30 julho 2014

Ler: Sobrevoar e Diagonalizar

A leitura é essencial para a nossa formação, seja profissional seja filosófica. Mas será que sabemos realmente ler? Quais são os tipos de leitura? Como tornar mais proveitoso o nosso contato com os livros? Em se tratando da leitura filosófica, recordemos que ela consiste em aprender a pensar. Há necessidade de nos familiarizarmos com o texto, no sentido de aprofundá-lo mediante os exercícios de reflexão. 

Ao lado da "leitura-evasão" e da "leitura-cultura", temos a "leitura-exercício". Enquanto as duas primeiras abrem caminho para o imaginário, o deslocamento do real, esta é dinâmica e não passiva. Nesse caso, ela é indissociável da anotação. Por isso, a sugestão de ler com papel e lápis na mão. Para que haja produtividade, o leitor deve praticar o sobrevoo e a diagonalização. 

Diagonalizar é ler rapidamente tentando captar as informações essenciais ao nosso interesse. A diagonalização nada mais é do que a "seleção". Para quem não tem um objetivo, qualquer caminho serve. Aqui, o sobrevoo é útil para que possamos demarcar o terreno, que mais tarde será percorrido por uma leitura mais atenta

Para que a diagonalização seja eficaz, há necessidade de um método. Comecemos lendo imediatamente a introdução ou o prefácio. Muitas vezes, é aí que o autor condensa a sua ideia principal. Depois, procedamos a um exame minucioso do sumário, pois, quando bem feito, realça a estrutura de toda a obra. O índice analítico também é útil. Nele encontramos as principais palavras-chaves da obra.

Somente depois de todo esse processo é que podemos ir aos capítulos, no sentido de estudar aquele que mais atende ao nosso interesse. Para bem compreender, devemos bem selecionar. Aquilo que não serve, deve ser cortado, sob pena de atrapalhar a nossa estrutura mental e espiritual. 

A síntese da obra é a última etapa. Nela, podemos anotar algumas palavras-chaves, as quais nos darão o rumo completo da referida obra.  

Fonte de Consulta

RUSS, Jacqueline. Os Métodos da Filosofia. Tradução de Gentil Avelino Titton. Petropólis, R.J.: Vozes, 2010. 

 

 

28 julho 2014

Drogas

A palavra "droga" refere-se a uma substância química tomada de forma deliberada para obter efeitos desejados. Algumas drogas são usadas do ponto de vista médico para tratar doenças, enquanto outras são tomadas devido a seus efeitos prazerosos.

Drogas são substâncias químicas: uma série de átomos ligados para formar uma molécula. Qualquer que seja a via da administração usada, a molécula da droga deve acabar no corrente sanguínea.

As drogas como medicamento. Observe os diuréticos, que estimulam a produção de urina nos rins. Ao remover um pouco a água contida no sangue, a droga reduz o volume de sangue em circulação e consequentemente diminui a pressão sanguínea.

Menos da metade do colesterol presente no sangue se origina da dieta; o restante é sintetizado no organismo principalmente no fígado. As drogas redutoras do colesterol, chamadas estatinas, bloqueiam essa síntese agindo sobre uma enzima-chave - a HMG-CoA redutase. As estatinas surgiram como uma forma de prevenção da doença, em vez de tratar sintomas existentes. Elas não baixam a pressão sanguínea nem tratam a insuficiência cardíaca — mas impedem um maior acúmulo de depósitos de colesterol nas artérias e podem até levar a uma regressão dos depósitos já existentes.

O consumo total anual de drogas medicinais no mundo inteiro é de cerca de 250 bilhões de dólares, mas o consumo de drogas recreativas é pelo menos dez vezes maior. Pessoas tanto de países ricos quanto pobres parecem ter um desejo de alterar seu estado de consciência. O problema é que a droga recreativa pode levar ao abuso. Consequentemente, à dependência. Na convenção moderna, o termo "dependência" costuma ser usado em detrimento de "vício". Os sintomas da dependência podem incluir tolerância (a necessidade de usar doses cada vez maiores da substância para atingir o efeito desejado) e dependência física (um estado físico alterado induzido pela substância, que produz sintomas físicos de abstinência como náuseas, vômito, convulsões e dor de cabeça quando o uso da substância é interrompido); mas nenhum deles é essencial ou suficiente para o diagnóstico da dependência química. A dependência pode ser definida em alguns casos unicamente como psicológica. Isso diverge das primeiras reflexões sobre esses conceitos, que tendiam a igualar vício a dependência física. 

O usuário dependente de drogas pode continuar a usar quantidades excessivas delas, mesmo sendo claramente prejudicial a seu emprego, saúde e família. Felizmente, nem todos que usam uma droga recreativa tornam-se dependentes dela. É possível que haja pessoas com uma personalidade dependente, mas suscetíveis do que as demais. As drogas apresentam riscos diferentes de dependência - desde o alto risco, como é o caso da cocaína, da heroína e da nicotina, até um risco mais baixo, o caso do álcool, do cânhamo e da anfetaminas. As mudanças que ocorrem no cérebro durante o desenvolvimento da dependência de drogas ainda são um mistério. 

Trechos copiados do livro Drogas, de Leslie L. Iversen. Tradução de Flávia Souto Maior. Porto Alegre, RS: L&PM, 2012.