O ser humano, especialmente na fase
infantil, está à procura do significado. De que maneira a filosofia pode
auxiliar nessa busca? Para Lipman, criador do programa de filosofia para as crianças,
"O que os filósofos e as crianças têm em comum é a capacidade de se
maravilhar com o mundo". Assim sendo, a busca desse significado deve
partir do exercício filosófico por excelência, ou seja, do assombro da criança
em relação ao conhecimento. Deve partir dela e não de algo imposto por outrem.
A filosofia deve oferecer à criança os
recursos necessários para o seu pensar. Esses recursos poderiam ser descritos
como a verdadeira educação para o pensar. A educação para o pensar inclui a
busca do conceito, o diálogo e a crítica reflexiva. As crianças devem ser
educadas a expressar – falar e escrever – as palavras pelo seu sentido próprio.
Embora tal comportamento cause transtornos e inquietações, ela não deve recuar
porque aí está todo o desenvolvimento de seu ser psíquico, físico, intelectual
e moral.
O professor ou professora de filosofia
para crianças tem uma grande tarefa: criar condições para que a criança aprenda
a se relacionar com o outro. Assim, deve aprender a emitir opiniões e a ouvir
as dos outros. Numa discussão, o outro também tem razão; por isso, não há
necessidade alguma de monopolizar uma reunião. A criança deve ser educada a
estar sempre pronta para aprender, venha o conhecimento de onde vier. A sua
leitura não deve ser passiva, mas que a ajude a construir o seu próprio
pensamento.
O que se poderia abordar num curso de
filosofia para as crianças? Tendo as crianças dispostas em círculos,
poder-se-ia lançar algumas perguntas: "O que é amizade? O que é ser
pessoa? O que é o real? O que é o medo? O que é a verdade? O que é a injustiça?
O que é cidadania? Como o poder é exercido? A morte é o fim de tudo? Sabemos
nos comunicar?" Para cada pergunta formulada, uma orientação ao debate, ao
diálogo saudável e instrutivo.
Algumas impressões das crianças,
extraídas de reuniões e de Congresso de Filosofia entre Crianças: "Através
do diálogo fica mais fácil mudar de atitude"; "Depois de uma
discussão eu me sinto mais gente"; "Pessoa gera pessoa quando há
respeito, boa comunicação, entendimento, compreensão amor e verdade";
"Como separar a pessoa do cidadão? É impossível, pois, um depende do
outro, seria como separar água nas suas substâncias formadoras e portanto não
seria mais água".
A coparticipação do pensamento é a
internalização do diálogo. Evitemos a fragmentação e a crescente especialização
do conhecimento. Esforcemo-nos para torná-lo crítico, criativo e cuidadoso.
Fonte de Consulta
MURARO, Darcísio N. Filosofia
para Crianças: Educação para o Pensar. In PIOVESAN, Américo et al.
(org.). Filosofia e Ensino em Debate. Rio Grande do Sul: Unijui,
2002. (Coleção Filosofia e Ensino, 2).
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