"Podemos ter a imaginação como companheira, mas devemos seguir a
razão como nosso guia." (Samuel Johnson)
Lógica — do grego logos significa “palavra”,
“expressão”, “pensamento”, “conceito”, “discurso”, “razão”. Para Aristóteles, a
lógica é a “ciência da demonstração”; Maritain a define como a “arte que nos
faz proceder, com ordem, facilmente e sem erro, no ato próprio da razão”; para
Liard é “a ciência das formas do pensamento”. Poderíamos ainda acrescentar: “É
a ciência das leis do pensamento e a arte de aplicá-las corretamente na procura
e demonstração da verdade.
A filosofia, no correr dos séculos, sempre se preocupou com o
conhecimento, formulando a esse respeito várias questões: Qual a origem do
conhecimento? Qual a sua essência? Quais os tipos de conhecimentos? Qual o
critério da verdade? É possível o conhecimento? À lógica não interessa nenhuma
dessas perguntas, mas apenas dar as regras do pensamento
correto. A lógica é, portanto, uma disciplina propedêutica.
Aristóteles é considerado, com razão, o fundador da lógica. Foi ele,
realmente, o primeiro a investigar, cientificamente, as leis do pensamento.
Suas pesquisas lógicas foram reunidas, sob o nome de Organon, por
Diógenes Laércio. As leis do pensamento formuladas por Aristóteles se
caracterizam pelo rigor e pela exatidão. Por isso, foram adotadas pelos
pensadores antigos e medievais e, ainda hoje, são admitidas por muitos
filósofos.
O objetivo primacial da lógica é, portanto, o estudo da inteligência sob
o ponto de vista de seu uso no conhecimento. É ela que fornece ao filósofo o
instrumento e a técnica necessárias para a investigação segura da verdade. Mas,
para conseguirmos atingir a verdade, é preciso raciocinarmos com exatidão e
partirmos de dados exatos, a fim de que o espírito não caia em contradição
consigo mesmo ou com os objetos, afirmando-os diferente do que, na realidade,
são. Daí as várias divisões da lógica.
Assim sendo, a extensão e compreensão do conceito, o juízo e o
raciocínio, o argumento, o silogismo e o sofisma são estudados dentro do tema
lógica. O silogismo, que é um raciocínio composto de três proposições,
dispostos de tal maneira que a terceira, chamada conclusão, deriva logicamente
das duas primeiras chamadas premissas, tem lugar de destaque. É que todos os
argumentos começam com uma afirmação caminhando depois por etapas até chegar à
conclusão.
Estudemos a lógica, pois não basta conhecer a verdade, é preciso que
saibamos refutar os erros. E só o conseguiremos com a exatidão do pensar.
Complemento
Em Platão, temos muitos conceitos religiosos e
quase esotéricos. Aristóteles, ao contrário, é um racionalista
que procura livrar o pensamento de todos os vestígios míticos. A purificação do
pensamento está embasada em sua Lógica. Historicamente, a lógica é precedida
pela antilógica, a disciplina que os sofistas batizam como a arte da
contradição (antilogike techné). Para Aristóteles, a sabedoria
sofista era aparente, irreal, e o sofista ganhava dinheiro com uma sabedoria de
aparências, não com a verdadeira.
Tencionando separar a sabedoria verdadeira da
sabedoria aparente, Aristóteles lança o seu Organon, em
que esclareceu com maior exatidão o que nos parece quase natural (há
entendimento ativo ou passivo, há essência e acidente, etc.), diferenciações
que nunca haviam sido feitas antes. Tornou claro o são identidade e
casualidade, o que é uma dedução, entre outros.
Kant pode dizer mais tarde que a lógica desde Aristóteles "não
conseguiu avançar nenhum passo, parecendo, dessa forma, finalizada e perfeita
em todos os sentidos"
Este complemento foi extraído de: BURCKHARDT,
Martin. Pequena História das Grandes Ideias: Como a Filosofia
Inventou nosso Mundo. Tradução de Petê Rissatti. Rio de Janeiro: Tinta Negra
Bazar Editorial, 2011.
Extraído do livro Use a Lógica, de D. Q. Mclnerny
Ser uma pessoa lógica pressupõe ter sensibilidade à linguagem e
capacidade para usá-la efetivamente, pois lógica e linguagem são
inseparáveis. Muitos erros de raciocínio são explicados pelo fato de não
prestarmos atenção suficiente à situação em que nos encontramos. Por isso,
deveríamos ir direto aos fatos que, objetivamente, podem ser: coisas ou
acontecimentos.
Deveríamos distinguir três componentes básicos no conhecimento
humano: primeiro, o fato objetivo (um gato); segundo, a ideia de gato;
terceiro, a palavra que usamos para essa ideia, que permite a comunicação (por
exemplo, em português, “gato”).
Para uma comunicação eficaz, há algumas diretrizes:
Não suponha que a audiência entende sua intenção se você não deixa isso
explícito.
Use frases completas.
Não trate as proposições avaliativas como se fossem proposições de um
fato objetivo.
Evite duplicar as negativas.
Prepare a linguagem para a sua audiência.