A vida é uma ocupação com as coisas: comer, beber,
dormir, trabalhar e divertir-se. A ocupação é, antes de tudo, uma preocupação.
Ocupar-se, fazer algo segue imediatamente ao preocupar-se, ao ocupar-se
previamente com o futuro.
Pensar significa refletir sobre o passado e fazer
previsões sobre o futuro. Contudo, mesmo adotando essa atitude, é possível que
nossas cogitações sejam imprecisas. Em realidade, pensar a vida é uma tomada de
consciência do presente liberta dos atos passados e sem receios do futuro.
A vida é a soma do número de dias que se usufrui
durante uma existência terrena. Nossa medida de tempo é espacializada, visto
tomarmos o Sol e a Terra como pontos de referência. Um dia de vinte e quatro
horas é o tempo decorrido pelo movimento de rotação da Terra ao redor do Sol. O
que significa trinta, quarenta ou cinquenta anos de vida? Presos aos números,
esquecemo-nos de que a vida é realização do "eu espiritual".
A civilização moderna, aumentando nossas
necessidades, cria o desejo pelo novo. Não queremos deixar nada quieto. As
inovações são positivas, porém, quando mudamos por mudar, causamos um viés em
nosso pensamento. Estabelece-se um antagonismo entre o "eu
superficial" e o "eu profundo" de Bergson ou entre o
"inautêntico" e o "autêntico" de Heidegger. Há que se tomar
cuidado para não aceitar o falso pelo verdadeiro.
O "eu superficial sobrevive ao meio de
informações vindas pelo rádio, televisão, cinema, jornais. A maioria de nós
adota uma posição cômoda, esperando que os outros tracem o nosso destino.
Martin Heidegger (1889-1976), filósofo existencialista alemão, esclarece-nos
com um exemplo. Diz-nos ele: suponha que você esteja no meio de uma floresta
sem estradas e sem caminhos. Essa situação exige que cada um de nós seja
obrigado a construir o seu próprio caminho.
Pensar a vida nada mais é do que agir
filosoficamente, isto é, sem preconceitos e sem posições já assumidas
anteriormente. Temos de enfrentar os nossos problemas livres do espírito de
sistema.
Fonte de Consulta
MENDONÇA, E. P. de. O Mundo Precisa de
Filosofia. 2. ed., Rio de Janeiro, Agir, 1970.
GARCIA MORENTE, M. Fundamentos de Filosofia
- Lições Preliminares. 4. ed., São Paulo, Mestre Jou, 1970.
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