O francês Jean Paul Sartre (1905-1980)
foi um dos filósofos mais populares do século XX. Torna-se célebre depois de
1944, data em que passa a se consagrar por inteiro à sua obra. Líder do
existencialismo na França. Recebeu influência da fenomenologia. Tinha afinidade
pelas ideias marxistas e pelo ativismo político. Romancista, dramaturgo,
crítico literário e filósofo. Em 1964, conquista o prêmio Nobel, mas recusa-o.
As suas obras principais são: A
Imaginação (1936); A Transcendência do Ego (1938); Esboço
de uma Teoria das Emoções (1939); O Imaginário (1940); O
Ser e o Nada (1943); O Existencialismo é um Humanismo (1945); Reflexões
sobre Questão Judaica (1946); Crítica da Razão Dialética (1960);
vários volumes das Situações, entre os quais O Que É
Literatura?
Além do “inferno são os outros” e da
“náusea”, o fio condutor da sua filosofia é que o homem está condenado à
liberdade. Esta afirmação torna-se um paradoxo, ou seja, se o indivíduo está
condenado a ter liberdade, ele está preso a ela. Para Sartre, a liberdade está
na decisão, na escolha. Todos têm que tomar decisões ao longo do seu dia e da
sua vida. E mesmo que não tomem decisão alguma, isso também é decisão. Alguém
nos faz uma proposta: se a aceitarmos, tomamos uma decisão; se não a
aceitarmos, também.
O tema subjetividade ou sujeito
concreto está presente em sua filosofia. Para Sartre, o sujeito
concreto é o sujeito do dia-a-dia, aquele que está no trabalho, no bar, no lar,
na escola. Separa, assim, o sujeito abstrato do sujeito concreto, ou seja, o
sujeito conceito do sujeito real, palpável. Desta forma, quando dizemos:
"isto é uma árvore", não estamos nos referindo ao conceito árvore,
mas a uma árvore específica, aquela que se apresenta diante dos nossos olhos.
Deduz-se que o sujeito sartreano está sempre envolto numa experiência.
O sujeito concreto é o ser-no-mundo.
O mundo concreto não é o "universo", o "planeta", "o
cosmos". O ser-no-mundo é a consciência do sujeito projetando-se para
diante de si no mundo, para os seus afazeres. É o sujeito que tem um corpo e
busca os fins últimos de sua existência. É o sujeito ativo. Não é o sujeito
conceito, o sujeito forma, o sujeito abstrato. Pode-se dizer que é o sujeito
efetivo. Tudo isso só pode ser realizado dentro de uma experiência, própria de
cada sujeito.
A existência
precede a essência é uma frase muito comentada em sua filosofia. Com
essa afirmação, quer nos fazer crer que o sujeito não é um modelo criado por
Deus ou por qualquer outra entidade. Esse sujeito nasce como se fosse uma folha
em branco, uma tabula rasa. Conforme vai vivendo, vai
experimentando, vai também preenchendo essa tábua, ou seja, vai construindo a
sua essência. Tese eminentemente materialista, em que pressupõe nada existir
antes e nada existir depois que o corpo se for para a tumba. Para Sartre, o
homem só vive o momento presente: ele não tem nem passado e nem futuro.
O que o sujeito efetivamente percebe?
Lembremo-nos de que o sujeito, para Sartre, é aquele que experimenta o aqui e
agora. Em outros termos, ele vive de acordo com a sua percepção, a
sua subjetividade. A percepção tem, para Sartre, um sentido mais
largo do que o simples ato de observar uma cena. Um exemplo: há uma mesa à
nossa frente. Nossa visão capta apenas parte dela. Isso não atrapalha a teoria
de Sartre, pois, segundo ele, o indivíduo tem capacidade de ultrapassar os
aspectos presentemente dados. O sujeito capta não só a forma, mas o fundo
também.
O existencialismo sartreano chama-nos à
atenção para a liberdade do sujeito concreto. A escolha é um imperativo desse
sujeito, pois mesmo não escolhendo ele já fez a sua escolha, ou seja, a de não
escolher.
Fonte de Consulta
MOUTINHO, Luiz Damon. Sarte:
A Liberdade sem Descupas. In. FIGUEIREDO, Vinicius de. Seis Filósofos
em Sala de Aula. São Paulo: Berlendis e Vertecchia, 2006
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