01 julho 2008

Gigantografia e Niilismo

gigantografia, metáfora das mensagens violentas e exasperadas bem calculadas, utilizadas pelos escritores, com a finalidade de influenciar, além da razão, os sentimentos e a imaginação de seus leitores. Entre tais escritores, citam-se George Orwell, em seu 1984 e Aldoux Huxley, em seu Admirável Mundo Novo. Vejamos como cada um pinta o futuro da humanidade terrestre.

O romance de Orwell foi escrito em 1947 e revisado em 1948, ano em que o comunismo stalinista estava no seu apogeu. Na sua gigantografia do absolutismo estatal, ele inverte os dois últimos algarismos do ano em curso, projetando a situação econômica, política e religiosa para 36 anos à frente. De acordo com o seu pensamento, em 1984 o mundo estaria dominado pelo Estado totalitário, em que o ser humano iria vagarosamente perdendo a sua liberdade e a sua identidade, transformando-se numa larva humana.

Aldous Huxley, em 1931, já havia concluído o livro Admirável Mundo Novo, no qual destaca o racionalismo científico e o produtivismo tecnológico, a sua gigantografia. Ele, na sua maneira de interpretar a realidade futura, não combate o Estado como fizera Orwell, mas destaca a sutileza do progresso econômico na perda da liberdade do indivíduo. Comenta que o ser humano se deixou induzir pelas facilidades econômicas, invertendo, inclusive, o sentido da vida: a religião, a arte e os insights de criatividade são considerados pecados.

Felizmente, as profecias de Orwell não se deram na data prevista, pois o comunismo russo foi dissolvido entre 1987 e 1991, através do processo histórico da perestroika, iniciado com Gorbatchev, em 1985, quando se tornou secretário-geral do Partido comunista soviético. O mesmo não se pode dizer das profecias de Huxley, porque a sociedade caminha para essa posição de alienação do ser humano. Os homens do poder utilizam todos os meios para manipular os seus habitantes, embora não-violentos.

Diante desse quadro estarrecedor da conduta humana, os pensamentos de Nietsche sobre o niilismo e a morte de Deus fazem-nos refletir sobre a busca de um novo sentido da vida, que não seja meramente material, mas que tenha, em primeiro lugar, a conotação espiritual. A frase de Huxley: "Dê-me televisão e hambúrguer e não me venha com sermões sobre liberdade e responsabilidade", deveria ser substituída por esta: "Dê-me sabedoria e virtude e eu voarei até os céus".

Urge voltarmos à sabedoria dos antigos, que nos descortinam um sentido mais acurado para a nossa vida. Eles nos chamam a atenção para o aprendizado, a prática da virtude e a busca de uma moral elevada.

Fonte de Consulta

REALE, GIOVANNI. O Saber dos Antigos: Terapia para os Dias Atuais. Tradução de Silvana Cobucci Leite. São Paulo: Loyla, 1999.

 

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