Entre os lógicos, a lei de identidade
costumava ser expressa desse modo: A é A. Em
vista, porém, da ambiguidade que cerca essa cópula, a própria lei se torna
ambígua e tautológica. O melhor enunciado é o seguinte: A é A necessariamente,
mas só enquanto é A. em outras palavras, enquanto A é A,
não pode ser simultaneamente não A.
Juntamente com o princípio de
identidade, temos o princípio da contradição e o princípio
do terceiro excluído. Enunciado da contradição: impossível é
afirmar e negar o mesmo de algo sob o mesmo aspecto, e simultaneamente; ou
melhor: o que é não pode ser simultaneamente o que não é, porque é o que é.
Enunciado do terceiro excluído: A é B,
ou não é B. Neste caso seria falso que A é B como
também seria falso que A não é B, o que violaria o
princípio de contradição.
A dialética procura identificar a
verdade dos fatos. Parte das premissas do seu
interlocutor para demonstrar a sua própria tese. As teses opostas dos
interlocutores não podem ser, portanto, ambas verdadeiras e se eu puder por
outrem em contradição consigo próprio, obrigo a abandonar a sua tese. Por isso,
para aprender com êxito, são necessários a discussão e o diálogo socrático. O
homem que pensa somente por si parece-se ao caminhante no deserto, que depois
de muito andar volta ao ponto de partida, porque o corpo fê-lo andar em
circunferência, quando ele imaginava andar em linha reta.
O estigma é uma deterioração da
identidade. Não são poucas as pessoas
estigmatizadas por si mesmas ou por outrem. Além do mais, não é tarefa fácil
saber quem estigmatiza quem na sociedade. É o caso da menina que nasceu sem o
nariz. Por mais que ela queira se ajustar à sociedade, não consegue. Não
consegue porque ela leva consigo essa marca, ou porque as pessoas a tratam de
forma inconveniente? A questão racial está incluída no mesmo processo. Há,
também, a influência do marketing televisivo, que não nos deixa ver o fundo da
verdade.
Como, então, identificar a verdade de
um fato? A auto-aceitação e uma vida isenta de defesas fornecem-nos bom
material. Aceitando-nos tais quais somos, capacitamo-nos a olhar o mundo de
forma mais sensata e sem ilusão; estando sem defesas, não precisamos criar
imagens que nos estigmatizam perante os outros. Estas duas atitudes
conduzem-nos à humildade, o fundamento de todas as virtudes. Somente o
verdadeiro humilde consegue penetrar no fundo das verdades, porque é somente
ele que consegue renunciar à sua própria personalidade.
Tenhamos confiança na Divina
Providência. Saibamos sofrer as agruras de nosso destino, sem nos deixarmos
sufocar pelos voos débeis de nossa imaginação.
Fonte de Consulta
HEGENBERG, L. Dicionário de
Lógica. São Paulo, EPU, 1995
SANTOS, M. F. dos. Dicionário
de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed., São Paulo, Matese, 1965
THINES, G. e LEMPEREUR, A. Dicionário
Geral das Ciências Humanas. Lisboa, Edições Julho/1984.
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