27 junho 2008

Atividade Fecunda

A sociedade, de um modo geral, convida-nos ao individualismo e à personalização do nosso eu, principalmente com a oferta crescente de bens e serviços. É o aparelho de micro-ondas, o rádio, a Televisão, os jogos de computador e tantos outros. Como tudo parece normal, aprisionamo-nos, sem o percebemos, ao sistema econômico e financeiro vigentes. Estamos sempre atarefados, sem tempo para os familiares e os entes queridos. Contudo, pergunta-se: será que todas essas atividades são necessárias? Fecundas? Produtivas?

Platão, na antiguidade, desenvolveu o Mito da Caverna. Nesse mito, ele coloca os homens voltados para o fundo da caverna, de modo que só podiam ver as próprias sombras. Dentre tais homens ele aponta um, que se vira e vai ao encontro da luz. As sombras representam, no mito, as atividades superficiais da vida, mormente relacionadas ao progresso técnico e científico. Se o homem não conseguir olhar para além dos sentidos físicos, ele acaba se tornando materialista, sujeito a todos os desejos que tal atitude acarreta.

A verdadeira atividade consiste no trabalho fecundo do espírito. É uma volta constante para dentro de si mesmo, como fazia Sócrates na antiguidade. Para tais homens, desprovidos do interesse pessoal, a consideração humana e o prestigio são colocados em segundo plano. O objetivo maior é a busca da verdade, e para isso são capazes de todos os sacrifícios. Os que vivem na agitação do dia-a-dia, os que vivem nas sombras não são capazes de entender as ações de seres humanos voltados apenas para as coisas do espírito.

A vontade humana está sempre pronta para responder aos apelos dos sentidos. Nesse sentido, basta que sejamos resolutos e atendamos rapidamente a um estímulo externo e estaremos enquadrados no seio da sociedade. E a vontade divina? Como atendê-la a contento? A vontade divina independe de uma vontade férrea de nossa parte. Para concretizá-la, temos que nos fazer fracos e submissos ao Criador. Não adianta impormos a vontade humana; é preciso que saibamos captar a vontade de Deus, em primeiro lugar.

A atividade profunda encaminha-nos para a construção do Reino de Deus dentro de nós. Isso quer dizer que a felicidade e o bem-estar não estão no exterior, mas no âmago de cada ser. Por que buscar alhures? Se nos voltarmos totalmente para as coisas do espírito, vamos verificando a vaidade e a inutilidade de muitas ações que praticamos na sociedade. Procuremos, pois, adquirir o conhecimento superior e praticar as virtudes morais, porque nenhum ladrão conseguirá roubá-los de nós.

Não nos preocupemos com o dia de amanhã. "A cada dia basta o seu mal", diz o Senhor. Aproveitemos integralmente o dia de hoje e esperemos pacientemente o futuro, que virá seguramente.


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