A essência dos problemas levantados por
filósofos e pensadores do mundo todo pode ser resumida em: 0, 1, ∞, isto é, o
nada, o ser e o infinito. O relacionamento entre essas três grandezas
matemáticas oferece-nos uma quantidade enorme de conhecimentos. Reflitamos
sobre alguns deles.
Número – do gr. némô, dividir,
comporta duas definições: 1) convencional e utilitária; 2) tradicional e
numerológica. A definição convencional e utilitária é a determinação de uma
ordem ou de uma quantidade. Por exemplo, a seqüência de números inteiros: 1, 2,
3, 4... A definição tradicional e numerológica é o instantâneo de um
movimento. Neste caso, há uma trama, uma cadeia que liga o zero, o um e o
infinito. As obras O Ser e o Nada, de Jean Paul-Sartre, e O Zero
e o Infinito, de A. Koestler, são exemplos vivos desta definição.
Materialmente, os números são a
multiplicação do um; metafisicamente, a divisão. Desse paradoxo surgem diversos
problemas que o ser humano é convidado a resolver. Consideremos a relação
matemática 1/0 = ∞. O 1, isto é, o "primeiro germe do ser", é igual
ao produto do "Nada" pelo "Todo". No hinduísmo, explica-se
que o 0, indefinido, contém em potencial o infinito, o qual preexiste
necessariamente ao 1 e a qualquer múltiplo de 1. lembremo-nos, também, de que
todas as cosmogonias tradicionais explicam a criação do Universo a partir do 1
e de sua explosão ao infinito.
A atenção é uma faculdade em germe.
Inicialmente "pontual", se estende em seguida, a vários outros
pontos. Nesse caso, pode ser entendida como a relação entre a unidade e a
diversidade. A concentração exige que ampliemos a unidade, mas sem que ela se
disperse, ou seja, sem que percamos o nosso eixo, o nosso centro, o nosso
objetivo como ser humano pensante. Acontece que os atrativos da vida
(diversidade, diversões) são tantos que acabamos nos desviando do rumo traçado,
comprometendo sobremaneira o nosso progresso moral e espiritual.
O símbolo esotérico — um triângulo
sobre o outro — é uma aplicação prática da relação entre a unidade e a
diversidade. Ele mostra que cada um dos vértices é único, enquanto o lado
oposto é cheio de pontos. O vértice é a unidade; os demais pontos, a
diversidade, o infinito. Há, assim, um movimento que vai do 1 ao infinito e
outro que vem do infinito ao 1. O Um e o Múltiplo da filosofia tenta desvendar
esse mistério. Para isso, há necessidade de penetrar no âmago dos ensinamentos
dos grandes mestres.
Os números fascinam muita gente,
principalmente economistas e políticos. Nós, contudo, devemos ser senhores dos
números e não escravos deles.
Fonte de Consulta
CHABOCHE, François-Xavier. Vida e
Mistério dos Números. Tradução de Luiz Carlos Teixeira de Freitas. São Paulo:
Hemus, s.d.p.
Nenhum comentário:
Postar um comentário