Na antiguidade clássica não havia separação entre sujeito, objeto
e conhecimento. A filosofia abarcava a totalidade do saber. Essa postura
perdurou até a Idade Média, quando então veio o iluminismo e a descoberta do
método teórico-experimental. O conhecimento começou a se particularizar e
surgiram as diversas ciências, ou seja, a física, a química, a biologia etc.
Hoje, notamos que mesmo dentro de uma ciência há uma série de subdivisões para
tratar mais pormenorizadamente cada aspecto da realidade. Com isso, criou-se o
especialista, aquele que sabe quase tudo de quase nada.
Galileu Galilei (1564-1642), Francis Bacon (1561-1626), Isaac
Newton (1642-1727) e René Descartes (1596-1650) são apontados como os mentores
do pensamento moderno. Eles propuseram o método teórico-experimental, ou seja,
o poder explicativo das ciências deveria ser feito com ênfase no racionalismo
empírico e no controle da Natureza, expressando a nova cosmovisão do homem
frente ao mundo. Daí o paradigma cartesiano-newtoniano, porque os modelos de
explicação do mundo doravante se baseariam no uso da razão e no mecanismo da
causa e efeito.
Max Planck (1858-1947), Albert Einstein (1879-1955) e Werner
Heisenberg (1901-1976), com suas pesquisas sobre os fenômenos elétricos e
magnéticos abalaram drasticamente o paradigma mecanicista
cartesiano-newtoniano. Primeiramente, a descoberta dos quanta, em que a energia emitida por qualquer corpo só
poderia se realizar de forma descontínua, através de múltiplos inteiros de uma
quantidade mínima – o quantum de energia. Ao mesmo tempo, Werner Heisenberg introduz na
Física o princípio da incerteza, uma lei científica que postula a
impossibilidade de se saber, ao mesmo tempo e com absoluta precisão, a posição
e a velocidade das partículas.
Em face do exposto, a Física moderna conceitua o mundo como um todo unificado e inseparável. Daí o paradigma
holístico (de holo, todo), em que tudo se relaciona no Universo. Refletindo sobre
especialização do conhecimento, Bérgson já se perguntava: "O que teria
acontecido se a ciência moderna, em vez de partir das matemáticas para
orientar-se em direção à mecânica, à astronomia, à física e à química, em vez
de convergir todos os seus esforços no estudo da matéria, tivesse iniciado
pelas considerações do espírito; se Kepler, Galileu e Newton, por exemplo,
tivessem sido psicólogos".
Presentemente, preconiza-se a transdisciplinaridade. O que é?
"É o reconhecimento da interdependência de todos os aspectos da
realidade". Pode-se dizer que é a síntese dialética provocada pela interdisciplinaridade,
quando esta for bem sucedida. De acordo com este novo paradigma, o homem deve
estar inteiro naquilo que estiver fazendo. Não importa o tipo da
atividade desenvolvida (manual ou intelectual). Em qualquer uma das duas, o
homem deve se colocar por inteiro, pois está irradiando o seu "eu", a
sua marca registrada, a sua personalidade e o seu caráter.
A vivência da realidade é função do estado de consciência.
Saibamos, pois, edificar a nossa consciência na prática do bem e da verdade.
Agindo assim, ampliaremos a nossa visão de mundo e poderemos ajudar mais
efetivamente os nossos irmãos de jornada.
Fonte de Consulta
CREMA, Roberto. Introdução à Visão Holística: breve relato de viagem do velho ao novo paradigma. São Paulo: Summus, 1989.
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