01 julho 2008

Um Curso de Filosofia

O objetivo central de um curso de filosofia deve ser a formação de espíritos críticos, que saibam pensar por si mesmos e não sejam apenas espectadores de frutas de vitrine. Pode haver ou não conexão de um assunto para o outro. Esforçando-nos por conectá-los, teremos condições de melhor compreender o raciocínio filosófico, isto porque, quando percebemos que um assunto puxa o outro, o nosso interesse aumenta, e juntamente com este, o aprendizado que se lhe segue.

Um curso de filosofia deve ser histórico ou temático? Tanto faz. Cada qual tem sua vantagem e desvantagem. O histórico tem a vantagem de ser menos dogmático e mais simples, pois seguindo o percurso das ideias de cada filósofo, vamos nos inteirando do progresso realizado pela filosofia; a desvantagem é perdermos a noção da parte. O temático tem a vantagem de ser restritivo; a desvantagem é a perda da noção de conjunto, que é base da filosofia.

Optando por uma linha histórica, poderíamos incluir as seguintes aulas: Pré-Socráticos: Físicos e Sofistas, Platão e as Ideias, o Realismo Aristotélico, a Filosofia Cristã, o Racionalismo Cartesiano, o Empirismo Inglês, o Criticismo Kantiano, o Positivismo de Comte, Hegel e a Dialética, o Materialismo Histórico, o Irracionalismo de Kierkegaard, Nietzsche: uma Crítica Radical, o Existencialismo de Sartre, a Filosofia Analítica, a Visão da Modernidade e a Filosofia no Brasil. Com isso formaríamos um linha de ascensão da filosofia desde os tempos antigos até os atuais.

Optando por uma linha temática, poderíamos incluir as seguintes aulas: Natureza do Universo, Lugar do homem no Universo, Que É o Bem e o Que É o Mal?, Natureza de Deus, Destino versus Livre-Arbítrio, a Alma e a Imortalidade, o Homem e o Estado, o Homem e a Educação, Espírito e Matéria, as Ideias e o Pensamento. Estes seriam os grandes problemas que todo homem, quer seja filósofo ou não, põe-se a meditar para encontrar uma solução que lhe satisfaça o seu phatos.

Optando tanto por um caminho quanto pelo outro, não podemos perder de vista o fim último da filosofia, que é o filosofar. Kant já nos dizia que ninguém ensina filosofia, quando muito podemos aprender a filosofar. Nesse sentido, convém aprendermos a analisar cada tema, dentro da sua profundidade intrínseca. Se escolhermos o método histórico, busquemos a vivência de cada filósofo, procurando aplicá-la nos dias de hoje; se escolhermos o método temático, reflitamos em cada tema no sentido de aplicá-lo como terapia para o niilismo que nos avassala.

A filosofia, como a verdade, não é monopólio de ninguém. É patrimônio comum das inteligências que se entrelaçam na busca do saber pelo saber.

Fonte de Consulta

FROST JR., S. E. Ensinamentos Básicos dos Grandes Filósofos. São Paulo, Cultrix, s/d/p

REZENDE, A. (Org.). Curso de Filosofia: para Professores e Alunos dos Cursos de Segundo Grau e de Graduação. 6. ed., Rio de Janeiro, Zahar, 1996.

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