“Sabendo o que significa perguntar podemos melhorar
a forma de formular questões.”
Com o passar do tempo, vamos relaxando a arte de
perguntar. Assemelhamo-nos às pessoas que se fecham em seu “curto referencial
teórico”. Acomodamo-nos ao pouco que sabemos e não nos aventuramos em novos
desafios, em novas pesquisas, pesquisas essas entendidas como alargamento dos
horizontes do conhecer. Sem o percebermos, vamos aniquilando a nossa
criatividade, a nossa perspectiva de vida, de inovação.
Estabelecer o necessário é muito difícil. O
perguntar pode ser considerado um método, pois método é caminho para atingir um
fim, fim este que é a ampliação do saber. Sócrates, na Antiguidade, já nos
ensinava a perguntar, não a qualquer um, mas a quem tivesse condições de
responder. Por isso, precisamos escolher quem poderá responder à questão.
Perguntar a um psicólogo sobre as teorias da relatividade não seria a pessoa
indicada, embora pudesse responder a tal questão.
Há dois tipos de perguntas: objetiva e subjetiva.
O perguntar objetivo refere-se a uma pesquisa (científica, histórica,
filosófica, religiosa, etc.); o perguntar subjetivo refere-se à pesquisa dos
nossos estados emocionais (introspectivo). Quantas vezes não entramos numa
livraria sem nada em mente e saímos com um livro que serve à nossa necessidade
espiritual. A busca se deu em função de nosso interesse, muitas vezes
inconsciente.
Para Heidegger, o saber prévio pode estar
impregnado de falsas teorias e preconceitos, tendo, como resultado um falso
saber. Diante dessa observação, lembremo-nos dos três elementos que fazem parte
da arte de perguntar: o questionado (busca por algo), o perguntado (resposta
intencionada) e o interrogado (alvo da pergunta, o qual
deveria nos dar a resposta).
Perguntar é um verbo que precisa de complemento.
Quem pergunta, pergunta sobre alguma coisa para alguém responder. Além disso,
ele é também uma atividade que exige ação. A ação de buscar o desconhecido,
consoante a famosa frase de Kant: Sapere Aude! Ousa saber.
Fonte de Consulta
NODARI, Paulo César (Org.). Por quê?: A Arte de Perguntar.
São Paulo: Paulinas, 2011, p. 9 a 25 (Coleção filosofando).