A horizontalidade e a verticalidade
podem ser vistas imaginando-se um triângulo equilátero: a base está reservada
para a razão, a ciência e a técnica; o vértice para a fé, a intuição e a
transcendência. Há que se ponderar tanto um quanto o outro para não cairmos nem
nos desmandos intelectuais e nem na adoração infrutífera.
A horizontalidade e a verticalidade
podem ser observadas nos diversos atos do nosso dia-a-dia. Quando pensamos em
termos horizontais, estamos na superfície do problema, da questão, da
discussão. Não conseguimos abrir a noz e verificar o que tem lá dentro.
Descrevemos o fato, fazemos contas e raciocinamos, mas não temos capacidade
interligar o presente com o passado e o futuro. A ênfase, porém, na
verticalidade, permite-nos um maior desdobramento no tempo e no espaço.
A verticalidade é um transcender do
Espírito, um desdobrar-se, um conhecer-se a si mesmo em que os valores éticos
têm maior importância do que os valores materiais. É uma busca incessante da
sabedoria universal, a fim de que a nossa jornada terrena seja repleta de
compromissos com a verdade e com os aspectos espirituais da evolução humana. É
o rompimento com o homem velho para que o homem novo se desenvolva com o todo o
seu fulgor.
A horizontalidade é sempre meio; a
verticalidade, sempre fim. Se confundirmos os meios com os fins, longe
estaremos de alcançar a nossa verticalidade. Observe a aquisição de um bem
material: ele não tem um fim em si mesmo: depende do uso que dele fizermos.
Lembremo-nos, por exemplo, da caneta e do papel. Podemos usá-los para propagar
a paz e harmonia universais como para gerar o terror, a violência e o medo na
população. Por isso, a ponderação e o equilíbrio geram sempre pensamentos de
reconforto para toda a população.
É preciso muita perspicácia para não
sermos tragados pela horizontalidade da vida. Os passeios, as diversões, os
apelos da mídia etc., convidam-nos ao devaneio do espírito. Se lhe dermos mais
atenção do que aos arroubos da virtude, logo estaremos cansados e
desconcentrados para o estudo sério e reflexivo. Perderemos um tempo precioso
em coisas supérfluas e iremos cada vez mais nos distanciando da verdadeira
vida, a vida do espírito imortal.
Estejamos sempre atentos e deixemos que
a verticalidade do nosso ser nos encaminhe para as realizações a que nós estão
reservadas no curso desta existência.
Um comentário:
Ótimo texto
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