O ser humano deveria firmar — para consigo mesmo —
quatro compromissos interiores no sentido de atingir uma vida plena e
abundante. Eles são: cuidado com palavra empenhada, não levar nada para o lado
pessoal, não tirar conclusões de nada e oferecer o melhor de si em toda a
situação. Todos já ouviram falar, já leram a respeito, mas a sua prática não é
tarefa fácil. Exige esforço, dedicação e tomada de consciência de cada situação
de nossa vida. Teçamos alguns comentários acerca de cada um dos compromissos.
Cuidado com a palavra empenhada. A palavra é um dom divino e, por esta razão,
deveria ser usada essencialmente para veicular a verdade. Se nossa palavra
prestar-se à mentira, à leviandade e ao embuste, as consequências desses atos
vão se incorporando ao nosso caráter e à nossa personalidade. Sem o
percebermos, aprisionamo-nos a esses reflexos e cerceamos a liberdade do nosso
espírito imortal. Sabemos que adquirir um hábito é muito fácil; o problema está
em se desvencilhar dele depois. Prestemos, assim, muita atenção ao que falamos
com os outros, dos outros e conosco mesmos.
Não leve nada para o lado pessoal. É sabedoria antiga, mas acabamos negligenciando a
sua aplicação prática. Confúcio já nos dizia que não é a pessoa que nos fere,
mas a imaginação que fazemos sobre o que ela disse. Nesse caso, poder-se-ia
pensar que quando a pessoa nos feriu, ela não nos feriu, mas feriu-se a si
mesma, porque comunicou a sua maneira de ser, a sua maneira de pensar, a sua
concepção de vida. E a concepção de vida de uma pessoa não tem muito a ver com
a concepção de vida da outra, pois cada um age de acordo com os seus juízos de
valores.
Não tire conclusões. Quando alguém aparece em público, imediatamente
formamos uma imagem estereotipada: se é gorda, achamos que come demais; se é
magra, faz regime exemplar. Um amigo conta-nos um segredo sobre determinada
pessoa. Quando tivermos que nos relacionar com aquela pessoa, já vamos com uma
imagem pré-conceituada. Pergunta: como penetrar no mundo interior do outro se
nem no nosso somos capazes? Lembremo-nos de que cada ser humano é uma
individualidade que merece respeito, ocupe que posição ocupar na sociedade.
Ofereça o melhor de si. Façamos com que cada hora conte no cômputo geral
do dia. Aproveitemos cada minuto como se fosse o último. Uma pessoa está em
dificuldade, prestemos o auxílio hoje, porque o deixando para o dia seguinte, é
possível que nem haja mais necessidade. E se o Senhor houver por bem levar a
sua alma? Caso tenhamos dúvida acerca de nosso auxílio, façamos a seguinte pergunta
a nós mesmos: que meios a Providência divina colocou em minhas mãos para que eu
possa ajudar com eficiência?
Pondo em prática esses pequenos compromissos, vamos
formando uma vasta rede de atuações em sociedade. No final de nossa vida
podemos ter certeza que teremos um desencarne tranquilo, pois agimos em função
de uma consciência bem formada.
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