A maioria dos nossos hábitos e costumes
é fruto da cultura e da tradição. Os nossos avós absorveram esses hábitos de
seus progenitores e os comunicaram aos nossos pais; os nossos pais, por sua
vez, passaram esses costumes a nós; nós, aos nossos filhos; os nossos
filhos,... Se alguém, nessa cadeia, coloca em dúvida um desses conhecimentos,
respondemos que sempre funcionou assim. Sobre esse mister, há, na gíria
futebolista, uma frase célebre: "Time que está ganhando não se mexe".
Seguindo esse ritmo, o nosso pensamento se acomoda às coisas. O verdadeiro
conhecimento exige uma ruptura desse status quo.
A inovação tem, em primeiro lugar, um
caráter assustador. Teme-se perder o status, o emprego e a
comodidade. Por isso, toda ideia nova sofre resistência.
Em primeiro lugar, porque as pessoas, tão logo recebem a informação, não
conseguem — de chofre — absorver o alcance total da proposição. Em segundo
lugar, porque o medo acaba maculando o bom entendimento da nova proposta. As
pessoas ficam na defensiva e não conseguem ver o lado positivo da mudança.
Cristo, em uma de suas passagens
evangélicas, tratou desse problema, o da ideia nova. Ele disse que
não tinha vindo trazer paz à Terra, mas a espada, que veio para separar o
pai do filho, o filho da nora, e o homem da mulher. Interpretados ao pé da
letra, podemos concluir que esses ensinamentos não foram veiculados pelo
Mestre. Contudo, o que está por detrás dessas palavras é que a nova ideia,
ou seja, os preceitos de sua doutrina, não seriam aceitos sem luta, sem
contrariedade e sem discussões.
A mudança é uma proposição sempre
bem-vinda. Mas, na hora de a colocarmos em prática? As dificuldades aparecem.
Estar aberto ao novo não é tão fácil quanto poderíamos pensar. Quantas já não
foram as vezes que propusemos mudar a nossa conduta? E depois? Voltou tudo como
era. Dizemos: segunda-feira eu vou começar o meu regime; quando a segunda-feira
chega, transferimos o problema para terça-feira, depois para quarta e assim
sucessivamente, até chegarmos ao dia do são nunca.
A formação de hábitos salutares exige
fortaleza de ânimo. Os novos paradigmas não podem ser uma extensão do passado,
porque a continuidade dos costumes nada mais faz do que alimentar os
automatismos do cérebro velho. Há necessidade de se romper com a mente velha, inclusive
com os automatismos na prática do bem. O espírito tem que estar sempre livre,
solto para criar condições de agir criativamente. A repetição apenas acomoda a
nossa mente. A evolução do espírito exige movimento, reflexão.
Inovar é estar alerta para o que
estiver acontecendo aqui e agora. Observe o computador: ele facilita a vida de
muita gente. E quando ele começou a ser implantado? Não sofreu resistência das
pessoas e das empresas?
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