01 julho 2008

Ordem e Desordem

Ordem é a relação entre as partes de um todo, deste com as partes, e destas entre si. Implica multiplicidade de elementos, que mantém relação entre si, e segundo o logos (razão) dessa relação são eles dispostos. A ordem diz respeito ao princípio, à origem de onde ele surge, que é a normal, em suma, que subordina, afinal, os seus elementos. A desordem é apenas a visualização dos fatos não dispostos, segundo uma ordem, uma relação das partes com o todo.

Ao nos depararmos com a multiplicidade das coisas, procuramos dar-lhes um nexo, uma ordem, uma unidade, classificando-as, juntando-as de tal modo que possam apresentar alguma coerência para nós. Por exemplo, o empilhamento de livros de acordo com a altura é uma forma de ordená-los, porque segue uma unidade (altura do livro). Contudo, empilhá-los de acordo com o título ou mesmo o autor pode ser mais racional e ordenado, porque facilita a procura do mesmo. Desta forma, a desordem só existe sob o juízo de valor do observador. Uma tempestade pode ser considerada desordem, porque ainda não conseguimos captar a ordem física de tal fenômeno da natureza.

Em vista da complexidade do mundo que nos envolve, a ordem na vida social é solicitada a todo o momento. Se não houvesse uma ordem, uma direção, um projeto, um objetivo, em suma, uma unidade, os nossos esforços permaneceriam dispersos, caóticos, confusos. Por isso, a razão do provérbio: "Por que perambulas procurando tantas coisas? Procure uma só, onde estão as demais, e deixarás de perambular". Se procurarmos, fervorosamente, Deus em primeiro lugar, partiremos de uma unidade sólida, aonde tudo o mais vai se ajeitando conforme essa vontade maior e mais sublime do que a nossa.

Imaginemos uma empresa (pequena, média, estatal...) em que o sistema de controle vai ficando cada vez mais complexo. Se não houver uma ideia mãe, uma ideia central, uma ideia diretriz, o relacionamento entre as partes e todo pode se tornar ineficiente. Além disso, deve-se também ter a anuência dos funcionários para que forme um todo coeso com o chefe, com o diretor, com o ordenador. Em outras palavras, é preciso que o funcionário vista a camisa da empresa.

Observemos a ordem dos pensamentos quando as pessoas falam em público. Parece-nos que o bom orador desenvolve as suas ideias com nexo, onde um assunto puxa o outro para dar brilho, polidez e harmonia ao discurso. E o preparo da peça oratória? Será que obedeceu à ordem das palavras proferidas? Geralmente acontece ao contrário, ou seja, os pensamentos são inicialmente confusos, caóticos e irracionais; somente depois de muitas idas e vindas é que o tema toma corpo, robustece-se e cria imagens sólidas, que podem ser passadas ao público com desenvoltura e sobriedade.

Havendo ordem, o trabalho é facilitado sobremaneira. Quando as coisas estão no devido lugar, a organização funciona sem muitos atritos, pois ao procurar uma coisa, saberemos exatamente onde ela se encontra.

Fonte de Consulta

POLIS - ENCICLOPÉDIA VERBO DA SOCIEDADE E DO ESTADO. São Paulo: Verbo, 1986.

 

Um comentário:

Anônimo disse...

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