A
origem do conceito de filosofia está na sua própria estrutura verbal, ou seja,
na junção das palavras gregas philos e sophia,
que significam "amor à sabedoria". Filósofo é, pois, o amante da
sabedoria. Mas o que é a sabedoria? É um termo que significa erudição,
saber, ciência, prudência, moderação, temperança, sensatez, enfim um grande
conhecimento.
Na
tradição mitológica, a sabedoria era um atributo dos deuses, que revelavam uma
verdade apodíctica, evidente, não suscitando nem interrogações, nem dúvidas. A
sabedoria era o dom de conhecer o desconhecido, o incompreensível e,
principalmente, de prever o futuro, o destino. Os deuses, na hierarquia
mitológica, renunciavam uma parcela de sua sabedoria em favor dos oráculos e de
outros eleitos.
Enquanto
a consciência do homem é dominada pela mitologia ele não interroga sobre o que
é a sabedoria. Foi preciso que surgisse a Filosofia e, com ela, o
questionamento do conhecimento aceito como evidente, a fim de que os mitos e as
adivinhações cedessem lugar ao pensamento reflexivo. A partir daí, o simples
"amor à sabedoria" vai ampliando-se com as contribuições dos vários
filósofos, até chegarmos à complexidade da atualidade.
Transformar
a opinião em conceito foi e será sempre o trabalho árduo dos amantes do saber. O
homem é um fabricador de mitos: a percepção dos fatos fá-lo arquitetar os seus
juízos de valor, sem muitas considerações. Mas se quisermos compreender com
alguma profundidade as coisas que nos cercam, devemos esforçar-nos por
descobrir as verdades que se escondem atrás do fato.
O
filósofo do século XX deve ter a coragem de penetrar no mundo dos conceitos,
tendo em mente que não existe uma definição absoluta da filosofia, mas
aproximações que cada filósofo na sua época consegue abarcar. Além disso, deve-se
levar em conta que a filosofia refere-se muito mais a uma vivência plena do que
às informações que se podem tirar dos livros.
Busquemos
as origens da sabedoria filosófica. Não nos deixemos, porém, ser tragados pelos
mitos e opiniões dos nossos companheiros de jornada.
Fonte
de Consulta
OÏZERMAN, T. Problemas da História da Filosofia. Lisboa, Livros Horizontes, 1978.
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