O Brasil, ao longo se sua história,
recebeu influência de diversas correntes filosóficas. O presente estudo está
concentrado em cinco: neotomismo, neokantismo, neohegelismo, marxismo e
positivismo de Comte.
O neotomismo é o
movimento filosófico que começa no século XIX como "um retorno à doutrina
de Tomás de Aquino" ou revalorização do aristotelismo de Tomás de Aquino.
No Brasil, o primeiro marco é a fundação da Faculdade de Filosofia S. Bento, em
São Paulo, pelos monges beneditinos, em 1908. Durante o período republicano
circunscreveu-se a reduzido número de intelectuais, por causa do desprestígio
da Igreja. Somente na década 20 do nosso século retomaria o "o surto tomista".
Dentre os propagadores dessa filosofia, citamos: Jacques Maritain, Leonardo Van
Acker, Alexandre Correia (1890), Maurício Teixeira Leite Penido (1845) e
Eduardo Prado de Mendonça.
O neokantismo é a
tendência de superar o pensamento positivista do século XIX retornando à
filosofia crítica de I. Kant. Miguel Reale aponta quatro momentos em que o
Kantismo penetrou no Brasil: a) o Kantismo às vésperas de nossa Independência
Política; b) Kant exerceu influência em São Paulo através do krausismo, ou
seja, além da repercussão filosófica tinha também um cunho político; c) Tobias
Barreto difundiu o conceito de Kantismo, na Escola de Recife; d) por último, em
nosso século a influência do neokantismo ocorre, sobretudo, no campo da
Filosofia do Direito, na teoria do conhecimento, na teoria da História e na
redução da Filosofia à uma mera teoria da ciência.
O neoidealismo ou neohegelianismo é
um movimento de reação contra o positivismo, baseado num idealismo
gnoseológico. Enquanto o neokantismo põe limite ao pensamento, o neoidealismo
amplia-o ao infinito. Luis Castagnola considera Renato Cirell Czerna, discípulo
de Miguel Reale, o cultor do idealismo no Brasil. Além de Renato Cirell, Romano
Galeffi, professor de Filosofia da Arte na Universidade Federal da Bahia, e
Otto Maria Carpeaux, austríaco exilado no Brasil, contribuíram para o
desenvolvimento das ideias hegelianas aqui em nossa terra.
O marxismo é a
doutrina dos filósofos alemães Marx e Engels, fundada no materialismo
dialético, na luta de classes e na relação capital trabalho. É impossível
acompanhar todas as traduções de obras de autores marxistas publicadas em nosso
país. De acordo com Antonio Paim, em seu livro História das Ideias
Filosóficas no Brasil, o marxismo jamais despertou, no Brasil, qualquer
movimento teórico de envergadura, nem depois da formação do partido político
que pretende encarná-lo. Entre os pensadores marxistas brasileiros, lembramos
de Caio Prado Jr. e Leôncio Basbaum.
O positivismo é o
conjunto de doutrinas de Auguste Comte caracterizado, sobretudo, pelo impulso
que deu ao desenvolvimento de uma orientação cientificista ao pensamento
filosófico. A influência do Positivismo no Brasil perdura até hoje,
principalmente na Religião e na Política. O regime político-militar instaurado
em 1964, em sua concepção geral, é de inspiração positivista. Durante o Império
e o início da República, o positivismo conseguiu uma expressão maior no Brasil
que na própria França. Constituiu-se em verdadeira Religião. Augusto chegou a
ser venerado pelos positivistas da mesma maneira como os católicos veneram
Jesus Cristo.
Como vemos, as ideias não têm pátria.
Pode nascer em um lugar, mas o seu desabrochar depende de tempo e
circunstância.
Fonte de Consulta
ZILLES, U. Grandes Tendências
na Filosofia do Século XX e sua Influência no Brasil. Caxias do Sul, EDUCS,
1987.
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