Rolf Dobelli, no livro Como pensar e viver melhor: ferramentas mentais para a vida e os negócios, descortina-nos novas concepções acerca de uma boa vida. Acha que pensamos como na Idade da Pedra. A evolução ainda não conseguiu que o cérebro se adequasse ao desenvolvimento da civilização. Por isso, precisamos de uma caixa de ferramentas mentais para não sucumbirmos à velocidade das inovações.
Como tem dificuldade de definir o significado de uma boa vida, usa a abordagem da teologia negativa da Idade Média. À pergunta “quem ou o que é Deus” os teólogos respondem não se pode dizer exatamente o que é Deus, só se pode dizer o que não é Deus. O mesmo deveríamos fazer com a boa vida. Só deveríamos nos preocupar com aquilo que não é uma boa vida.
De onde vem as 52 ferramentas mentais expostas no livro? Poder-se-ia falar de três grandes fontes. A primeira é a investigação da psicologia nos últimos quarenta anos, que se desdobraria em psicologia mental, psicologia social e algumas abordagens da psicologia clínica. A segunda fonte vem do estoicismo. Os estoicos davam grande importância a exercícios práticos. A terceira fonte é a longa tradição da literatura de investimento financeiro, principalmente de Charlie Munger e Warren Buffett.
Eis alguns de seus capítulos: o princípio da caixa preta; contraprodutividade, a ilusão da introspecção, o “não” em cinco segundos, a ilusão do foco, a armadilha da atenção, ler menos, mas em dobro, a ilusão de mudar o mundo, a crença no mundo justo, a lei de Sturgeon, subtração mental...
Destaquemos, a título de exemplo, a contraprodutivadede:
Contraprodutividade designa que muitas tecnologias que, à primeira vista, poupam tempo e dinheiro, mas que essa economia se dissipa no momento em que se faz um conta total.
E-mail. Avaliado de forma isolada, é genial: escrevem-se em enviam mensagens de forma rápida e de graça. Vejamos o tempo que se perde filtrando mensagens, lendo coisas que não tem interesse...
Apresentações. Antigamente, uma palestra para direção de empresas consistiam em veiculação de argumentos lógicos. Em 1990, chegou o programa PowerPoint. Os executivos começaram a investir milhões de horas: aprender, sofisticar, letras... lucro líquido, zero.
Câmeras digitais. Que libertação? Hoje você está sentado em uma montanha de fotos e vídeos dos quais 99% são desnecessários.
Cuide-se de não cair na armadilha da contraprodutividade. Ela só é visível à segunda vista.
Conclusão: anunciada com tantas promessas, a tecnologia muitas vezes tem efeito contraproducente para a qualidade de vida.
DOBELLI, Rolf. Como Pensar e Viver Melhor: Ferramentas Mentais para a Vida e os Negócios. Tradução de Kristina Michahelles e Silvana Gollnick. Rio de janeiro: objetiva, 2019.