O poder do pensamento criador acaba,
com o tempo, sendo corroído pelo hábito. Muitas pessoas de idade perdem o
ímpeto de tentar o desconhecido, de se arriscar em novos empreendimentos, de
enfrentar a complexidade da vida. Condicionam-se sem o saber. Levantam-se
sempre num determinado horário, tomam o seu café meia hora depois e leem o
jornal durante 15 minutos. Depois disso, arrumam-se e vão para as suas
atividades habituais. Repetem o processo no dia seguinte, e assim
sucessivamente. O improviso não faz parte de suas agendas diárias.
O hábito cria em nós a "fixação
funcional", a "rigidez na solução do problema" e a
"mecanização da vida". Essas atitudes comportamentais ficam de tal
maneira impregnadas em nosso subconsciente que, somente a muito custo e pela
aplicação incessante da vontade, é que conseguimos algum progresso em sua
ruptura. Alguns espiritualistas emprestam a essas atitudes o termo
"cascões mentais"; acrescentam, ainda, que esses cascões mentais são
sumamente prejudiciais à educação das crianças, porque estas, em tenra idade,
são obrigadas a aceitar ordens pouco racionais dos adultos, baseadas mais no
preconceito do que no bom senso.
Para obter bom êxito no des-condicionamento,
Osborn sugere a aplicação do brainstorm (tempestade de
cérebros), método criado por ele, em que há uma separação entre o pensamento
crítico e o pensamento ideador. Um dos princípios relevantes deste método é o
de permitir que todos os participantes de uma reunião possam falar livremente
sobre um determinado tema, sem que haja reproche por parte de qualquer outro
membro do grupo. Com isso, acha ele, liberamos o espírito criador que existe
dentro de cada um de nós.
O desânimo próprio não
deixa de ser um fator limitativo da criatividade. Ao elaborarmos ideias que não
são de toda a gente, quase sempre sofremos as investidas adversas, que procuram
esfriar o nosso entusiasmo. Suponha que apresentemos um projeto arrojado para
um determinado grupo de pessoas, e ele seja vetado. Qual é a nossa reação?
Ficamos desanimados. Mas o que é pior? Parecermos absurdos a nós mesmos ou aos
outros? Todos temos uma luz interior. É melhor segui-la do que nos desviarmos
para os caminhos que não deveríamos percorrer.
A timidez também é um
entrave ao pensamento criador. A timidez pode ser entendida como uma espécie de
orgulho que nos faz ficar escondido quando, com muita boa razão, deveríamos
estar em público. Voltamo-nos para a nossa limitação, achando que os outros sabem
mais do que nós e que não é preciso nos expressar. Essa postura, porém, cria em
nós um círculo vicioso, porque coibindo um pensamento, um ato, os outros
pensamentos e atos que daí pudessem advir ficam parados, de modo que em pouco
tempo vemos o total embotamento de nossa inteligência.
Liberemos o nosso poder criador. Ele
nos foi oferecido por Deus não somente para o nosso proveito pessoal, mas
também para servir de estímulo a toda a humanidade.
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