Sócrates (470-399 a.C.) foi o fundador do método em
Filosofia. Os filósofos que o antecederam tinham como objetivo principal a
busca da substância primeira, da substância que dava origem a tudo o mais. Uns
propunham que esse elemento original fosse a água, outros o ar, outros a terra
e outros ainda o fogo. Daí surgir a teoria dos quatro elementos, proposta por
Empédocles, e aceita mais tarde por Aristóteles. Sócrates mudou este fio
condutor da filosofia. Para ele, a filosofia deveria se preocupar essencialmente
com a ética e a estética, com a interioridade do ser humano, com o espírito
voltar-se para dentro de si.
O método socrático é baseado em perguntas e
respostas. Esse método não era original, pois Zenão de Eléia já o utilizava. O
que é novo é o enfoque de Sócrates. O método de Sócrates assentava-se em dois
momentos distintos: a ironia e a maiêutica. Na
ironia, procurava confundir o interlocutor sobre um determinado assunto que
este julgava conhecer. Na maiêutica, dava as explicações necessárias para a uma
melhor compreensão do tema. À semelhança de sua mãe, que era parteira,
ele paria as ideias.
Sócrates viveu entre os sofistas, mas não se
considerava um deles. Os sofistas eram os profissionais da palavra, que vendiam
os seus ensinamentos. Eles surgiram num momento em que a democracia grega se
desenvolvia a todo o vapor. Naquela época não havia o advogado para defender os
interesses dos cidadãos. Cada um tinha que se representar perante os juízes. Os
sofistas preparavam essas pessoas para fazerem a sua própria defesa. Para tal,
ensinavam e praticavam a argumentação, a controvérsia e a persuasão. As suas
aulas eram um verdadeiro treino de retórica.
Hoje, fala-se muito do método socrático na relação
ensino-aprendizagem. Os seus idealizadores esquecem-se de que Sócrates não se
dirigia às crianças, mas a moços e homens de espírito já formado, preparados
para seguir um raciocínio complicado ou um interrogatório hábil. As pessoas que
conviviam com Sócrates já tinham um estoque de conhecimento inicial. Eles não precisavam
começar do zero, como acontece com as crianças, que têm muito que absorver ao
longo de sua vida.
Conta-se que um discípulo de Pestalozzi, perante o seu mestre, sustentava as vantagens do processo pedagógico que procede pela interrogação, citando Sócrates. Pestalozzi retorquiu: "— Sócrates interrogava gente que tinha abundantemente o que responder", acrescentando: "Já viste a águia tirar passarinhos de um ninho onde a ave ainda não tenha posto os ovos?". A didática adotada hoje nas escolas aproxima-se da maiêutica socrática. Eles procuram que as perguntas acrescentem algo ao que o aluno já tenha sedimentado anteriormente, principalmente em se referindo às crianças de tenra idade.
Tenhamos em mente que qualquer método, em
filosofia, é sempre um meio; o fim é a busca a
verdade. A verdade, porém, não precisa de método para se manifestar. Ela pode
surgir das mais inesperadas situações.
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