O que significa pensar por nós mesmos? Seria
transformar o pensamento em ação? Debruçar sobre a leitura de livros? Escrever
um livro? Parafrasear o pensamento do próximo? Aprofundar um tema? Estas são,
dentre muitas outras, questões substanciais acerca do pensar.
Dever e responsabilidade são, respectivamente, os primeiros elementos
na tentativa de pensarmos por nós mesmos. Por que? Porque quando estivermos
cônscios de nossos deveres para com o próximo, a nossa responsabilidade
concomitantemente ajusta-se a esse status quo. Assim sendo, as
nossas atitudes e comportamentos tendem a colocar em prática os pressupostos de
nossos objetivos, induzindo-nos a prestarmos mais atenção aos estímulos que nos
cercam, no sentido de dirigirmos melhor a nossa conduta para o papel que devemos
desempenhar na sociedade.
O pensar por nós mesmos pode ser auxiliado pela
filosofia de Kant, quando ele analisa o sapere aude! "Tem
coragem de fazer uso do teu próprio entendimento, tal é o lema da
filosofia". Nesse contexto, ele fala da menoridade e da maioridade na arte
de pensar. Para Kant, menoridade é pensar pela cabeça do outro, quer seja um
homem famoso, um juiz ou guru; a maioridade, por outro lado, é enfrentar toda a
situação com o espírito crítico e coragem intelectual. Estar, sozinho, no meio
de uma floresta é um bom exercício. Sem ninguém que nos guie, temos de
encontrar a saída.
Pensar não requer verbosidade. Os Espíritos
superiores, quando se comunicam conosco, fazem-no de modo sintético, ou seja,
com o mínimo de palavras possíveis, sem prejuízo do conteúdo a ser transmitido.
Para que perder tempo, enchendo de letras e mais letras os papéis que, depois,
serão transformados em livros para que outros percam tempo lendo o que
escrevemos? Respeitemos o nosso próximo: transmitamos a nossa mensagem de modo
claro, objetivo e sem segundas intenções.
Vez ou outra o nosso pensamento recebe fluxos
negativos e uma mórbida obsessão ecoa em nosso psiquismo. Assim mesmo, é
imperioso lutar para não sermos tragados pelas influências menos felizes. Nesse
mister, convém não nos deixarmos guiar pela imaginação catastrófica. Devemos,
sim, direcionar a nossa mente para os fins que nos propomos, embora tudo a
derredor pareça ir contra. Quem sabe se todos esses incômodos não estão nos
fortalecendo para o que há de vir?
Pensar por nós mesmos é, acima de tudo, estar
debaixo da vontade de Deus. E estar com Deus, mesmo que seja no Inferno, é
estar no Paraíso.
Fonte de Consulta
BUZZI, Arcângelo R. Introdução ao Pensar: O
Ser, o Conhecimento, a Linguagem. 28. ed., Petrópolis, Vozes, 2001.
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