"Quem sou eu?" Uma reflexão sobre essa questão mostra-nos a
dificuldade que temos de conhecer a nós mesmos. Biologicamente, somos iguais a
nós mesmos somente a cada vinte e quatro horas. É que o nosso metabolismo
altera-se ao longo do dia. A temperatura, por exemplo, sobe durante o dia,
atinge o seu valor máximo no fim da tarde e baixa a partir da noite, para
atingir um valor mínimo no meio da noite. Tudo em nós é diferente dependendo da
hora da medição. A urina colhida de manhã é diferente daquela colhida à noite
bem como a memória matinal é distinta da memória noturna.
A vivência no planeta Terra realiza-se,
dialeticamente, opondo-se dia e noite. Para que o Espírito adaptasse à mudança
do dia para a noite, houve necessidade de muni-lo de um relógio biológico. Este
relógio não só consegue pôr-nos a dormir à noite, fazer que sonhemos e
acordemos espontaneamente de manhã, mas também é responsável pela alteração
periódica diária de praticamente todas as funções que podemos observar no
organismo. Por mais que adiemos nossa ida à cama, chega um momento em que somos
vencidos pelo sono e temos de nos render.
A memória marca a
duração do tempo em nossa vida. Sem ela teríamos dificuldade de nos
reconhecermos. O fato de nos levantarmos e logo tomarmos consciência de nossa
existência é porque foi acionado o conteúdo de nossa memória. Observe, por
exemplo, as pessoas que perderam a memória. Elas não conseguem identificar-se
consigo mesmas. Faltando-lhes o ponto de referência, ou seja, a memória ficam
perdidas.
A admissão de um inconsciente
que penetra constantemente na consciência pode ser correta ou falsa.
Para Freud, o inconsciente pode tornar-se consciente, desde que não haja
recalques. Quando um estado de coisas não se pode tornar consciente, quando
pois permanecem inacessível à consciência, então não existe qualquer possibilidade
de examinar a sua influência na consciência. No fundo temos de escolher, ou
seja, aderir ou não à questão da existência do inconsciente.
Como podemos entender a relação entre
presente, passado e futuro? O passado é o pós-consciente, isto é, aquilo que já
passou pelo consciente. O futuro é o pré-consciente, ou seja, aquilo que pode
tornar-se consciente. O presente é o agora, isto é, o conteúdo do consciente,
que sintetiza o co-consciente, o para-consciente, o
inconsciente, o subconsciente e o extraconsciente. O ser é hoje o resultado de
todo o complexo representado pelo presente, passado e futuro.
Em nosso psiquismo existem mistérios
ainda insondáveis. Aceitemos, pois, as injunções do inconsciente, porque aí
encontra-se um manancial de verdades a serem desvendadas pelo nosso Espírito
imortal.
Fonte de Consulta
PÖPPEL, E. Fronteiras da
Consciência: a Realidade e a Experiência do Mundo. São Paulo, Edições 70,
1989.
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