01 julho 2008

Linguagem e Filosofia

Por que a Linguagem Interessa à Filosofia? Este é o título do livro de Ian Hacking, resultado de uma série de palestras, ministradas em Cambridge, nos anos 1972 e 1973, a calouros, estudantes de pós-graduação e docentes. O apogeu das ideias, o apogeu dos significados e o apogeu das sentenças são os seus tópicos principais. Estudemo-los.

O discurso mental de Thomas Hobbes, as ideias de Port Royal e as abstrações de bispo Berkeley retratam o período, conhecido como o apogeu das ideias. Para eles e, principalmente para Tomas Hobbes, a palavra é um signo, uma marca da ideia. Tudo começa no discurso mental do emissor, que deve transformá-lo em discurso verbal, para novamente ser transformado em discurso mental no receptor. Embora a palavra esteja revestida de emoção e afetividade, o mais importante é o receptor captar ampla e totalmente a mensagem de emissor.

O inatismo de Noam Chomsky, o conhecimento por familiaridade de Bertrand Russell, a articulação de Ludwig Wittgenstein, a verificação de A. J. Ayer e os sonhos de Norman Malcolm fundamentam o período do apogeu dos significados. Aqui tenta-se não somente expressar uma palavra, mas recorrer ao seu verdadeiro significado, pois se não definirmos corretamente as palavras, a ambiguidade avolumar-se-á indefinidamente, comprometendo a compreensão do seu sentido.

As teorias de Paul Feyerabend, a verdade de Donald Davidson caracterizam o apogeu das sentenças. É uma posição mais recente do estudo da linguagem e mostra a dificuldade que temos para entender uma palavra por ela mesma, sem considerá-la dentro de um contexto. É a sentença, a frase e o enunciado que direcionarão a nossa compreensão do tema. Isto porque uma palavra pode ter diversos sentidos e somente numa sentença podemos extrair o seu verdadeiro significado.

Resumindo o período do apogeu das ideias, do apogeu dos significados e do apogeu das sentenças, poderíamos dizer com Quine que "o conhecimento é um tecido de sentenças". Quer dizer, nada permanece estático. Observe, por exemplo, a comparação histórica da palavra daimon. Na época de Sócrates, daimon significava anjo bom, guia, protetor, anjo de guarda; atualmente, transformou-se em demônio, o anjo mau. Assim sendo, devemos verificar que a palavra é simples demais para ter definição.

Depreende-se desta reflexão que toda palavra deve ser vista de acordo com o seu contexto, hábitos e costumes. O que para nós é considerado imoral para outros povos pode ser virtuoso.

Fonte de Consulta

HACKING, Ian. Por que a Linguagem Interessa à Filosofia? São Paulo, UNESP, 1999.


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