O que é um problema? Em filosofia, o problema não é
um cálculo matemático; ele deve resumir uma pergunta, com fundamento
gramatical. Assim, antes de estudarmos Kant, Hegel e Leibniz, deveríamos
descobrir o que eles estavam procurando, ou seja, que tipo de resposta eles
queriam dar às suas perguntas. Nesse sentido, o conteúdo filosófico é muito
mais importante do que a descrição histórica, do que contar história. Para uma
melhor compreensão do que seja a filosofia, convém tratarmos da racionalidade,
da intersubjetividade, do algoritmo e da refletividade.
A filosofia deve ser racional. Deve-se
dar esclarecimento, mas esclarecimento que vá ao fundo da questão. O verdadeiro
filósofo não se prende a questiúnculas; ele quer dar uma explicação cabal,
aquela que vai às origens do problema, da pergunta. Para melhor explicar, ele
deve juntar, amontoar e classificar. E o que é isso? É simplificar, é tornar o
conhecimento compreensível, sem necessidade de muitas figuras de linguagem. Um
texto nebuloso, e excessivamente rebuscado, mostra muito mais a limitação do
pensador do que a sua intelectualidade.
A filosofia, ao contrário do que a maioria pensa,
não é obra subjetiva, ou seja, exclusiva de um pensador. Ela se expressa
através da intersubjetividade, que é o inter-relacionamento de ideias
e pensamentos. Vista por este ângulo, a filosofia pertence ao coletivo; ela é a
soma de todos os pensamentos e raciocínios. Não há assim tanta arbitrariedade
como normalmente se pensa. Em realidade, cada pensador, cada filósofo nada mais
faz do que tornar seu o que é coletivo, e expressar tudo isso com suas próprias
palavras.
A filosofia não é algoritmo, ou seja,
não se apresenta como uma padronização que a tudo se ajusta. Algoritmo, segundo
o Aurélio é o processo de cálculo, ou de resolução de um grupo de problemas
semelhantes, em que se estipulam, com generalidade e sem restrições, regras
formais para a obtenção do resultado, ou da solução do problema. Na filosofia,
embora o coletivo permaneça, cada qual deve construir o seu próprio
conhecimento. Dessa forma, haverá sempre muita espontaneidade e muita
criatividade nos pensamentos de cada filósofo.
A filosofia é reflexiva. Deve abranger
algo voltado para dentro do próprio sujeito pensante. Por isso, quando o
filósofo se expressa ele deve expressar-se a si mesmo e não o pensamento dos
outros. Além do mais, a reflexão deve ser fruto de um perfeito amadurecimento
do espírito que, calma e tranquilamente, vai absorvendo as verdades que lhe
forem sendo apresentadas. Depreende-se, daí, que a ansiedade é prejudicial,
pois dificulta os voos do Espírito rumo ao conhecimento superior.
Coloquemos devidamente os problemas filosóficos.
Procedendo desta forma, eliminaremos muitas questões supérfluas. Uma busca sem
objetivo não só é inútil como também nos faz perder tempo precioso, que poderia
ser mais bem alocado em nossa melhoria interior.
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