O ser, ontologicamente considerado, é
um esporo, um embrião, uma semente, um sa-en, isto é, um ser em si,
que vai ao encontro do sol-en, o seu objetivo na vida. Nesse
sentido, a sociedade deveria fornecer os meios necessários para que cada ser
pudesse atualizar as potencialidades de sua essência. Se cada ser preocupar-se
intensivamente com a sua tendência inata, haverá um ganho para toda a
sociedade, pois aquele que tiver a tendência para construção será um pedreiro,
aquele que tiver tendência para a política será um político, aquele que tiver
tendência para medicina será um médico etc.
Na atualização das potencialidades do
ser surge a divergência entre fatalidade e livre-arbítrio. De acordo com Mário
Leal em seu livro Esporismo, "é sabido que 66% da Lei Natural
é fatalidade mas que há uma porcentagem de 33% de livre-arbítrio".
Nascemos, assim, num meio ambiente determinado: família, país, condições
sociais etc. Esta é a fatalidade; o livre-arbítrio consiste na liberdade de
escolha que podemos fazer dentro desta situação predeterminada. É, pois,
através do livre-arbítrio que cometemos erro em relação à Lei Natural, o qual
deverá ser acertado para que possamos evoluir no bem.
A questão econômica é também uma
preocupação do esporismo. De acordo com esta doutrina, as empresas só poderiam
crescer até um teto-limite. A partir daí, deveriam expandir através de novas
unidades, que seriam oferecidas a 3 ou 5 de seus empregados, interessados em
abrir negócio próprio. O estoque de riqueza não se concentraria somente nas
mãos dos capitalistas e socialistas, mas seria diluído no seio da sociedade de
forma mais justa e equitativa. Além disso, coibiria a brutal
exploração que os grandes detentores de renda exercem sobre a população das
nações mais pobres.
O sistema escolar, para o Esporismo,
deve ser tríplice: um curso de segundo grau técnico científico, outro segundo
grau de cultura humanística e um terceiro profissionalizante-prático, do
aprender fazendo. Em sendo assim, não há necessidade de todos cursarem uma
faculdade, pois se assim o fizerem não haverá mercado de trabalho para todos. O
correto é cada um seguir a sua tendência. Se nossa tendência inata é ser um
técnico, sejamo-lo cem por cento; se professor, também.
O ser humano, para ser verdadeiramente
feliz, deve atualizar a sua essência-potência. Caso a mascare conforme os
condicionamentos da sociedade, não conseguirá atender à totalidade de sua
vocação, que é a potencialidade latente. Nesse sentido, um pintor inato poderá
realizar-se como torneiro-mecânico, contudo estará desviado do seu caminho
natural. Não resta dúvida que contribuirá com a sociedade, mas não será um
esporo social que desabroche na plenitude do relacionamento do gregário humano.
Urge atualizarmos as nossas tendências
inatas. Somente assim construiremos uma sólida personalidade, alicerce seguro
para nossas ações no seio da sociedade.
Fonte de Consulta
LEAL, M. L. Esporismo: A Ordem
Natural Econômica e Social. Porto Alegre, Caravela, 1985.
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