Santo Agostinho (354-430) foi um dos maiores pensadores da
Patrística e valeu-se da filosofia de Platão. No século V — principalmente em
Alexandria — havia a ideia da eternidade da alma, extraída da "Teoria das
Formas ou das Ideias", que aparece no Livro VI de A República,
de Platão. E estas, segundo o platonismo, traziam a lembrança de uma vida
anterior sem o corpo (isso não concorda com o dado de fé). Mas havia também a
dúvida filosófica sobre a preexistência das almas. É sobre este último ponto
que Evódio, o aluno de Santo Agostinho, pretende obter algum esclarecimento.
Questionado sobre a natureza da alma, Santo
Agostinho trata de elaborar o tema através de um encadeamento de perguntas e
repostas. Santo Agostinho afirma que alma foi criada por Deus. Ele não sabe
dizer de que substância Deus a criou. Sabe, porém, o que ela não é. Ele diz que
ela não é material, não tem extensão, não tem profundidade e nem massa. A alma
é a parte imaterial do ser humano que preenche todo o corpo, dando-lhe vida e
inteligência. Afirma ser algo real, mas não sabe definir esse algo real.
O método socrático agostiniano é demorado. Há uma
argumentação lenta e detalhada sobre a alma e a sua ligação com o corpo físico.
A demora se justificava porque pretendia que o seu aluno Evódio pudesse
absorver profundamente o conhecimento veiculado. Para Santo Agostinho, o melhor
método é aquele que obriga o aluno a pensar com a própria cabeça. Por isso, o
excessivo rigor para com Evódio. Não perdia nenhuma ocasião de repreendê-lo,
pois queria que este estivesse sempre compenetrado de si mesmo.
O diálogo entre o professor Agostinho e o seu aluno
Evódio é bastante produtivo, porque Evódio não é uma criança, não é um ser
desprovido de conhecimento. Parece trazer conhecimentos de outras vidas, visto
que as suas perguntas, pertinazes ao tema, provaram que possui uma estatura
moral e intelectual avantajada. Diz-se, inclusive, que quem sabe perguntar é
porque já traz dentro de si o que deseja conhecer. Não é um saber que vem de
fora. Ele já faz parte do interior da alma. É como uma necessidade em busca da
verdade.
Santo Agostinho parte de Deus e conclui que somente
Deus é superior a tudo. Por isso, acreditava que só uma coisa poderia
atrapalhar a salvação da alma: o pecado. No que tange à alma,
propriamente dita, soube explorá-la filosoficamente, colocando-a como algo
real, mas que foge a tudo o que conhecemos como matéria. Teve dificuldade de
dar uma explicação mais detalhada sobre a matéria. Soube, contudo, explicitar
detalhadamente a verdade formal (a define a essência da
coisa).
A verdade não é monopólio de ninguém. Santo
Agostinho, em suas reflexões filosóficas e religiosas, soube compreender o
sentido da alma humana. Sigamos o exemplo do seu método de ensino e
aprendizagem.
Fonte de Consulta
AGOSTINHO, Santo. Sobre a Potencialidade da
Alma (De Quantitate Animae). Tradução de Aloysio Jansen de
Faria. 2.ed., Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2005.
Um comentário:
Gosteii bastantee da teoria de S. Agostinhoo Vlw'' me ajudou bastaantee ♥
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