A palavra virtual origina-se do latim
medieval virtualis, que provém de virtus, força, potência.
De acordo com os escolásticos, virtual é o que existe em potência e não em ato.
O virtual tende a atualizar-se. Uma árvore está virtualmente numa semente.
Filosoficamente considerado, difere da imaginação, da ilusão e mesmo do termo
virtual que se usa em cinema e televisão. Em realidade, virtual e atual são
dois estados de um mesmo problema, de uma mesma questão. O atual nada mais é do
que uma resposta ao virtual.
Todo o ser humano tende à perfeição.
Para explicar esta tese, partamos da seguinte afirmação: "Deus criou todos
os Espíritos potencialmente perfeitos". Contudo, para que
o fato se torne realidade, cada um deverá ir paulatinamente atualizando essa
perfeição. Nesse sentido, tanto faz o Espírito estar no mundo dos encarnados
como no mundo dos desencarnados, pois a inexorabilidade do progresso é
irreversível. Ou seja, quer queiramos ou não, todos seremos guiados para os
caminhos que devemos percorrer para atingir tal desideratum.
O Espírito pode captar as mensagens de
mundos mais elevados. Não é algo imaginário, ilusório, visto que as projeções
de luz ficam plasmadas no cosmo. Observe o trabalho dos profetas, aqueles que
tinham capacidade de prever o futuro. Eles, com uma visão mais acurada, puderam
penetrar nos acontecimentos que ainda estavam por vir. Allan Kardec, em A
Gênese, explica-nos a questão, lançando mão de um exemplo: um homem ao pé
da montanha e o outro no topo. O que está em baixo não consegue ver o que está
do outro lado; o que está no topo, sim.
Na perspectiva da virtualização há que
se distinguir o trabalho do emprego. O emprego é
uma tarefa que temos de realizar, durante um certo período de tempo, para
receber um determinado salário, a fim de manter a nossa subsistência. O trabalho,
por seu turno, diz respeito à realização pessoal, à vocação e à
espiritualização do ser. O trabalho é muito mais valioso que o emprego, pois há
muita gente que tem emprego e não tem trabalho e muitas que trabalham 24 horas
por dia e não tem emprego.
O Mito da Caverna de
Platão faz sentido. Ao colocar os homens dentro de uma caverna, de costas para
a luz, de modo que só vissem as suas próprias sombras, Platão comunicava-nos a
existência de um outro mundo, o mundo das essências, localizado no topos uranos,
um lugar no espaço, ao qual todos deveríamos voltar quando cessasse a nossa
passagem terrena. Lá, no mundo das essências, tudo existe em perfeição, como
forma. O nosso trabalho consiste em nos ajustarmos a essas formas perfeitas.
Esforcemo-nos por deixar a nossa mente
em plena atividade, evitando as reclamações de toda a sorte. Lembremo-nos da
frase de Jesus: "Tendo sustento e com o que nos cobrirmos estejamos
contentes". Eis a fórmula mágica de atualização das nossas virtualidades.
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