Viktor
Emil Frankl (1905-1997), psiquiatra e psicólogo austríaco, criou um método de
tratamento psicológico que denominou logoterapia, uma das dissidências da
psicanálise freudiana surgida em Viena e uma das muitas teorias sobre motivação
básica do comportamento humano. Ainda adolescente, sentiu um vivo interesse
pela psicanálise. Em 1921 escreveu um primeiro trabalho Sobre o
significado da vida. Passou por quatro campos de concentração entre 1942 e
1945.
A
“logoterapia”, traduzida literalmente, é “terapia através do sentido”. Esta
terapia, a terapia através do significado, é o contrário da
psicoterapia, que se traduz por significado através da terapia.
Frankl constatou que, depois de um tratamento através da terapia tradicional, o
paciente estava curado, mas faltava-lhe o sentido da vida. Para ele, a
psicologia tradicional remove a neurose, mas não lhe dá algo em troca, que é a
renovação do seu sentido de vida.
O tempo
que permaneceu nos campos de concentração influenciou sobremaneira os
arcabouços de sua teoria. Percebeu que as pessoas que tinham um objetivo de
vida, encaravam-na com mais disposição, com mais entusiasmo, mesmo estando
presas. Meditando sobre essas observações, achou-se no dever de ajudar a si
mesmo e aos outros. Tomou isso como uma missão. Queria somente mitigar o
sofrimento dos outros.
Baseando-se
em relatos verbais e cartas recebidas, ele defende que a principal coisa que
move o ser humano é ter um objetivo na vida. Nesse sentido, relata-nos que uma
pessoa presa na cadeia revelou-lhe que aí passou os dias mais felizes de sua
vida. Um médico e sua esposa (enfermeira) ao cuidarem de um familiar que sofria
de câncer, sentiram-se os seres mais felizes, porque puderam dar todo o suporte
médico ao seu ente querido.
Por que
alguns indivíduos têm um sentido de vida apurado e outros não? É consequência
de algum treinamento? São reflexos de existências passadas? O problema é que
quando damos sentido à nossa vida, os nossos atos se tornam mais conscientes,
mais de acordo com as leis naturais, escritas por Deus em nosso ser. É a tomada
de consciência de nossa responsabilidade para conosco mesmos e para com o nosso
próximo, seja de que procedência for.
Façamos
com que os nossos atos tenham sempre um objetivo de vida. No início, este
esforço pode ser penoso. Com o tempo, porém, torna-se um hábito salutar e
proveitoso.
Fonte de Consulta
FRANKL,
Viktor E. Um sentido para a vida: psicoterapia e humanismo.
Tradução de Victor Hugo Silveira Lapenta. Aparecida, SP: Ideias e Letras, 2005.
(11ª edição).