Por que a Linguagem Interessa à
Filosofia? Este é o título do livro de Ian
Hacking, resultado de uma série de palestras, ministradas em Cambridge, nos
anos 1972 e 1973, a calouros, estudantes de pós-graduação e docentes. O apogeu
das ideias, o apogeu dos significados e o apogeu
das sentenças são os seus tópicos principais. Estudemo-los.
O discurso mental de Thomas Hobbes, as ideias de Port Royal e as abstrações de bispo Berkeley retratam o período,
conhecido como o apogeu das ideias. Para eles e, principalmente
para Tomas Hobbes, a palavra é um signo, uma marca da ideia. Tudo começa no
discurso mental do emissor, que deve transformá-lo em discurso verbal, para
novamente ser transformado em discurso mental no receptor. Embora a palavra
esteja revestida de emoção e afetividade, o mais importante é o receptor captar
ampla e totalmente a mensagem de emissor.
O inatismo de Noam Chomsky, o
conhecimento por familiaridade de Bertrand Russell, a articulação de Ludwig
Wittgenstein, a verificação de A. J. Ayer e os sonhos de Norman Malcolm
fundamentam o período do apogeu dos significados. Aqui tenta-se não
somente expressar uma palavra, mas recorrer ao seu verdadeiro significado, pois
se não definirmos corretamente as palavras, a ambiguidade avolumar-se-á
indefinidamente, comprometendo a compreensão do seu sentido.
As teorias de Paul Feyerabend, a
verdade de Donald Davidson caracterizam o apogeu das sentenças. É
uma posição mais recente do estudo da linguagem e mostra a dificuldade que temos
para entender uma palavra por ela mesma, sem considerá-la dentro de um
contexto. É a sentença, a frase e o enunciado que direcionarão a nossa
compreensão do tema. Isto porque uma palavra pode ter diversos sentidos e
somente numa sentença podemos extrair o seu verdadeiro significado.
Resumindo o período do apogeu
das ideias, do apogeu dos significados e do apogeu das
sentenças, poderíamos dizer com Quine que "o conhecimento é um tecido de
sentenças". Quer dizer, nada permanece estático. Observe, por exemplo, a
comparação histórica da palavra daimon. Na época de Sócrates, daimon significava
anjo bom, guia, protetor, anjo de guarda; atualmente, transformou-se em
demônio, o anjo mau. Assim sendo, devemos verificar que a palavra é simples
demais para ter definição.
Depreende-se desta reflexão que toda
palavra deve ser vista de acordo com o seu contexto, hábitos e costumes. O que
para nós é considerado imoral para outros povos pode ser virtuoso.
Fonte de Consulta
HACKING, Ian. Por que a
Linguagem Interessa à Filosofia? São Paulo, UNESP, 1999.
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