04 julho 2008

Pensar a Vida

A vida é uma ocupação com as coisas: comer, beber, dormir, trabalhar e divertir-se. A ocupação é, antes de tudo, uma preocupação. Ocupar-se, fazer algo segue imediatamente ao preocupar-se, ao ocupar-se previamente com o futuro.

Pensar significa refletir sobre o passado e fazer previsões sobre o futuro. Contudo, mesmo adotando essa atitude, é possível que nossas cogitações sejam imprecisas. Em realidade, pensar a vida é uma tomada de consciência do presente liberta dos atos passados e sem receios do futuro.

A vida é a soma do número de dias que se usufrui durante uma existência terrena. Nossa medida de tempo é espacializada, visto tomarmos o Sol e a Terra como pontos de referência. Um dia de vinte e quatro horas é o tempo decorrido pelo movimento de rotação da Terra ao redor do Sol. O que significa trinta, quarenta ou cinquenta anos de vida? Presos aos números, esquecemo-nos de que a vida é realização do "eu espiritual".

A civilização moderna, aumentando nossas necessidades, cria o desejo pelo novo. Não queremos deixar nada quieto. As inovações são positivas, porém, quando mudamos por mudar, causamos um viés em nosso pensamento. Estabelece-se um antagonismo entre o "eu superficial" e o "eu profundo" de Bergson ou entre o "inautêntico" e o "autêntico" de Heidegger. Há que se tomar cuidado para não aceitar o falso pelo verdadeiro.

O "eu superficial sobrevive ao meio de informações vindas pelo rádio, televisão, cinema, jornais. A maioria de nós adota uma posição cômoda, esperando que os outros tracem o nosso destino. Martin Heidegger (1889-1976), filósofo existencialista alemão, esclarece-nos com um exemplo. Diz-nos ele: suponha que você esteja no meio de uma floresta sem estradas e sem caminhos. Essa situação exige que cada um de nós seja obrigado a construir o seu próprio caminho.

Pensar a vida nada mais é do que agir filosoficamente, isto é, sem preconceitos e sem posições já assumidas anteriormente. Temos de enfrentar os nossos problemas livres do espírito de sistema.

Fonte de Consulta

MENDONÇA, E. P. de. O Mundo Precisa de Filosofia. 2. ed., Rio de Janeiro, Agir, 1970.

GARCIA MORENTE, M. Fundamentos de Filosofia - Lições Preliminares. 4. ed., São Paulo, Mestre Jou, 1970.


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