O pensamento pode ser visto sob vários
aspectos: em sentido amplo, é resultado de tudo o que se passa na
nossa mente, sem lógica ou veracidade: sonhos, devaneios, imaginação,
intelectualidade etc.; em sentido restrito, são as escolhas que o
nosso espírito faz para a análise de algumas questões; em sentido mais
restrito é aplicação de nossas potencialidades para a resolução de um
problema, de uma dificuldade.
Para um desenvolvimento integral da pessoa humana,
interessa-nos desenvolver o pensamento reflexivo, que é o
pensamento ativo, prolongado e cuidadoso de tudo o que nos vem à mente. Nesse
sentido, são elementos do pensamento reflexivo: a) um estado de perplexidade,
hesitação ou dúvida; b) atos de pesquisa ou investigação tendo o fim imediato
de descobrir outros fatos que sirvam para corroborar ou destruir a convicção sugerida.
Em outras palavras, todas as vezes que nos debruçarmos sobre uma questão — de
interesse vital para a nossa alma —, a fim de buscar soluções, conexões,
ilações, estaremos de posse do pensamento reflexivo.
John Locke (1632-1704) aponta-nos algumas
características das convicções errôneas: a) a dependência dos outros —
são os que pensam pela cabeça dos outros; b) interesse pessoal —
são os que colocam a emoção na frente da razão, sem exame lógico das coisas;
c) experiência limitada — são os que se utilizam da razão, mas
com uma visão tacanha. Nesta classe estão agrupados os indivíduos que se
relacionam apenas com uma casta limitada de homens, leem livros de determinada
espécie e querem apenas conhecer determinadas opiniões: não se aventuram no mar
alto dos grandes conhecimentos.
O ato de pensar deve ser enérgico e profundo. Procurando resposta para uma necessidade, uma
curiosidade, uma dúvida, um anseio, o pensamento deve ir até as últimas consequências,
a fim de obter a verdade dos fatos. Quem assim procede vai adquirindo um vasto
conhecimento, porque em cada etapa observa, para, pensa, pondera e deixa que os
novos ensinamentos se acrescentem aos já adquiridos, de modo que o estoque de
conhecimentos vá crescendo de forma suave, mas sempre progressiva.
O tipo de pergunta é bastante
importante na relação ensino-aprendizagem. Não são poucos os que perguntam por
perguntar, acreditando que estão desenvolvendo o diálogo socrático. Muitas
vezes não passa de tagarelice mental. É necessário que as perguntas promovam o
aprofundamento do estudo, pois o simples ato de perguntar acaba desviando-nos
do tema em questão. É fácil de se observar, quando numa discussão em grupo,
deixamos seus componentes à vontade; em pouco tempo, a conversa toma rumo
totalmente distinto daquele que foi anunciado anteriormente.
Quer queiramos ou não, estamos sempre envoltos com
as sugestões dos jornais, da TV, dos amigos etc. O pensamento enérgico exige
renúncia ao comodismo, esforço ao raciocínio e certa solidão interior.
Fonte de Consulta
DEWEY, J. Como Pensamos. São Paulo,
Editora Nacional, 1933.
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