Por homem comum entendemos
o indivíduo que não se ocupa profissionalmente da filosofia. É a dona de casa,
o operário, o estudante e o trabalhador, que no afã de aprenderem, debruçam-se
sobre alguns problemas e querem tê-los resolvidos, através do auxílio de um
filósofo de renome.
Adentrando na filosofia, depara-se com
as suas inúmeras interpretações, fornecidas por cada filósofo em particular. Em
linhas gerais, se o filósofo for materialista, considerará a matéria como o
fenômeno e o espírito como epifenômeno; se espiritualista, dará atenção
especial ao espírito, e tratará a matéria como um epifenômeno. Além disso, como
a filosofia é mais filosofar do que veicular conceitos, entrará em contato com
tantos pontos de vista que ficará perplexo diante de tanta informação.
Passado por cima dessa primeira
dificuldade, o homem comum atreve-se a fazer as suas primeiras perguntas. Mas
as respostas que lhe dão não são mais do que outras questões, de modo que a
convicção de que teria uma resposta correta sobre a sua dúvida, acaba caindo
por terra. Sente-se confuso e desanimado ante tantas outras questões que nem
sequer teria imaginado existir. Quer desistir, deixar como está para ver como é
que fica. Afasta-se temporariamente.
Depois de algum tempo, volta novamente
à carga, e encontra mais dúvidas e mais questionamentos. Pensa consigo mesmo:
essa coisa não tem fim. Não seria melhor ficar do jeito que está, sem problemas
para resolver, sem amargura na cabeça? De que vale o conhecimento, se não terei
paz depois de havê-lo adquirido? Como esses pensamentos não têm fim, a sua
perplexidade fica ainda maior. Quer voltar, mas a rota já está traçada. A
necessidade de novos conceitos impulsiona-o para a frente.
Seguindo, porém, o impulso de seu
sentimento, acaba achando um consolo prodigioso na filosofia. É que os
filósofos nos dizem que quando chegamos a este estado de espanto, de
perplexidade, estamos adentrando no verdadeiro ato de filosofar, que é a busca
do conhecimento por nós mesmos, pelo nosso esforço, pela nossa atitude mental.
Quer dizer, sabemos porque buscamos o conhecimento, porque pesquisamos, porque
nos debruçamos sobre as questões, sobre os conceitos, enfim sobre o âmago do
aprendizado.
Olhemos sempre o lado bom das pessoas e
das coisas. Por trás de uma confusão, de uma crise, de um desilusão pode haver
um manancial de conhecimento que antes não imaginávamos.
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