1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste estudo é exercitar o
pensamento, no sentido torná-lo mais racional e lógico. Para tanto, vamos
tratar da análise filosófica, da análise dos conceitos e dos exercícios
filosóficos.
2. CONCEITO
Analisar é decompor e discernir as diferentes partes de um
todo, mas também reconhecer as diferentes relações que elas mantêm, quer entre
si, quer com o todo. Pode-se dizer que é a quebra de um todo em seus
componentes e suas mútuas relações.
Análise Conceitual distingue sem desmantelar. Refere-se às
ideias.
Análise empírica consiste em separar os componentes de um todo
concreto.
3. HISTÓRICO
A lógica aristotélica dá-nos as
primeiras noções da análise, principalmente quando visava resolver qualquer
raciocínio nas figuras do silogismo. Na lógica do século XVII, a análise e a
síntese são postas como dois métodos de ensino: a análise vai do todo para as
partes; a síntese, das partes para o todo. A partir de Descartes, a análise e a
síntese deixaram de ser consideradas dois métodos de ensino e passaram a ser
dois processos diferentes de demonstração. A lógica de Port-Royal chamou a
análise de "método da invenção" e a síntese de "método de
composição" ou "método de doutrina".
Na filosofia moderna e contemporânea, a
tendência analítica, isto é, a tendência a reconhecer a análise como método de
investigação, disseminou-se e mostrou ser muito fértil, principalmente no empirismo.
Na filosofia de Bérgson, a análise tem como alvo a consciência, isto é, a
experiência interior, e tende a encontrar os dados últimos, isto é, imediatos,
de tal experiência. Na filosofia de Dewey, a análise está voltada para a
experiência humana em seu caráter total e tende a resolvê-la em operações
naturais. (Abbagnano, 1970)
4. ANALISE FILOSÓFICA
4.1. ANÁLISE E DEFINIÇÃO
A análise é análoga à definição. As
definições procuram explicitamente dar o sentido das palavras. As análises
procuram explicitamente dar as condições necessárias e suficientes para os
conceitos.
4.2. ANALYSANS E ANALYSANDUM
Toda a análise, assim como toda a
definição, consiste em duas partes, um analysandum e um analysans.
O analysandum é a noção que precisa ser explicada e
esclarecida devido ao fato de haver nela algo que não é compreendido. O analysans é
a parte da análise que explica e esclarece o analysandum, seja ao
decompô-lo em partes, seja ao especificar suas relações com outras noções.
Uma análise tenta especificar em
seu analysans as condições necessárias e suficientes para o
conceito expresso no analysandum. Condições necessárias são aquelas
que o analysans tem que conter a fim de evitar ser demasiado
fraco.
4.3. OS DEFEITOS DAS ANÁLISES
Uma análise pode ser defeituosa por
ser: 1) circular; 2) forte demais; 3) demasiadamente fraca.
Uma análise é circular se
seu analysandum, ou termo-chave, ocorre no analysans.
Por exemplo, se se tenta analisar "congelamento", é um erro propor
como analysans "algo que acontece com um líquido quando
ele congela".
Uma análise será demasiadamente forte se
for possível dar um exemplo da noção sob análise que não satisfaça todas as
condições especificadas no analysans; inversamente, será
demasiadamente fraca a análise em que seja possível descrever
alguma coisa que satisfaça todas as condições estabelecidas no analysans,
mas que não é um exemplo do analysandum. (Martinich, 2002)
4.4. OS RESULTADOS DA ANÁLISE
Demolição de problemas mal concebidos;
Reformulação clara de problemas mal
colocados;
Desvelamento de pressuposições;
Elucidação;
Erradicação de ideias preconcebidas.
5. ANÁLISE DE CONCEITOS
Analisar conceitos é mapear os usos
possíveis e efetivos das palavras e suas consequentes aplicações. Geralmente,
as perguntas sobre conceitos nos parecem estranhas porque não sabemos como responder
a elas.
5.1. UM PEQUENO INCÔMODO
Pensar com conceitos é um incômodo para
muitas pessoas que tem os seus pensamentos arrumadinhos. Depois de uma sessão
de discussão acerca de conceitos, elas falam: "tantas palavras para
nada"; "ninguém chegou à conclusão nenhuma". Esquecem-se de que
a conclusão deve ser feita no âmago do Espírito, por cada um de nós.
5.2. OS BENEFÍCIOS DE SE PENSAR COM
CONCEITOS
Um melhor uso das palavras e mais
clareza dos pensamentos. Buscando os vários significados de cada termo, teremos
condições de empregá-los corretamente, dando maior fluidez aos nossos
raciocínios. Quando uma pessoa diz: "Este é um bom livro",
podemos perguntar-lhe: O que você entende por um bom livro?
Queremos que ela explique o entendimento dela acerca de um bom livro e não
aquilo que está escrito no dicionário.
Haverá sempre algo novo a dizer sobre
um tema, pois a nossa mente corre atrás dos seus significados e, com isso,
vamos enriquecendo o nosso conhecimento acerca do assunto proposto. Sendo
aplicado nesse exercício, eliminamos também o erro crasso de nos acharmos o
dono da última palavra sobre o tema. A criatividade implica em ver sempre de
forma diferente o mesmo assunto. Desta forma, quando alguém quer mudar tudo,
não soube mudar a si mesmo a respeito do tema, pois há sempre uma forma atual
de abordá-lo.
5.3. DISTINGUINDO FATO, VALOR E
CONCEITO
O exercício de análise de conceitos
deve se basear na distinção entre fato, valor e conceito. O fato é
algo que se observa; pode-se quantificar. Por exemplo, O metal funde-se a x
graus centígrados. Temos que ir esquentando o metal e, paralelamente, anotando
os valores obtidos, a fim de chegarmos ao grau de ebulição do mesmo. O valor é
um juízo que fazemos acerca de um fato, no sentido de gostar ou não gostar, de
achar bom o ruim. O conceito é algo mais complexo. Temos que
colocar em palavras o que concebemos com a mente. Se nos perguntarem, por
exemplo, sobre o conceito de Deus, temos alguma dificuldade de dar uma
resposta. (Wilson, 2001)
6. EXERCÍCIOS FILOSÓFICOS
Um bom método para nos colocarmos de
frente para o conhecimento é nos propormos a fazer exercícios filosóficos. O
que são os exercícios filosóficos? É o rigor da análise filosófica. Dada uma
frase, temos que nos colocar em contradição para perceber o seu real sentido,
pois se a aceitarmos sem discussão não a colocamos dentro de nós, mas
simplesmente absorvemos como elemento externo.
6.1. OUSAR ENFRENTAR A COMPLEXIDADE
A análise filosófica é a exigência da
comunicação na liberdade, na clareza e na vontade de compreender. É tentar
enfrentar a complexidade das coisas e das pessoas. É desafiar as ideias para
que as tenhamos como posse. Ora, se o sentido permanece como fruto de vitrine,
vou continuar sendo expectador desta ou daquela significação. Não entro nela e
ela não entra em mim. Somente volvendo e revolvendo, esquadrinhando e
mastigando é que vamos dar às palavras o seu verdadeiro sentido.
6.2. PRECAUÇÕES A TOMAR
— Evitar unir num mesmo momento a
compreensão do que é dito e o juízo de valor que formamos do objeto. Isso gera
confusão e sentimento de que não há nada por dizer.
— Cercar por todos os lados possíveis
as evidências comuns, a fim de que a reflexão filosófica descubra verdadeiras
questões por trás das falsas certezas.
— Não se render à tentação de responder
à pergunta sem mesmo examinar sua forma e seus termos. Muitos se esquecem da
pergunta e começam a discorrer sobre as palavras que mais lhes chamam a
atenção.
— Muitos dão importância à resposta sem
uma análise da pergunta. Cercar a pergunta por todos os lados. Quando tomamos o
que é dito como simples pretexto para o nosso próprio discurso é preenchimento
e não filosofia.
6.3. PERGUNTAS CHAVES PARA O BOM
EXERCÍCIO FILOSÓFICO
Por que? Como? Em que medida? Em que
condições? Estejamos sempre atentos ao que nos for perguntado e oferecido como
pensamento para a análise. (Arondel-Hohaut, 2000)
7. CONCLUSÃO
O pensamento é a chave de toda a nossa
existência. Se tivermos o cuidado de adorná-lo e alicerçá-lo nas esferas
superiores do conhecimento, com certeza alcançaremos maior liberdade em nossas
ações diárias.
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ABBAGNANO, N. Dicionário de
Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.
ARONDEL-ROHAUT, Madeleine. Exercícios
Filosóficos. Tradução por Paulo Neves. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
MARTINICH, A. P. Ensaio
Filosófico: o que é, como se faz. Tradução Adail U. Sobra. São Paulo: Loyola,
2002.
WILSON, John. Pensar com
Conceitos. Tradução por Waldéa Barcellos. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
(Ferramentas)
Um comentário:
Gostei dos seus comentários sobre análise filosófica. Para um leigo como eu, abriu um pouco os horizontes, mas vou exercitar mais para me aprimorar no desenvolvimento dos meus textos. Um abraço
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