01 julho 2008

Número: Unidade e Diversidade

A essência dos problemas levantados por filósofos e pensadores do mundo todo pode ser resumida em: 0, 1, ∞, isto é, o nada, o ser e o infinito. O relacionamento entre essas três grandezas matemáticas oferece-nos uma quantidade enorme de conhecimentos. Reflitamos sobre alguns deles.

Número – do gr. némô, dividir, comporta duas definições: 1) convencional e utilitária; 2) tradicional e numerológica. A definição convencional e utilitária é a determinação de uma ordem ou de uma quantidade. Por exemplo, a seqüência de números inteiros: 1, 2, 3, 4... A definição tradicional e numerológica é o instantâneo de um movimento. Neste caso, há uma trama, uma cadeia que liga o zero, o um e o infinito. As obras O Ser e o Nada, de Jean Paul-Sartre, e O Zero e o Infinito, de A. Koestler, são exemplos vivos desta definição.

Materialmente, os números são a multiplicação do um; metafisicamente, a divisão. Desse paradoxo surgem diversos problemas que o ser humano é convidado a resolver. Consideremos a relação matemática 1/0 = ∞. O 1, isto é, o "primeiro germe do ser", é igual ao produto do "Nada" pelo "Todo". No hinduísmo, explica-se que o 0, indefinido, contém em potencial o infinito, o qual preexiste necessariamente ao 1 e a qualquer múltiplo de 1. lembremo-nos, também, de que todas as cosmogonias tradicionais explicam a criação do Universo a partir do 1 e de sua explosão ao infinito.

A atenção é uma faculdade em germe. Inicialmente "pontual", se estende em seguida, a vários outros pontos. Nesse caso, pode ser entendida como a relação entre a unidade e a diversidade. A concentração exige que ampliemos a unidade, mas sem que ela se disperse, ou seja, sem que percamos o nosso eixo, o nosso centro, o nosso objetivo como ser humano pensante. Acontece que os atrativos da vida (diversidade, diversões) são tantos que acabamos nos desviando do rumo traçado, comprometendo sobremaneira o nosso progresso moral e espiritual.

O símbolo esotérico — um triângulo sobre o outro — é uma aplicação prática da relação entre a unidade e a diversidade. Ele mostra que cada um dos vértices é único, enquanto o lado oposto é cheio de pontos. O vértice é a unidade; os demais pontos, a diversidade, o infinito. Há, assim, um movimento que vai do 1 ao infinito e outro que vem do infinito ao 1. O Um e o Múltiplo da filosofia tenta desvendar esse mistério. Para isso, há necessidade de penetrar no âmago dos ensinamentos dos grandes mestres.

Os números fascinam muita gente, principalmente economistas e políticos. Nós, contudo, devemos ser senhores dos números e não escravos deles.

Fonte de Consulta

CHABOCHE, François-Xavier. Vida e Mistério dos Números. Tradução de Luiz Carlos Teixeira de Freitas. São Paulo: Hemus, s.d.p.

 

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