01 julho 2008

Fragmentação e Visão Holística

Na antiguidade clássica não havia separação entre sujeito, objeto e conhecimento. A filosofia abarcava a totalidade do saber. Essa postura perdurou até a Idade Média, quando então veio o iluminismo e a descoberta do método teórico-experimental. O conhecimento começou a se particularizar e surgiram as diversas ciências, ou seja, a física, a química, a biologia etc. Hoje, notamos que mesmo dentro de uma ciência há uma série de subdivisões para tratar mais pormenorizadamente cada aspecto da realidade. Com isso, criou-se o especialista, aquele que sabe quase tudo de quase nada.

Galileu Galilei (1564-1642), Francis Bacon (1561-1626), Isaac Newton (1642-1727) e René Descartes (1596-1650) são apontados como os mentores do pensamento moderno. Eles propuseram o método teórico-experimental, ou seja, o poder explicativo das ciências deveria ser feito com ênfase no racionalismo empírico e no controle da Natureza, expressando a nova cosmovisão do homem frente ao mundo. Daí o paradigma cartesiano-newtoniano, porque os modelos de explicação do mundo doravante se baseariam no uso da razão e no mecanismo da causa e efeito.

Max Planck (1858-1947), Albert Einstein (1879-1955) e Werner Heisenberg (1901-1976), com suas pesquisas sobre os fenômenos elétricos e magnéticos abalaram drasticamente o paradigma mecanicista cartesiano-newtoniano. Primeiramente, a descoberta dos quanta, em que a energia emitida por qualquer corpo só poderia se realizar de forma descontínua, através de múltiplos inteiros de uma quantidade mínima – o quantum de energia. Ao mesmo tempo, Werner Heisenberg introduz na Física o princípio da incerteza, uma lei científica que postula a impossibilidade de se saber, ao mesmo tempo e com absoluta precisão, a posição e a velocidade das partículas.

Em face do exposto, a Física moderna conceitua o mundo como um todo unificado e inseparável. Daí o paradigma holístico (de holo, todo), em que tudo se relaciona no Universo. Refletindo sobre especialização do conhecimento, Bérgson já se perguntava: "O que teria acontecido se a ciência moderna, em vez de partir das matemáticas para orientar-se em direção à mecânica, à astronomia, à física e à química, em vez de convergir todos os seus esforços no estudo da matéria, tivesse iniciado pelas considerações do espírito; se Kepler, Galileu e Newton, por exemplo, tivessem sido psicólogos".

Presentemente, preconiza-se a transdisciplinaridade. O que é? "É o reconhecimento da interdependência de todos os aspectos da realidade". Pode-se dizer que é a síntese dialética provocada pela interdisciplinaridade, quando esta for bem sucedida. De acordo com este novo paradigma, o homem deve estar inteiro naquilo que estiver fazendo. Não importa o tipo da atividade desenvolvida (manual ou intelectual). Em qualquer uma das duas, o homem deve se colocar por inteiro, pois está irradiando o seu "eu", a sua marca registrada, a sua personalidade e o seu caráter.

A vivência da realidade é função do estado de consciência. Saibamos, pois, edificar a nossa consciência na prática do bem e da verdade. Agindo assim, ampliaremos a nossa visão de mundo e poderemos ajudar mais efetivamente os nossos irmãos de jornada.

Fonte de Consulta

CREMA, Roberto. Introdução à Visão Holística: breve relato de viagem do velho ao novo paradigma. São Paulo: Summus, 1989.


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