O termo hermenêutica provém
do verbo grego h r m h n e u e i n (bem como de seus derivados h r m h n e u d
e h r m h n e u i a); significa declarar, anunciar, interpretar ou
esclarecer e, por último, traduzir. Apresenta, pois, uma multiplicidade de
acepções, as quais, entretanto, coincidem em significar que alguma coisa é
"tornada compreensível" ou "levada à compreensão". É a
tentativa de esclarecer um enunciado obscuro.
Não há certeza filológica que a
hermenêutica deriva de Hermes, o mensageiro dos deuses, a quem se atribui a
origem da linguagem e da escrita. É apenas uma hipótese, uma possibilidade. De
qualquer maneira, o teor de suas origens está nos textos religiosos,
principalmente os da Bíblia. A função da hermenêutica é levar à compreensão o
texto que possa parecer obscuro. É como que trazer à luz os anúncios do Apolo
de Delfos. Em síntese: refere-se a uma dimensão sacra: a compreensão e
interpretação da palavra divina.
A compreensão pode ser divinatória e comparativa.
A compreensão divinatória significa uma apreensão imediata do sentido, uma
espécie de precompreensão; a compreensão comparativa, uma elaboração da
compreensão por meio de múltiplos dados particulares. Foi por isso que
Scheleiermacher definiu a hermenêutica como a "reconstrução histórica e
divinatória, objetiva e subjetiva, de um dado discurso".
O problema da hermenêutica é o problema
da compreensão? Mas o que significa compreensão?
"Compreensão" vem de "compreender", que quer dizer
"tomar junto", "abranger com". Toda a compreensão é
apreensão de um sentido. De acordo com Dilthey "A compreensão pressupõe
uma vivência". Na raiz da compreensão está implícita a relação entre razão
e intelecto. A razão é discursiva enquanto o intelecto é intuitivo. A razão é
mediata, o intelecto imediato,
A hermenêutica é um problema
fundamental da Filosofia porque tenta buscar a compreensão em cada um dos
termos apresentados. Todo o esforço de compreensão é uma atividade em que o
Espírito vai ampliando a sua visão e entendimento de tudo o que por ele passa.
É a explicação detalhada em que o texto e o contexto estão irmanados num todo
harmônico. É a apreensão pelas suas causas primeiras, não aceitando ideias
inconclusivas, indo de etapa em etapa até a perfeita compreensão relativa de
que cada um é capaz.
Partamos sempre de um todo, a fim de
melhor compreender a parte. Este exercício deve ser constante, pois quanto mais
nos robustecemos melhor teremos ocasião de compreender as verdades eternas e
por elas sermos libertos de todo o mal.
Fonte de Consulta
CORETH, E. Questões
Fundamentais de Hermenêutica. São Paulo, EPU, Ed. da USP, 1973.
2 comentários:
Parabens pela explicação mestre. Otima ajuda.
Obrigado pelo incentivo.
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