02 julho 2008

Princípios

Princípio quer dizer ponto de partida e fundamento de um processo qualquer. "Ponto de partida" e "fundamento" ou "causa" estão intimamente ligado. Em filosofia, a palavra princípio é usada de forma metafórica, referindo-se a uma ordem ideal, e não a uma sucessão real. Daí, falarmos de princípios da ação honesta, da ação correta. Porém, onde encontrar esses princípios? E por que uma grande parcela da população não os segue, mesmo sabendo que isso é o melhor para o ser humano?

Há inúmeros livros que tratam do assunto. Em administração, fala-se que somente quem age por princípios é que realmente obtém êxito. O princípio, nesse caso, não leva em conta o interesse pessoal, mas o interesse público. Observe que quando o chefe age segundo os princípios básicos, ele pode até provocar a ira de seus adversários, mas não os fará seus inimigos, porque todos reconhecerão que o móvel da sua ação não foi para se defender ou defender o seu interesse particular, mas para melhorar a posição do grupo.

O taoísmo, filosofia oriental, evoca constantemente esse princípio geral. Para eles, o princípio é o tao, o caminho. Partem, assim, do pressuposto de que devemos deixar as coisas seguirem o seu curso natural, inclusive, advogando que deveríamos facilitar tal desdobramento. Dizem: "Se houver ruído, deixe ir até o fim; se houver calmaria, não a interrompa". Afirmam que dirigir uma nação é como fritar peixes pequeninos: se os deixarmos muito tempo ao fogo, queimam; se pouco, ficam meio crus. Por isso, seguir o fluxo e não forçar para que se dê de uma determinada maneira, é o melhor a fazer.

Sêneca, em seu livro Aprendendo a Viver, também discorre sobre os princípios básicos da vida. Em sua tese, ele procura destacar a diferença que há entre os preceitos e os princípios. Ele diz: "Entre os princípios da filosofia e seus preceitos há a mesma diferença que entre as letras e os membros de uma frase; estes dependem daquelas, que não só os constituem como constituem todas as frases". Os preceitos podem conter erros, pois não se consegue abarcar a dimensão do todo; os princípios, uma vez assimilados, nunca mais deixam de nos conduzir na prática da justiça e do amor ao próximo.

Em se tratando de uma ação, há o móvel da ação e a ação propriamente dita. O móvel da ação é princípio, ou seja, o fundamento que nos leva à ação. Supondo que se queira andar barbeado, o princípio da ação é fazer a barba. Partindo desse princípio, temos que nos esforçar por fazer a barba, diariamente. Se, por outro lado, a disposição for andar barbudo, não precisaríamos nos preocupar com tal ato. Deste exemplo bastante simples, podemos nos emaranhar em outros, muito mais complexos, como é o caso de não roubar, de não fazer mal ao próximo etc.

Há, assim, muitos princípios que são universais, ou seja, servem em qualquer lugar e em qualquer situação. Isso não quer dizer que devemos agir como autômatos. O que se nos exige é que saibamos adaptá-los às mais diversas circunstâncias da vida.

 

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