29 junho 2008

Em Busca do Mirandum

Durante um dia, podemos passar por diversos humores: tristeza e alegria, ódio e amor, silêncio e loquacidade. Em vista disso, surge o problema: como nos mantermos equilibrados? Nesse caso, recorramos aos religiosos. Eles sempre têm o que nos ensinar, o que nos consolar. A religião cristã, por exemplo, pede que tenhamos confiança no Divino Amigo, Jesus Cristo.

Baseando-nos em seus ensinamentos, podemos afirmar que quando tudo falha, Deus está aí para nos auxiliar. Faltam-nos recursos financeiros para a concretização dos nossos desejos? E, se os tivéssemos em abundância, será que estaríamos melhores do que estamos agora? E, se tivéssemos tudo o que pretendíamos no campo material, será que estaríamos bem espiritualmente? Será que não estaríamos deslocados do nosso eixo, do nosso centro? Talvez estivéssemos assoberbados de outros problemas, que nem temos condições de imaginar.

A nossa vida deveria estar mais voltada para o mirandum (mistério). Santo Tomás de Aquino disse que, para a concretização do bem comum, deve haver homens que se entreguem à "inútil" vida de contemplação. A razão é boa, mas pode falhar; a fé verdadeira, não. Esta é uma espécie de dom de Deus alojado no âmago de nossa alma. É por intermédio da fé que vislumbramos um futuro promissor para as nossas esperanças.

O que é melhor para o nosso progresso moral e espiritual? Saúde? Doença? Êxito? Fracasso? Não o sabemos. Se um desses problemas se aproximou de nós é porque temos condições de resolvê-lo. Muitas vezes, em nossa caminhada terrestre, somos colocados à frente dos outros. Isso não nos deve encher de orgulho nem de vaidade. Diz-nos o Evangelho que a riqueza e o poder são empréstimos concedidos por Deus para que possamos ajudar o progresso da Humanidade. Quer dizer, somos usufrutuários e não possuidores.

É por esta razão que o dirigente, principalmente o de organizações espirituais, precisa de muita paciência e perspicácia, porque está lidando com pessoas em busca de sua perfeição moral e espiritual. Os amigos espirituais orientam-nos para não destruirmos uma alma, portadora de pequenos defeitos, porque o trabalho cotidiano pode corrigi-los com mais eficiência.

Tenhamos em mente que a fraqueza humana, mesmo corrigida e retificada, é sem limite. Sem um socorro gratuito de Deus, não iríamos muito longe em nossa evolução espiritual. Por isso se diz: "O que é impossível aos homens, é possível a Deus". Há ocasiões que, estando à frente dos outros, temos de tomar decisões que interfiram no progresso espiritual dessa ou daquela alma. É preciso muita ponderação para que as nossas emoções não ultrapassem as nossas razões.

O mistério ronda a nossa vida. Saibamos vê-lo dentro de uma perspectiva otimista. E quando o enfrentarmos, sem medo ou preconceito, com certeza estaremos criando uma outra visão de mundo.


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