A gigantografia, metáfora
das mensagens violentas e exasperadas bem calculadas, utilizadas pelos
escritores, com a finalidade de influenciar, além da razão, os sentimentos e a
imaginação de seus leitores. Entre tais escritores, citam-se George Orwell, em
seu 1984 e Aldoux Huxley, em seu Admirável Mundo Novo.
Vejamos como cada um pinta o futuro da humanidade terrestre.
O romance de Orwell foi escrito em 1947
e revisado em 1948, ano em que o comunismo stalinista estava no seu apogeu. Na
sua gigantografia do absolutismo estatal, ele inverte os dois últimos
algarismos do ano em curso, projetando a situação econômica, política e
religiosa para 36 anos à frente. De acordo com o seu pensamento, em 1984 o
mundo estaria dominado pelo Estado totalitário, em que o ser humano iria vagarosamente
perdendo a sua liberdade e a sua identidade, transformando-se numa larva
humana.
Aldous Huxley, em 1931, já havia
concluído o livro Admirável Mundo Novo, no qual destaca o
racionalismo científico e o produtivismo tecnológico, a sua gigantografia. Ele,
na sua maneira de interpretar a realidade futura, não combate o Estado como
fizera Orwell, mas destaca a sutileza do progresso econômico na perda da
liberdade do indivíduo. Comenta que o ser humano se deixou induzir pelas
facilidades econômicas, invertendo, inclusive, o sentido da vida: a religião, a
arte e os insights de criatividade são considerados pecados.
Felizmente, as profecias de Orwell não
se deram na data prevista, pois o comunismo russo foi dissolvido entre 1987 e
1991, através do processo histórico da perestroika, iniciado com Gorbatchev, em
1985, quando se tornou secretário-geral do Partido comunista soviético. O mesmo
não se pode dizer das profecias de Huxley, porque a sociedade caminha para essa
posição de alienação do ser humano. Os homens do poder utilizam todos os meios
para manipular os seus habitantes, embora não-violentos.
Diante desse quadro estarrecedor da
conduta humana, os pensamentos de Nietsche sobre o niilismo e a morte de Deus
fazem-nos refletir sobre a busca de um novo sentido da vida, que não seja
meramente material, mas que tenha, em primeiro lugar, a conotação espiritual. A
frase de Huxley: "Dê-me televisão e hambúrguer e não me venha com sermões
sobre liberdade e responsabilidade", deveria ser substituída por esta:
"Dê-me sabedoria e virtude e eu voarei até os céus".
Urge voltarmos à sabedoria dos antigos,
que nos descortinam um sentido mais acurado para a nossa vida. Eles nos chamam
a atenção para o aprendizado, a prática da virtude e a busca de uma moral
elevada.
Fonte de Consulta
REALE, GIOVANNI. O Saber dos
Antigos: Terapia para os Dias Atuais. Tradução de Silvana Cobucci Leite.
São Paulo: Loyla, 1999.
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