O erro filosófico pode
ser atribuído ao afastamento dos métodos seguros, à elaboração de postulados
infundados e à colocação de dúvidas mal esboçadas. Não são poucos os filósofos
que, querendo alcançar fama, acabam confundindo as ideias dos que lhes ouvem. É
importante saber distinguir o falso do verdadeiro, o superficial do profundo. A
Filosofia não é invenção de um homem. Ela representa o arcabouço histórico de
todos os que, de uma forma ou de outra, contribuíram para positivar os
conhecimentos acerca do homem, da natureza e de Deus.
O conceito de conceito dado
por Descartes é um dos primeiros erros. Para Descartes o
conceito equivale à ideia, o que gerou uma série de confusões na
cabeça de muita gente. Partindo da cognição e da intencionalidade,
temos melhores condições de absorver a verdade do conceito. A cognição é
um ato imanente (consciente) do sujeito com relação ao objeto. A mente tende
para o objeto, ou seja, é intencional. A intencionalidade é algo de
que as coisas são feitas. Fugir ou obnubilar a intencionalidade é confundir, é
estar em erro.
O erro devido à intencionalidade é
reduzir tudo à matéria. Quando uma pessoa conhece ela capta o objeto, o qual
pode ser de ordem material ou formal. Sendo
material, temos a intuição sensível; sendo formal, temos a representação
mental. Há muitas coisas que não conseguimos ter um prova material, mas nem por
isso a prova intelectual (representação mental) deixa de ser verdadeira. Por
exemplo, o tempo não comporta uma prova material (ser apalpado), mas sim uma
prova formal. Quer dizer, não podemos pegar o tempo na mão, mas intui-lo
através do pensamento.
A abstração, que consiste
em tomar separadamente, pela mente, o que a coisa está junto com as outras é
também fonte de erro. A abstração é um modo de conhecimento imperfeito, mas nem
por isso falso. Um conhecimento pode ser menos perfeito ou mais perfeito, mas
não quer dizer que seja falso. Se atribuímos falsidade a toda e qualquer
abstração, então o nosso pensamento estará elaborando em erro. É preciso ficar
atento às relações entre a parte e o todo.
Captar ideias claras não é tão fácil
quando à primeira vista parece. Preferirmos nos deitar no berço vaidade, saindo
por aí pregando ideias novas, desconhecendo que essas ideias novas já foram
refutadas pelos filósofos de modo peremptório. Observe a ideia de Deus. A intencionalidade
de Deus é ser soberanamente bom, justo, todo poder, toda perfeição. Querer uma
prova material (figura de Deus) é desfigurar a intencionalidade que o conceito
já positivou.
Tenhamos a mente livre dos
preconceitos. Só assim poderemos captar inteiramente o objeto que se nos
apresenta.
Fonte de Consulta
SANTOS, M. F. dos. Origem dos
Grandes Erros Filosóficos — Erros Crítico-Ontológicos. São Paulo,
Matese, 1965.
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