06 novembro 2005

Como se Faz um Ensaio

Em filosofia, há inúmeros temas para se escrever um ensaio: o problema dos universais, a questão do livre-arbítrio, a relação entre fé e razão, a existência de Deus, a origem do universo entre tantos outros. Para os filósofos iniciantes, que possuem pouco conhecimento sobre a matéria, os temas devem ser gerais. Conforme vão obtendo maiores conhecimentos, os temas podem ser mais específicos, o que mostra um amadurecimento do próprio filosofar. Em outras palavras: o aprofundamento exige conhecimento anterior.

O esboço do tema vem a seguir. Divide-se o trabalho em partes, o que implica na introdução, no desenvolvimento do tema e na conclusão. Primeiramente, o esboço é mental; depois, é necessário colocá-lo no papel, mesmo que de forma imperfeita. Nesse mister, verificamos que o ato de escrever torna consciente aquilo que está como ideia abstrata. Ainda mais: o ato de escrever estimula o pensamento, que fará esforços de procurar outros argumentos, no sentido de dar prosseguimento ao que foi iniciado.

Escrever, sem se preocupar com o sentido da frase, é uma técnica bastante produtiva. Dá-se a isso diversos nomes, entre os quais tempestade de cérebros. Como proceder? Pegamos um tema e procuramos anotar tudo o que nos vem à mente. Adjetivo, pronome, relacionamentos, pessoas etc. É uma forma de forçar o pensamento, que procura em nosso subconsciente tudo o que já temos memorizado sobre o assunto. Com isso, podemos também estimular a associação de ideias, que é construir pensamentos que nunca havíamos tido antes.

A pesquisa bibliográfica deve sempre proceder a anotação das ideias. Por que? Se vier em primeiro lugar ela nos tira o esforço de pensarmos por nós mesmos. Há também o inconveniente de não termos muito que escrever, pois nada nos parece nosso e sim do outro. A pesquisa bibliográfica deve servir para corrigir eventuais erros ou acrescentar ideias que não tínhamos. Mesmo que tenhamos escrito algo indevido, isso não é perdido. Nesse caso, usa-se uma técnica muito salutar, a de colocar aquilo como uma possibilidade e, em seguida, o pensamento do autor consultado.

Um cuidado especial se deve ter para com a correção gramatical e de estilo. A revisão gramatical deveria vir em primeiro lugar. Para isso, há muitos livros de português. Posteriormente, faz-se uma revisão do estilo. A correção do estilo é a melhoria da frase para torná-la mais polida e mais fácil de ser compreendida. Para tanto, devem-se preferir frases curtas e o verbo na voz ativa. Se necessário, a substituição de palavras por um de seus possíveis sinônimos.

A frase "1% de inspiração e 99% de transpiração" tem grande fundamento, ou seja, mostrar-nos que é escrevendo que se aprende a escrever. Não há outro remédio.

Fonte de Consulta

MARTINICH, A. P. Ensaio Filosófico: o que é, como se faz. Tradução por Adail U. Sobral. São Paulo, Loyola, 2002.