Ordem é a relação entre as partes de um todo, deste com as partes, e destas
entre si. Implica multiplicidade de elementos, que mantém relação entre si, e
segundo o logos (razão) dessa relação são eles dispostos. A
ordem diz respeito ao princípio, à origem de onde ele surge, que é a normal,
em suma, que subordina, afinal, os seus elementos. A desordem é
apenas a visualização dos fatos não dispostos, segundo uma ordem, uma relação
das partes com o todo.
Ao nos depararmos com a multiplicidade das coisas, procuramos dar-lhes
um nexo, uma ordem, uma unidade, classificando-as, juntando-as de tal modo que
possam apresentar alguma coerência para nós. Por exemplo, o empilhamento de
livros de acordo com a altura é uma forma de ordená-los, porque segue uma
unidade (altura do livro). Contudo, empilhá-los de acordo com o título ou mesmo
o autor pode ser mais racional e ordenado, porque facilita a procura do mesmo.
Desta forma, a desordem só existe sob o juízo de valor do observador. Uma
tempestade pode ser considerada desordem, porque ainda não conseguimos captar a
ordem física de tal fenômeno da natureza.
Em vista da complexidade do mundo que nos envolve, a ordem na vida
social é solicitada a todo o momento. Se não houvesse uma ordem, uma
direção, um projeto, um objetivo, em suma, uma unidade, os nossos
esforços permaneceriam dispersos, caóticos, confusos. Por isso, a razão do
provérbio: "Por que perambulas procurando tantas coisas? Procure uma só,
onde estão as demais, e deixarás de perambular". Se procurarmos,
fervorosamente, Deus em primeiro lugar, partiremos de uma unidade sólida, aonde
tudo o mais vai se ajeitando conforme essa vontade maior e mais sublime do que
a nossa.
Imaginemos uma empresa (pequena, média, estatal...) em que o sistema de
controle vai ficando cada vez mais complexo. Se não houver uma ideia mãe, uma ideia
central, uma ideia diretriz, o relacionamento entre as partes e todo pode se
tornar ineficiente. Além disso, deve-se também ter a anuência dos funcionários
para que forme um todo coeso com o chefe, com o diretor, com o ordenador. Em
outras palavras, é preciso que o funcionário vista a camisa da empresa.
Observemos a ordem dos pensamentos quando as pessoas falam em público.
Parece-nos que o bom orador desenvolve as suas ideias com nexo, onde um assunto
puxa o outro para dar brilho, polidez e harmonia ao discurso. E o preparo da
peça oratória? Será que obedeceu à ordem das palavras proferidas? Geralmente
acontece ao contrário, ou seja, os pensamentos são inicialmente confusos,
caóticos e irracionais; somente depois de muitas idas e vindas é que o tema
toma corpo, robustece-se e cria imagens sólidas, que podem ser passadas ao
público com desenvoltura e sobriedade.
Havendo ordem, o trabalho é facilitado sobremaneira. Quando as coisas
estão no devido lugar, a organização funciona sem muitos atritos, pois ao
procurar uma coisa, saberemos exatamente onde ela se encontra.
Fonte de Consulta
POLIS - ENCICLOPÉDIA VERBO DA SOCIEDADE E DO ESTADO. São Paulo: Verbo,
1986.
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