12 dezembro 2012

No Exercício do Perguntar

“Sabendo o que significa perguntar podemos melhorar a forma de formular questões.”

Com o passar do tempo, vamos relaxando a arte de perguntar. Assemelhamo-nos às pessoas que se fecham em seu “curto referencial teórico”. Acomodamo-nos ao pouco que sabemos e não nos aventuramos em novos desafios, em novas pesquisas, pesquisas essas entendidas como alargamento dos horizontes do conhecer. Sem o percebermos, vamos aniquilando a nossa criatividade, a nossa perspectiva de vida, de inovação.

Estabelecer o necessário é muito difícil. O perguntar pode ser considerado um método, pois método é caminho para atingir um fim, fim este que é a ampliação do saber. Sócrates, na Antiguidade, já nos ensinava a perguntar, não a qualquer um, mas a quem tivesse condições de responder. Por isso, precisamos escolher quem poderá responder à questão. Perguntar a um psicólogo sobre as teorias da relatividade não seria a pessoa indicada, embora pudesse responder a tal questão.

Há dois tipos de perguntas: objetiva e subjetiva. O perguntar objetivo refere-se a uma pesquisa (científica, histórica, filosófica, religiosa, etc.); o perguntar subjetivo refere-se à pesquisa dos nossos estados emocionais (introspectivo). Quantas vezes não entramos numa livraria sem nada em mente e saímos com um livro que serve à nossa necessidade espiritual. A busca se deu em função de nosso interesse, muitas vezes inconsciente.

Para Heidegger, o saber prévio pode estar impregnado de falsas teorias e preconceitos, tendo, como resultado um falso saber. Diante dessa observação, lembremo-nos dos três elementos que fazem parte da arte de perguntar: o questionado (busca por algo), o perguntado (resposta intencionada) e o interrogado (alvo da pergunta, o qual deveria nos dar a resposta).

Perguntar é um verbo que precisa de complemento. Quem pergunta, pergunta sobre alguma coisa para alguém responder. Além disso, ele é também uma atividade que exige ação. A ação de buscar o desconhecido, consoante a famosa frase de Kant: Sapere Aude! Ousa saber.

Fonte de Consulta

NODARI, Paulo César (Org.). Por quê?: A Arte de Perguntar. São Paulo: Paulinas, 2011, p. 9 a 25 (Coleção filosofando).

 

05 dezembro 2012

Pré-história

pré-história é um conceito nebuloso. Ela procura compreender, no presente, os conjuntos de lugares, artefatos e paisagens do passado. Vale-se da escavação arqueológica, muitas vezes descrita como passar do conhecido ao desconhecido. Fundamenta-se na ausência de escrita. É muda e silenciosa. É a história sem palavras.

De acordo com Chris Gosden, a palavra "pré-história" foi usada pela primeira vez em 1832, mas só adquiriu uso corrente após a publicação, em 1865, de Prehistoric Times, de Sir John Lubbock. Acrescenta que este conceito tornou-se necessário por causa da expansão do universo imaginativo durante o século XIX e à revelação de espaços de tempos maiores para a história humana e biológica.

A pré-história tem relação com a visão de mundo: para os arqueólogos, os nossos antepassados surgiram há 6 milhões de anos; para os criacionistas somente a partir do "Gênesis" da Bíblia. O bispo Ussher, por exemplo, no final do século XVIII, estimou que a Terra fora criada em 4.004 a.C. A base empírica, porém, para escalas de tempos maiores veio-nos através dos geólogos e biólogos.

Para bem entendermos a pré-história, há necessidade estudá-la de forma empírica e filosófica. As escavações e as sondagens fornecem-nos informações seguras sobre o passado. O aspecto filosófico: como nos abrirmos ao modo de pensar dos antigos, que não tinham palavras para se expressarem? Como renunciar ao nosso mundo civilizado para absorver os horizontes de vida dos primeiros seres humanos?

A pré-história, nos tempos presentes, está bastante viva entre nós. Ela habita aqueles setores de nossa vida em que é difícil expressar em palavras, ou seja, a nossa relação com carros, computadores, lápis, papel etc.

Para mais informações, leia o livro Pré-história, de Chris Gosden, traduzido por Janaína Marcoantonio. Porto Alegre: L&PM, 2012. (Coleção L&PM POCKET; vol. 1057)