O que
precisamos para a nossa transcendência espiritual? O que estamos adquirindo de direito contribui para essa finalidade? O que diferencia a
posse de direito da posse de fato? Eis aí um tema interessante para exercitar o
nosso pensamento na busca de novas verdades.
Em
essência, deveríamos ser refletores fiéis da vontade divina. Por que não o
somos? É que não estamos dispostos a renunciar à nossa personalidade, ao nosso status quo? A história, porém, está repleta de exemplos dos
que souberam atender à vontade divina e não às suas. Citemos dois: 1) Paulo de
Tarso deixou a vida de doutor da lei e passou a pregar os ensinamentos de
Jesus, depois que fora abençoado na estrada de Damasco; 2) São Francisco de
Assis deixou as riquezas de nascença e aderiu à pobreza, servindo o Cristo em
Espírito e Verdade.
Refletir
a vontade divina é colocar em prática a "lei áurea", que é
"Fazer aos outros o que gostaríamos que nos fosse feito, caso estivéssemos
no lugar deles". Quem assim procede já não rouba mais o seu próximo e, por
conseguinte, a sociedade. Há, contudo, muitos roubos que passam despercebidos,
mas que não resistem a uma avaliação mais acurada de nossa consciência, quando
esta busca saber o que lhe pertence de fato e o que foi adquirido de direito, ao longo de sua vida.
Questão
de direito e questão de fato. Podemos possuir um imóvel, passado em cartório,
com tudo legalizado, mas de fato imoral, isto porque pagamos uma quantia irrisória,
somente porque o seu possuidor estava com sérias pendências financeiras.
Conseguimos um bom preço pelo nosso automóvel, em virtude de ele estar
parecendo novo, porque estava todo maquiado. Ganhamos um salário e não
produzimos pelo que recebemos, alegando doença e problemas particulares.
Muitas vezes, reclamamos de nossa sorte. Como, porém, seria a nossa vida, se tivéssemos adquirido tudo aquilo que havíamos desejado? Será que teríamos a liberdade de pensar que estamos tendo hoje? Ou seríamos escravos de uma outra circunstância qualquer? Há muitas coisas que adquirimos que nada tem a ver com a nossa essência, que nada tem a ver com o nosso desenvolvimento espiritual. Deus, que sabe o que é melhor para o nosso progresso, pode obstruir o nosso desejo. Mesmo assim, é sempre para o nosso bem.
Com
relação à distorção das imagens, anotemos a afirmação que Will e Ariel Durant
fizeram no início de História da Civilização, uma obra de 11 volumes: "A civilização é um
rio com margens. Às vezes, o rio está cheio de sangue que vem de pessoas que
estão matando, roubando, gritando e fazendo coisas que os historiadores
costumam registrar; enquanto nas margens, sem serem notadas, pessoas constroem
casas, fazem amor, criam os filhos que tiveram, cantam canções, escrevem poesias
e até esculpem estátuas. A história da civilização é a história do que
aconteceu nas margens".
Esforcemo-nos
por possuir somente aqueles bens que podem ser úteis ao nosso progresso
espiritual. Lembremo-nos da frase evangélica: "Você que roubava, não roube
mais".
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