02 julho 2008

O Existencialismo Sartreano

O francês Jean Paul Sartre (1905-1980) foi um dos filósofos mais populares do século XX. Torna-se célebre depois de 1944, data em que passa a se consagrar por inteiro à sua obra. Líder do existencialismo na França. Recebeu influência da fenomenologia. Tinha afinidade pelas ideias marxistas e pelo ativismo político. Romancista, dramaturgo, crítico literário e filósofo. Em 1964, conquista o prêmio Nobel, mas recusa-o.

As suas obras principais são: A Imaginação (1936); A Transcendência do Ego (1938); Esboço de uma Teoria das Emoções (1939); O Imaginário (1940); O Ser e o Nada (1943); O Existencialismo é um Humanismo (1945); Reflexões sobre Questão Judaica (1946); Crítica da Razão Dialética (1960); vários volumes das Situações, entre os quais O Que É Literatura?

Além do “inferno são os outros” e da “náusea”, o fio condutor da sua filosofia é que o homem está condenado à liberdade. Esta afirmação torna-se um paradoxo, ou seja, se o indivíduo está condenado a ter liberdade, ele está preso a ela. Para Sartre, a liberdade está na decisão, na escolha. Todos têm que tomar decisões ao longo do seu dia e da sua vida. E mesmo que não tomem decisão alguma, isso também é decisão. Alguém nos faz uma proposta: se a aceitarmos, tomamos uma decisão; se não a aceitarmos, também.

O tema subjetividade ou sujeito concreto está presente em sua filosofia. Para Sartre, o sujeito concreto é o sujeito do dia-a-dia, aquele que está no trabalho, no bar, no lar, na escola. Separa, assim, o sujeito abstrato do sujeito concreto, ou seja, o sujeito conceito do sujeito real, palpável. Desta forma, quando dizemos: "isto é uma árvore", não estamos nos referindo ao conceito árvore, mas a uma árvore específica, aquela que se apresenta diante dos nossos olhos. Deduz-se que o sujeito sartreano está sempre envolto numa experiência.

O sujeito concreto é o ser-no-mundo. O mundo concreto não é o "universo", o "planeta", "o cosmos". O ser-no-mundo é a consciência do sujeito projetando-se para diante de si no mundo, para os seus afazeres. É o sujeito que tem um corpo e busca os fins últimos de sua existência. É o sujeito ativo. Não é o sujeito conceito, o sujeito forma, o sujeito abstrato. Pode-se dizer que é o sujeito efetivo. Tudo isso só pode ser realizado dentro de uma experiência, própria de cada sujeito.

A existência precede a essência é uma frase muito comentada em sua filosofia. Com essa afirmação, quer nos fazer crer que o sujeito não é um modelo criado por Deus ou por qualquer outra entidade. Esse sujeito nasce como se fosse uma folha em branco, uma tabula rasa. Conforme vai vivendo, vai experimentando, vai também preenchendo essa tábua, ou seja, vai construindo a sua essência. Tese eminentemente materialista, em que pressupõe nada existir antes e nada existir depois que o corpo se for para a tumba. Para Sartre, o homem só vive o momento presente: ele não tem nem passado e nem futuro.

O que o sujeito efetivamente percebe? Lembremo-nos de que o sujeito, para Sartre, é aquele que experimenta o aqui e agora. Em outros termos, ele vive de acordo com a sua percepção, a sua subjetividade. A percepção tem, para Sartre, um sentido mais largo do que o simples ato de observar uma cena. Um exemplo: há uma mesa à nossa frente. Nossa visão capta apenas parte dela. Isso não atrapalha a teoria de Sartre, pois, segundo ele, o indivíduo tem capacidade de ultrapassar os aspectos presentemente dados. O sujeito capta não só a forma, mas o fundo também.

O existencialismo sartreano chama-nos à atenção para a liberdade do sujeito concreto. A escolha é um imperativo desse sujeito, pois mesmo não escolhendo ele já fez a sua escolha, ou seja, a de não escolher.

Fonte de Consulta

MOUTINHO, Luiz Damon. Sarte: A Liberdade sem Descupas. In. FIGUEIREDO, Vinicius de. Seis Filósofos em Sala de Aula. São Paulo: Berlendis e Vertecchia, 2006

 


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