Na Antiguidade, o acervo de
conhecimentos adquiridos perdia-se com facilidade: pela morte dos mais velhos
ou por uma epidemia. Os homens daquela época, preocupados em guardar as
informações para a posteridade, inventaram tabuinhas de barro cozido,
onde deixavam impressos os seus textos. Foram os primeiros "livros",
depois progressivamente modificados até chegarem a ser feitos — em grandes
tiragens — em papel impresso mecanicamente, proporcionando facilidade de
leitura e transporte
A invenção da imprensa, por
Gutenberg, em 1450, deu outro rumo à veiculação das ideias. Conta-se que 45
copistas, trabalhando durante dois anos, sob as ordens de Cosimo de Medici,
produziram apenas 200 volumes. Em contraste com o método manuscrito, imperfeito
e vagaroso, apareceram na Europa, entre 1450 e 1500, cerca de dez milhões de
livros, compreendendo 40.000 títulos, com centenas de impressores
laboriosamente produzindo novas obras. A multiplicação acelerada de livros
possibilitou uma difusão igualmente rápida do saber.
Se quisermos pesquisar alguma coisa
sobre os grandes homens que abalaram o mundo, devemos fazê-lo através da
palavra impressa. De que outra maneira entraríamos em contato com os pensamentos
de Sócrates, Platão e Aristóteles? Contudo, a divulgação maciça desses
pensamentos só foi possível graças aos meios modernos de documentá-los
veiculá-los. A editora Martin Claret, por exemplo, está publicando a
coleção Obra-Prima de Cada Autor, um projeto com mais de 300
volumes de importantes autores brasileiros e de outras nacionalidades, no
sentido de fazer com que o mundo leia mais, a um preço módico.
Robert B. Downs, em Obras
Básicas: Fundamentos do Pensamento Moderno, faz uma análise crítica e
concisa sobre o impacto causado no mundo atual por 111 obras diversas,
principalmente aquelas que se referem às ciências da natureza e às ciências
biológicas, economia, política, história, educação e sociologia. Esse trabalho
só foi possível graças ao fabuloso estoque de livros existentes no mundo todo.
Na sua introdução observa que todos os homens, quase sem exceção, expressaram e
propagaram as suas ideias usando como veículo unicamente a palavra impressa.
Bastante elucidativa é a citação de
Isaac Newton: "Se vi mais longe que outros homens foi por estar de pé
sobre os ombros de gigantes". Referia-se à sua dívida para com Copérnico,
Kepler, Galileu e outros predecessores. Na realidade, o nosso presente é consequência
direta da influência que recebemos daqueles que já se foram. E de que maneira
vamos receber essa influência? Através dos registros arquivados em livros.
Poderíamos até ser influenciado mediunicamente. Mas depois teremos de passá-lo
para o papel.
Tenhamos em conta o valor inestimável
da palavra escrita. Que a publicação de nossas ideias esteja sempre alicerçada
na intenção de elevar o sentimento e a razão daqueles que nos leem.
Fonte de Consulta
DOWNS, Robert B. Obras Básicas:
Fundamentos do Pensamento Moderno. Tradução de Hilda Pareto Soares Maciel e
Maria Celina Deiró Hahn. Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército, Ed. Renes,
1969.
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