O filósofo é um trabalhador, não um
trabalhador braçal, mas um trabalhador intelectual. Enquanto o trabalhador
braçal transforma os recursos naturais em produtos de utilidade para o lar e a
sociedade, o trabalhador intelectual transforma as ideias, que são a sua
matéria-prima. O produto final do filósofo é um melhoramento de sua compreensão
do mundo, das pessoas e das coisas que o rodeiam.
O que são as ideias? Em sentido
geral, ideia é algo que se passa em nosso cérebro. Elas surgem,
ficam por algum tempo e desaparecem. Por isso, costumamos anotá-las, para que
não se percam. Há ideias e ideias. O filósofo procura trabalhar com ideias que
duram para sempre. Os seus temas preferidos são: Deus, Espírito, Matéria,
Cosmovisão, Justiça, Liberdade etc. É refletindo sobre esses temas que aumenta
a sua visão de mundo.
As ideias estão disseminadas no tempo e
no espaço. Podem ser comparadas às coisas que existem. O trabalho do filósofo é
transformar essas coisas ou ideias em objeto de conhecimento. Enquanto coisas,
o conhecimento está disperso, confuso e vago. Para que ele se torne objeto de
conhecimento, há necessidade de apreendê-lo. Para que isso se concretize, a
mente deve se concentrar no tema em questão, a fim de tirar dele todo o
conteúdo de aprendizagem.
O pensamento, tanto quanto as ideias,
não para. Ele está sempre em movimento. Podemos nos deixar guiar pela nossa
imaginação, pelos pensamentos dos outros ou pelo alheamento da realidade. Para
o filósofo, contudo, o que tem valor é a construção do seu próprio pensamento.
Não importa de onde tenha vindo a ideia inicial, pois tanto faz que a
mesma tivesse brotado de um homem medíocre ou de um homem famoso. O seu
trabalho consiste apenas em verificar se esse primeiro estímulo é viável de se
tornar um objeto de conhecimento. Depois disso, parte para o trabalho.
Aprender a aprender é uma das grandes
questões posta pelo filósofo. Como ele trabalha com ela? Observando e
refletindo sobre o conhecimento e a maneira como o está assimilando. Começa
sempre com o "aprender a desaprender", ou seja, procura,
primeiramente, libertar a sua mente dos erros, dos preconceitos e dos automatismos,
a fim de que o seu espírito possa alcançar uma transcendência em toda a
situação em se defrontar.
Aprendamos com os filósofos: tomemos
arbitrariamente qualquer tema e verifiquemos se é útil ao nosso espírito.
Depois, coloquemo-nos a caminho para extrair dele toda a profundidade que ele
merece.
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