31 agosto 2011

Inquisição

Inquisição. Do latim inquisitione. Significa, primeiramente, pesquisa ou investigação. Escrita com maiúscula torna-se uma investigação particular, muito mais policial do que teórica. É um Tribunal eclesiástico, também chamado Santo Ofício, encarregado de procurar e de perseguir os crimes em matéria de religião. Na Idade Média, a pena maior dada ao herege era a morte pelo fogo.

A finalidade da Inquisição é combater a 
heresia. Nos primeiros tempos do cristianismo havia apenas a excomunhão dos hereges. Nos fins do século XII, os tribunais (sínodos) adotaram outra postura: atormentavam-nos primeiro para espoliá-los depois, porque os bens dos infelizes eram imediatamente confiscados. A denúncia, a delação e os rumores eram os principais instrumentos de trabalho da tarefa inquisitória. Tão logo apareciam os rumores, os auxiliares (chamados “familiares”) já se punham em campo para a averiguação e a delação.

Não se sabe a data em que começou. A maioria dos pesquisadores costuma apontar o sínodo de Toulouse, em 1229, logo após o êxito da cruzada contra os albigenses, muito numerosos. Embora se pense que a Inquisição fosse monopólio da Igreja, o Estado também tinha grande participação. Talvez mais do Estado do que da Igreja, pois os reis, para centralizar o poder, recorriam ao Santo Ofício.


filosofia clandestina, movimento filosófico-literário dos séculos XVI a XVIII, teve papel importante no combate aos desmandos da classe dominante, principalmente aqueles provenientes da Inquisição, que tinham por base "questionar judicialmente aqueles que, de uma forma ou de outra, se opõem aos preceitos da Igreja Católica". Os reis e os eclesiásticos determinavam o que era bom ou ruim para o povo. Qualquer ideia contrária, que ferisse a lógica por eles determinada, tinha que ser imediatamente banida. É contra esse 
status quo que esses filósofos se rebelaram.

A Inquisição produziu muitas vítimas. Giordano Bruno (1548-1600), filósofo, astrônomo e matemático italiano, foi queimado na fogueira. Galileu Galilei, que escapou por pouco da fogueira (retratou-se) por afirmar que o planeta Terra girava ao redor do Sol (heliocentrismo). Muitos cientistas foram perseguidos, censurados e até condenados por defenderem ideias contrárias à doutrina cristã. As "bruxas medievais" que nada mais eram do que conhecedoras do poder de cura das plantas também receberam um tratamento violento e cruel.


Esta pesquisa sobre a Inquisição enseja-nos a seguinte reflexão: até que ponto não somos inquisidores da fé alheia, impondo-lhes o nosso modo de pensar?

&&&

A Inquisição foi instituída pelo papado no século XII e abolida por Napoleão no século XIX. Durante a vigência desse tribunal eclesiástico, muitas atrocidades foram cometidas em nome do Santo Ofício. Criada para combater os cátaros albigenses, tachados de heréticos, tornou-se, com o tempo, um verdadeiro terror, pois utilizava a linguagem antes de passar às fogueiras, forcas e pelotões de fuzilamento. A sua atuação assemelhava-se à do nazismo. Para o nazismo, por exemplo, a frase "solução final dos problemas judaicos" significava simplesmente o extermínio físico de todos os indivíduos de ascendência judaica.

Elias Lipiner, em "Santa Inquisição: Terror e Linguagem", elabora criteriosamente o vocabulário inquisitorial. Dentre os termos estudados, estão: auto-de-fé, abjurar, admoestação, confisco de bens e confitente. Os confitentes, por exemplo, são obrigados a confessar os seus crimes. Se não confessavam perdiam os bens e a vida; se os confessavam perdiam somente os bens, mas ficavam com a vida. Lipiner diz-nos: "A confissão só era considerada sincera e aceitável, se o confitente acertava com a culpa que lhe fora atribuída por denunciantes secretos, nomeando todos os cúmplices, e revelando tudo que os Inquisidores já sabiam de sua atividade herética, verdadeira, suposta ou falsa, de acordo com os depoimentos que tinham sido tomados às testemunhas de acusação".

O episódio Galileu é digno de nota. Pela observação das fases de Vênus, Galileu passou a confiar na visão heliocêntrica de Copérnico, ou seja, o Sol como centro do Universo e não na de Ptolomeu, onde a Terra era vista como o centro do Universo. Por sua visão heliocêntrica, o astrônomo italiano teve que ir a Roma em 1611, pois estava sendo acusado de herege. Condenado, foi obrigado a assinar um decreto do Tribunal da Inquisição, onde declarava que o sistema heliocêntrico era apenas uma hipótese. Contudo, em 1632, ele voltou a defender o sistema heliocêntrico e deu continuidade aos seus estudos.

Conta-se que os cárceres da Inquisição andavam cheios de bichos. Essa situação tenebrosa inspirou o célebre poema "Os Ratos da Inquisição", de Antonio Serão de Castro, no século XVII.

Isso mostra o poder da religião sobre a crença dos fiéis. Cristo, que veio para salvar o ser humano, via-o entregue aos maiores desmandos. A desconfiguração de Cristo era tamanha. H. Rohden lembra-nos de que Tomás de Aquino, o maior teólogo eclesiástico da época, declarou oficialmente na sua volumosa Summa Theologiae, que em quatro casos o Cristo permite, e até aconselha a matança de seres humanos, a saber: 1) em caso de justa defesa; 2) em caso de guerra justa; 3) a autoridade civil pode matar os grandes criminosos; 4) a autoridade eclesiástica pode decretar a morte dos hereges impenitentes.

Quantos crimes não foram cometidos em nome do Cristo e da religião? Eles ficarão impunes? Não. Mais cedo ou mais tarde todos os seus protagonistas deverão prestar contas à Lei Natural, instituída por Deus em nossa consciência.

&&&

O Grande Inquisidor (1880) [Fiódor Dostoievski ]

Estudo sobre a infantilização dos fieis por parte da Igreja

“O grande inquisidor” é um capítulo de os irmãos Karamazov (1880), o grande romance filosófico do escritor russo Fiódor Dostoievski (1821-81) sobre Deus, a moral e o livre-arbítrio. Escrito em forma de parábola, o capítulo envolve o leitor numa profunda discussão sobre até que ponto a humanidade almeja, de fato, a liberdade.

Ivan Karamazov fala ao seu irmão Aliocha, um jovem noviço, de um poema que idealizou sobre aparição de Jesus Cristo em Sevilha, Espanha, durante a Inquisição (1478-1834). Cristo é reconhecido e cultuado como o Messias, mas, a despeito de curar doente e operar outros milagres, é preso e levado ao grande inquisidor. O líder da Igreja lhe diz que sua vinda à Espanha interfere com a missão da Igreja e que nem ela e nem seus hierarcas têm necessidade de sua presença. Cristo é, então, condenado à fogueira, mas posteriormente, libertado com ordens de nunca mais voltar.

O inquisidor denuncia Jesus por haver rejeitado, no deserto, as tentações do Diabo — transformar pedras em pão para aliviar a fome, atirar-se do pináculo do templo para que os anjos o salvassem e idolatrar o Diabo em troca de todos os reinos do mundo. Recusar esta última tentação, em especial, teria sido um grande erro. Cristo devia tê-la aceitado porque os homens não sabem lidar com o “dom” do livre-arbítrio. Ao rejeitar as tentações do Diabo, diz o inquisidor: Cristo legou aos homens um fardo que eles não estão preparados para carregar. Os homens querem segurança, não liberdade; seguir o exemplo de Cristo só lhes trará angústia para toda a vida.

O inquisidor diz que a missão da Igreja é extirpar o ônus da liberdade e substituí-lo pela certeza. Os leitores ficam a se perguntar se não vêm deixando a Igreja pensar por eles.

ARP, Robert (Editor). 1001 Ideias que Mudaram a Nossa Forma de Pensar. Tradução Andre Fiker, Ivo Korytowski, Bruno Alexander, Paulo Polzonoff Jr e Pedro Jorgensen. Rio de Janeiro: Sextante, 2014.

26 agosto 2011

Os Sonhos e os "Demônios" de Sócrates

Para Sócrates, os sonhos podem ser advertências divinas. No Críton, foi advertido em sonho do dia em que sua execução ia ocorrer. Na Apologia, afirma-se investido de uma missão divina revelada em sonhos.

Diotima, no Banquete, define o daimon: intermediário entre os deuses e os homens, transmite aos homens mensagens divinas, quer de dia, quer de noite, através dos sonhos, ou por intermédio dos oráculos.

Na Antiguidade, um daimon é ao mesmo tempo um mediador e um mensageiro (anjo). Na realidade, o famoso “demônio”, de Sócrates não é um demônio. Não emprega o nome daimon, mas seu adjetivo, daimonios — demônico.

Sócrates relata que o demônico começou desde a sua infância. Dizia: “Uma voz que só se produz para me afastar do que vou fazer, mas não me impele nunca a agir”. Trata-se, pois, de uma voz que só transmite proibições divinas.

DUHOT, Jean-Joël. Sócrates ou o Despertar da Consciência. Tradução de Paulo Menezes. São Paulo: Loyola, 2004, p. 94 a 96.

 


24 agosto 2011

O Processo de Sócrates

Em 399, Sócrates foi objeto de uma acusação apresentada por três homens, Anitos Meletos e Licon. É mais um processo religioso do que político.

As três acusações são

1) Não reconhecer os deuses da cidade

2) Introduzir novos seres divinos

3) Corromper a juventude.

De acordo com Jean-Joël Duhot, em Sócrates ou o Despertar da Consciência, o desenrolar do processo sofreu um deslize: “Os juízes deviam pronunciar duas vezes. Na primeira vez, tratava-se de determinar se o acusado era culpado, o que foi feito no caso de Sócrates, mas com uma fraca maioria. A segunda vez decidia a pena. Os acusadores pediam a morte e o acusado devia propor uma nova pena, mas a decisão cabia ao tribunal. O processo se decidiu nesse momento: Sócrates começou dizendo que merecia ser sustentado no Pritaneu, honra insigne, pelo bem que fizera à cidade, e propôs como pena uma multa ridícula. Seus amigos intervieram em seguida propondo uma soma muito mais importante, mas era tarde demais, e o tribunal teve o sentimento se que Sócrates zombava dele. Votou a morte com uma maioria mais forte do que tinha votado a culpabilidade”.

Sabe-se, também, que os seus discípulos haviam programado uma evasão, cuja concretização dependia da aprovação de Sócrates. Como defendia a obediência à lei, recusou tal proposta.

Defender ideias filosóficas, até o constrangimento no momento da morte anunciada, corrobora o estatuto de mártir e a grandeza de seu pensamento.

Ler O Processo, capítulo 3, de Sócrates ou o Despertar da Consciência, por Jean-Joël Duhot. Tradução de Paulo Menezes. São Paulo: Loyola, 2004.

 

 

19 agosto 2011

Síntese da História da Filosofia

O objetivo deste trabalho é sintetizar a história da filosofia, salientando os aspectos relevantes em cada um de seus períodos: filosofia antiga, filosofia medieval, filosofia moderna e filosofia contemporânea.

Para mais informações, consulte http://www.sergiobiagigregorio.com.br/filosofia/sintese-historia-filosofia.htm


Que é Pensar?

  • O que se entende por bem pensar?
  • Será que sabemos pensar?
  • Há alguma diferença entre pensar e ruminar pensamentos?
  • É possível melhorar o nosso pensamento?
  • Existe alguma técnica?

A Parte e o Todo

"O que é bom para a parte pode não ser bom para o todo"

A relação entre a parte e o todo pode ser analisada sob vários ângulos: das ciências particulares, da religião, da conduta humana etc. No sentido genérico, cada ação, que é individual, tem uma dimensão mais complexa do que podemos imaginar. Observe um indivíduo jogando lixo na rua, poluindo o ambiente. Ele está limpando um bem privado, mas poluindo o bem público, portanto, influenciando a vida de outros seres humanos, como também o cosmos que o absorve.

Paulo, muito preocupado com o caráter parcial do conhecimento humano, imaginou o paraíso como um estado no qual alguém podia conhecer totalmente: "Porque agora vemos por espelho, em enigma, mas então veremos face a face: agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido" (I Coríntios, 13,12). Paulo advertiu nesta mesma epístola sobre as conclusões inexatas que podemos tirar em virtude de nossa limitação, quando encarnados: "Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos". 

Esta advertência religiosa não pode desestimular a nossa vontade em buscar um conhecimento global da realidade. Nos estudos da ordem e da desordem, a Física mostra-nos o caráter global desta relação, pois haverá ordem ou desordem sempre em relação a um padrão, nunca somente ao indivíduo isolado. Na Economia, fala-se da indústria e da firma. A indústria seria a totalidade de todas as firmas de um determinado ramo da atividade econômica. Por exemplo, a indústria de sapatos congregaria todas as firmas que produzem sapatos. Na linguagem, uma mesma palavra pode ter vários sentidos, dependendo da colocação na frase, e mesmo da maneira como a pronunciamos. 

No âmbito da política econômica, aprendemos que aquilo que é bom para a parte pode não ser bom para o todo. Explica-se: suponha que os salários de uma certa categoria da sociedade aumente em 10%. Esta categoria teve um ganho em relação aos demais salários da sociedade. Mas, imagine que todos os salários de todas as pessoas tivessem um aumento de 10%. O que aconteceria? O resultado seria nulo, ou seja, ninguém sairia ganhando nada. 

A reflexão sobre a relação entre a parte e o todo é sumamente valiosa. Precisamos sempre ver pelo prisma do outro. Geralmente, achamos que os outros devem suprir as nossas necessidades de pronto. E se eles não puderem atender-nos? E se Deus, que é causa primária de todas as coisas, acha por bem adiar a súplica? Como fica? Entendemos que a situação deve ser ponderada imparcialmente, a fim de não criarmos um viés entre a vontade divina (total) e a nossa (parte). Nesse mister, pensar que Deus escreve certo por linha tortas, ou que quando o trabalhador estiver pronto o trabalho aparece não deve ser desprezado. 

Nada há de inútil. O fluxo de energia que jorra de uma usina pode ser interrompido pela falta de uma simples tomada. Sejamos a simples tomada. Façamos a nossa parte e deixemos o resto por conta de Deus.

Compilaçãohttps://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/parte-e-o-todo-a

 

 

Dialética

A dialética é, propriamente falando, a arte de discutir. A arte do diálogo. Como, porém, não discutimos só com os outros, mas também conosco próprios, ela acaba sendo considerada o método filosófico por excelência. Entre os gregos, chamava-se ainda dialética à arte de separar, distinguir as coisas em gêneros e espécies, classificar ideias para poder discuti-las melhor (cf. Platão, Sofística, 253c).


Fé e Razão

Da antiguidade, passando pela Idade Média e alcançando a Idade Contemporânea, a fé e a razão é um tema bastante controverso.
  • Por quê?
  • Mas o que é a fé?
  • E a razão?
  • Podemos conciliar fé e razão?
  • Como?

A Filosofia e o Filosofar

O objetivo destes escritos é demonstrar que não precisamos ser exímios conhecedores da filosofia, nem mesmo ter frequentado uma Universidade, porque o ato de filosofar encontra-se naturalmente em nosso âmago. Basta apenas exercitá-lo pela discussão, pelo debate e pela troca de ideias.


A Virtude e as Virtudes

Virtude é uma disposição estável em ordem a praticar o bem; revela mais do que uma simples potencialidade ou uma aptidão para uma determinada ação boa: trata-se de uma verdadeira inclinação. Virtudes são todos os hábitos constantes que levam o homem para o bem, quer como indivíduo, quer como espécie, quer pessoalmente, quer coletivamente. Para o Espírito Emmanuel a virtude é sempre sublime e imorredoura aquisição do Espírito nas estradas da vida, incorporada eternamente aos seus valores, conquistados pelo trabalho no esforço próprio. (Pergunta 253 de O Consolador)

Em termos históricos, o estudo da virtude se inicia com Sócrates (470-399 a. C.), para quem a virtude é o fim da atividade humana e se identifica com o bem que convém à natureza humana. Platão (429-347 a. C.), Aristóteles (384-322 a. C.), Kant (1724-1804), entre outros, dão também as suas contribuições ao estudo deste tema. 

Aspecto Prático da Virtude. Além do aspecto teórico da sua conceituação, estritamente conexo com o sistema filosófico no qual se enquadra a Ética, apresenta um aspecto prático de vivo e permanente interesse: como formar e desenvolver a virtude. É o campo da Psicologia Educacional e da Pedagogia. No educador exige antes de tudo o bom exemplo, tão necessário, especialmente no trato com as crianças, incapazes de longos raciocínios e vivamente levadas à imitação. (Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo)

“A virtude é portanto uma disposição adquirida voluntária, que consiste, em relação a nós, na medida, definida pela razão em conformidade com a conduta de um homem ponderado. Ela ocupa a média entre duas extremidades lastimáveis, uma por excesso, a outra por falta. Digamos ainda o seguinte: enquanto, nas paixões e nas ações, o erro consiste ora em manter-se aquém, ora em ir além do que é conveniente, a virtude encontra e adota uma justa medida. Por isso, embora a virtude, segundo sua essência e segundo a razão que fixa sua natureza, consista numa média, em relação ao bem e à perfeição ela se situa no ponto mais elevado”. (Ética a Nicômaco, II, 6)

Para entender corretamente o texto filosófico, devemos localizar os termos mais importantes, e suas noções. Virtude (arétè) designa toda excelência própria de uma coisa, em todas as ordens de realidade e em todos os domínios. Aristóteles a emprega assim, embora lhe acrescente o valor moral. Disposição (héxis) é definida como uma maneira de ser adquirida. O latim traduziu héxis por habitus. A virtude só será habitus se se retirar desse termo o caráter de disposição permanente e costumeira, mecânica, automática. Mediedade (mésotès): este termo remete tanto ao termo médio de um silogismo quanto à média (ou ao meio termo) que caracteriza a virtude. 

Desde a Antiguidade até os nossos dias, as virtudes foram classificadas em Cardeais e Teologais. As Cardeais são adquiridas pelo esforço; as Teologais como um Dom de Deus. As cardeais são: prudência, fortaleza, temperança e justiça. As teologais são: a , a Esperança e a Caridade.

O movimentar-se diário produz hábitos. Os hábitos maus enraízam de tal sorte em nosso psiquismo que se tornam extremamente difíceis de serem eliminados. Em se tratando do esforço para extingui-lo, parece-nos que cometemos um erro que já se tornou secular, ou seja, combater a causa pelo efeito. Somente quando tomamos consciência do móvel que produz a ação é que podemos ter segurança na eliminação do efeito. Na realidade, não somos nós que deixamos os vícios; são eles que desprovidos da nossa atração, deixam-nos.

Fonte de Consulta 

ÁVILA, F. B. de S.J. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. Rio de Janeiro, M.E.C., 1967.

FOLSCHEID, Dominique e WUNENBURGER, Jean-Jacques. Metodologia Filosófica. Tradução de Paulo Neves. 2. ed., São Paulo: Martins Fontes, 2002. (Ferramentas)

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.

SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed., São Paulo, Matese, 1965.

XAVIER, F. C. O Consolador, pelo Espírito Emmanuel. 7. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.

Extraído dehttp://www.sergiobiagigregorio.com.br/filosofia/virtude-e-as-virtudes.htm




05 agosto 2011

Cérebro e Pensamento

"Um cérebro bem nutrido produz pensamentos robustos."

Para que o cérebro esteja sempre leve, plástico e maleável, ele precisa de novidade, dificuldade, regularidade e, também, de bons alimentos. Pense em algo rotineiro: que tipo de sensação advém? Que tal coisa é simples; que somos levados a ajustar nosso comportamento ao mais prático, àquilo que não exige muito esforço. A coisa difícil requer mais tempo, mais dedicação do intelecto, do pensamento.

Sem uma boa dose de motivação, o cérebro tem muita dificuldade de experimentar o novo. Como, porém, ter motivação, se nossas emoções são negativas, se estamos cheios de ódio no coração? Urge renovarmos o nosso interior, as nossas atitudes e os nossos comportamentos. Faltando motivação, o cérebro enfraquece e estiola. O cérebro precisa de dificuldade, mas não tão exagerada, porque pode se transformar em desânimo, que nos leva à angústia e ao estresse.

Suponha uma pessoa tentando preparar uma palestra, com informações excessivamente mais difíceis do que a sua capacidade de expor. O que pode acontecer? Ele pode pesquisar, anotar dados e dispor tudo numa transparência de PowerPoint. No fundo, entretanto, o assunto não foi aclimatado em sua personalidade, em seu caráter. Procede como o papagaio que recita o que os outros lhe disseram. O seu cérebro não está recebendo a dose correta para o seu perfeito desenvolvimento.

O cérebro não tem necessidade de muita informação. Para ele, o que vale é a justa medida, aquela que fornece matéria prima para o seu dono, o espírito, se expressar. O cérebro é um meio, uma ferramenta de trabalho, por onde o Espírito se comunica, entra em contato com os demais seres humanos. Um cérebro oco, sem conteúdo, comunicará nada mais do que a aquilo que possui em si mesmo, que são os pensamentos superficiais, pensamentos fracos ou inautênticos, como diriam os filósofos.

Se, mesmo com pouca informação, o alimentarmos com dificuldade, com regularidade, ele vai se fortalecendo para, em pouco tempo, produzir frutos a cento por um. Observe as pessoas de idade que estão envoltas com atividades lúdicas, leitura, conversações, estudos e cursos. Elas alimentam o cérebro e retardam o aparecimento dos problemas neurodegenerativos.

Ofereçamos sempre dificuldade ao nosso cérebro. A resolução de problemas tem a sua compensação: felicidade de percebermos que somos capazes de muitas coisas nesta vida.