Somos o que temos ou temos o que somos? Eis a
questão.
As atitudes e os comportamentos do ser humano
determinam o "tipo de posse" que ele deseja para si. Krishnamurti,
filósofo indiano, já nos alertava que o mundo é violento porque cada um de nós
o é. Se assim não fosse, o mundo não o seria, pois o mundo nada mais é do que a
soma do que cada um é. Nesse sentido, o egoísta, que pensa exclusivamente em
seu benefício pessoal, quer tudo para si; o altruísta, que pensa mais no seu
próximo, quer tudo para os outros.
Devido aos insistentes apelos da mídia televisiva,
parece que temos necessidade de uma infinidade de bens. Será que eles realmente
fazem parte do nosso projeto de vida? Como avaliar corretamente o que devemos
ou não possuir? Se o Senhor da vida quisesse nos chamar neste exato momento, do
que precisaríamos para a nossa ida ao mundo dos Espíritos? Em outras palavras,
qual é a verdadeira propriedade? O que realmente levaremos deste mundo? Nada do
que é da matéria (dinheiro, títulos honoríficos, imóveis); tudo o que é do
Espírito (virtude, conhecimento, desprendimento dos bens materiais).
Parece-nos que, na relação entre o ter e o ser,
faz-se necessário averiguar o nosso interior, sem outro motivo que não o de
perscrutar a nossa consciência sobre o que realmente é útil para o nosso
progresso espiritual. Os Espíritos superiores estão sempre nos advertindo
acerca de nossos desejos terrenos. Nem sempre vemos o lado mau daquilo que
desejamos obter. Deus, que sabe o que é melhor para nós, pode impedir a sua
realização.
Vejamos um exemplo prático. Queremos, a qualquer
custo, obter um lugar de destaque, um posto político ou uma função
administrativa em alguma organização governamental. Com isso, os nossos
problemas financeiros estariam resolvidos. Há lógica no ensejo. Contudo, se as
circunstâncias nos distanciarem de tal intento, não devemos nos rebelar contra
Deus. É possível que estejamos sendo preparados para coisas mais substanciais.
Além disso, se galgássemos esses postos, o desempenho da função consumiria
totalmente o nosso tempo, que quase nada sobraria para as obrigações
genuinamente espirituais.
Reflitamos sobre a lei de causa e efeito. Se hoje estamos
nos esforçando por ser humilde, simples de coração e submisso à vontade de
Deus, deduz-se, por esta lei universal, que no amanhã colheremos o que tivermos
plantado. Ninguém colhe o que não plantou. Tenhamos sempre em mente este
dístico do conhecimento superior.
Cada um de nós está sempre no devido lugar. Não nos
coloquemos como vítimas, mas esforcemo-nos para receber tudo com a devida
humildade: tanto o êxito, quanto o malogro; tanto a saúde, quanto a doença.
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