01 julho 2008

Imagem e Realidade

O ser humano, na sua maioria, forma uma imagem dos fatos e permanece fixo nessa dimensão da realidade. Quando algo vem de encontro à sua maneira de pensar, logo acha motivos para rechaçar tal ideia, uma vez que já tem um conceito formado sobre o assunto. Ao mesmo tempo, como que de prontidão, cognomina de inverdade o conhecimento estranho que se lhe apresentou.

Diz-se que a realidade é o que é. Ela não é nem falsa nem verdadeira. Falsos ou verdadeiros são os nossos juízos a respeito da mesma. Significa dizer que a imagem que fazemos da realidade pode ser verdadeira ou falsa. Porém, como, distinguir a imagem falsa da verdadeira? Nesse sentido, os filósofos desenvolveram duas teorias - a da correspondência e a da coerência - tentando, com isso, elucidar o problema da verdade e do verdadeiro.

Na teoria da correspondência, "verdadeiro" significa "o que é coerente com os fatos"; na teoria da coerência, "verdadeiro" significa "o que é coerente com o corpo de enunciados aceitos". A crítica da teoria da coerência pode ser visualizada da seguinte forma: geralmente enunciamos o fato de acordo com nossa razão, mas não suficiente para aceitá-lo como verdadeiro, pois se a coerência é uma prova da verdade não pode ser o mesmo que a verdade. A crítica da correspondência encontra-se em formular uma correspondência sem sentido algum, mas mostrando coerência lógica. Um exemplo: é verdadeiro que não existem os centauros. Mas o que são os centauros?

A posição filosófica da imagem depende muito da visão do observador. Caso seja pragmatista, a imagem que formará da realidade será a de utilidade, no sentido de que tudo o que é útil é verdadeiro. Caso seja existencialista, a imagem do mundo exterior será uma massa de inconsistências e de absurdos, em que o senso real é o não senso, ou seja, o mundo é meramente a ilusão de nossas próprias ideias.

Diante dessas dificuldades de ordem epistemológicas, onde buscar o verdadeiro sentido da nossa existência? Na . Somente a  é capaz de dar-nos o equilíbrio do pensamento e auxiliar-nos a formar uma imagem mais ajustada à própria realidade. Isto prova que existe em cada um de nós um elemento latente, natural, que nos faz crer no bem, na justiça, no amor sem que precisemos provar a sua coerência lógica.

Formemos uma imagem serena da realidade. Somente assim conseguiremos vencer o mar alto das grandes desilusões do nosso pensamento.

Fonte de Consulta

BOULDING, K. E., The Image: Knowledge in Life and Society. 6. ed., Estados Unidos, University of Michigan, 1968

URMSON, J. O. Enciclopedia Concisa de Filosofía y filósofos. 2. ed., Madrid, Catedra, 1975.

 

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