refletirmos sobre o seu alcance buscando sempre a verdade que se encontra por detrás dos fatos.