O Tao é nome que se dá aos ensinamentos veiculados por
Lao-Tsé, há 2.600 anos, na China, no livro o Tao-Te-Ching. De
acordo com o seu autor, o Tao não pode ser definido, apenas conhecido, pela
mesma razão com que não podemos definir Deus. O livro foi escrito numa única
noite, como resposta ao homem da fronteira, que lhe pediu para ensinar tudo o
que sabia da vida. Diz-se que quando Lao-Tsé escreveu o livro ele estava mais
do que inspirado, ele estava iluminado. Ao longo de todo esse tempo, esse livro
foi traduzido para várias línguas, servindo de subsídio para muitas filosofias
e religiões.
Os ocidentais têm muita dificuldade de compreender o modo de atuar dos
orientais. É que nossa cultura foi formada à beira do mar (Mar Mediterrâneo),
em que imperava a racionalidade dos gregos, tais como Sócrates, Platão e
Aristóteles. Assim, para os ocidentais a busca da verdade deve passar
necessariamente pela argumentação, pela análise e pela dedução. Os chineses não
têm essa preocupação; o conhecimento da verdade vem pela intuição, pelo
não-atuar, por deixar a realidade se mostrar.
No que tange à arte, o mundo ocidental reteve as partes da
eficácia e segue voltado para o valor monetário, ou seja, para a materialização
dos arroubos do sentimento. Contudo a arte, na sua acepção mais acurada, é
tornar consciente o que está no subconsciente. Nesse sentido, os chineses estão
mais perto da verdadeira arte porque não evocam a personalidade e a
individualidade como os ocidentais, mas radicalmente a paisagem, que é
impessoal e mais próxima da natureza.
A metáfora da água é um dos símbolos mais ventilados no taoísmo.
Enquanto nós, ocidentais, estamos à procura da erudição e da eficiência, os
chineses se desenvolvem por meio do wu-wei (natureza) e
do tzu-jan (espontaneidade). Eles não buscam o saber; isso é
algo que emerge da situação, em virtude de uma não-ação, que não
quer dizer inação. Por isso, o repouso do sábio assemelha-se à água. Quando a
água está límpida e quieta, ela espelha melhor o seu conteúdo. Se estiver turva
e agitada, não conseguimos ver mais nada. Do mesmo modo, o sábio precisa de
repouso e tranquilidade para espelhar toda a sua sabedoria.
Os chineses não confundem atividade com a agitação. O fato de uma pessoa
ficar à beira do lago, sem nada fazer, não significa que esteja inativo. Ele
pode simplesmente estar captando ideias, absorvendo forças e energias do cosmo,
que lhes poderão ser úteis no momento aprazado. Para eles, basta que tomemos
consciência do que se nos acontece aqui e agora, sem qualquer tipo de
intervenção. As coisas simplesmente devem acontecer; o nosso trabalho consiste
em observar, sem julgamento, e esperar a lei do retorno, pois a dualidade ou a
separação não existe. As coisas formam um todo harmônico.
Em vista disso, não devemos nos preocupar com o fracasso e o sucesso.
Eles não são dicotômicos; fazem parte da atividade humana. E, se assim
pensarmos, iremos a qualquer lugar, sem medo do desconhecido.
Fonte de Consulta
RACIONERO, Luis. Textos de Estetica Taoista. Madrid:
Alianza, 1983.
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